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Galípolo diz que BC não apresentou proposta para limitar parcelado sem juros em 12 vezes

Nesta terça, diretor de Política Monetária do BC disse que há ânimo no setor para que se chegue a um consenso

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São Paulo

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (17) que a autoridade monetária não apresentou uma proposta para limitar as compras parceladas sem juros, mas, sim, sugeriu um encaminhamento para o debate.

Nesta segunda-feira (16), o BC se reuniu com representantes de bancos, adquirentes, cartões e varejo para discutir a regra da lei do Desenrola, que limita a dívida do rotativo a 100% do valor original caso o próprio setor não chegue a outra fórmula para reduzir as altas taxas. Atualmente, os juros dessa modalidade estão em 445,7% ao ano.

O texto da lei não faz nenhuma menção às compras parceladas e não manda restringir as compras parceladas sem juros no cartão.

Gabriel Galípolo durante sabatina no Senado Federa - Gabriela Biló - 4.jul.23/Folhapress
Gabriel Galípolo durante sabatina no Senado Federa - Gabriela Biló - 4.jul.23/Folhapress - Folhapress

De acordo com os bancos, o parcelado sem juros aumenta a inadimplência e força a cobrança de altas taxas no rotativo, que é acionado automaticamente quando a fatura do cartão não é paga de forma integral. Os setores de maquininhas e o comércio, porém, refutam esse argumento, e não há estudos públicos independentes que mostrem relação de causa e efeito entre parcelamento sem juros e inadimplência.

Na reunião desta segunda, segundo participantes, em meio a uma ausência de propostas de solução, Roberto Campos Neto, presidente do BC, apresentou uma proposta para que as compras parceladas sem juros sejam feitas em, no máximo, 12 vezes.

"É importante esclarecer o que aconteceu ontem. Eu não acho que dá para dizer que o BC apresentou uma proposta. Não é a maneira adequada de se traduzir [a reunião]", disse Galípolo, em evento da agência de classificação de risco Moody's em São Paulo. O diretor do BC não falou com a imprensa sobre o assunto, mas respondeu a perguntas da plateia.

"O que existe é um ânimo comum para se construir algum tipo de consenso ao redor dessa questão. O que aconteceu foi uma tentativa de reunir o máximo possível desses atores em torno de uma mesa para pensar como é possível produzir uma solução para a questão que seja a mais benéfica possível para os atores envolvidos, em especial para a população brasileira e para a economia", disse o economista.

"Sabemos que o tema de cartão de crédito tem vários atores sentados à mesa. Os clientes, o varejo, os adquirentes, as bandeiras de cartão, os bancos emissores. E, todas às vezes que a gente mexe em algo relevante, há que se considerar perdas e ganhos", afirmou.

Segundo participantes da reunião, os representantes de diversas associações não chegaram a um acordo. O BC se comprometeu a apresentar projeções do possível impacto da limitação do parcelado sem juros em 7 de novembro.

Se os envolvidos na questão não entrarem em um acordo até o fim do ano, passa a vigorar a regra do Desenrola que limita a dívida do rotativo a 100% do valor original.

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