Galípolo diz que Banco Central monitora efeitos da guerra no dólar e no petróleo

Disparada de moeda americana e commodity pode impactar inflação brasileira enquanto autoridade busca reduzir Selic

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São Paulo

O Banco Central monitora os efeitos da guerra entre Israel e Hamas na cotação do dólar e nos preços do petróleo, disse o diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo, nesta terça-feira (17).

Em evento da agência de classificação de risco Moody's, em São Paulo, Galípolo afirmou que a autoridade aguarda os desdobramentos do conflito, que podem impactar a inflação brasileira e atrapalhar o ritmo de corte da taxa básica de juros, a Selic.

"[A guerra] acentua os dois pontos de atenção que mencionamos no último comunicado oficial do Copom [Comitê de Política Monetária], o preço do petróleo e o dólar", disse o economista. A disparada da moeda americana e da commodity é uma preocupação do BC.

Gabriel Galípolo em sua sabatina no Senado Federal, em julho de 2023
Gabriel Galípolo em sua sabatina no Senado Federal, em julho de 2023. Nesta terça (17), ele disse que o BC atento aos efeitos da guerra Israel-Hamas - Gabriela Biló - 04.jul.23/Folhapress

O Copom é o colegiado formado por diretores do BC responsáveis por estabelecer os juros básicos. Na última reunião, em 20 de setembro, houve corte de 0,5 ponto na Selic, a 12,75% ao ano.

Segundo Galípolo, o BC tem acompanhado o desenrolar do conflito para estimar seus impactos.

"O sentimento que existe hoje no mercado é de espera para entender o quanto esse é um conflito que vai permanecer local ou se vai ocorrer o engajamento de outros atores e ele vai se tornar mais global", disse, mencionando a expectativa de um envolvimento do Irã e dos Estados Unidos, dois dos maiores produtores de petróleo do mundo.

"Apesar de tudo o que aconteceu, o preço do Brent [referência no preço do óleo] se comportou melhor [do que o esperado]", disse Galípolo.

Ele disse que, hoje, a tarefa do BC é acompanhar os efeitos da guerra nos preços do dólar e do barril de petróleo, o que pode afetar a inflação brasileira, e os impactos do conflito no financiamento dos EUA, o que pode impactar o mercado de treasuries (títulos do Tesouro americano).

O economista lembrou a declaração da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, sobre a capacidade dos EUA de continuar emitindo dívida para financiar conflitos em entrevista à rede britânica de televisão Sky News, nesta segunda-feira (16).

Para angariar recursos para o Estado, os EUA podem emitir mais treasuries, o que aumentaria o juro desses investimentos, drenando recursos de ativos mais arriscados, como os mercados emergentes.

Nos últimos meses, a maior rentabilidade da renda fixa americana levou o dólar de volta para o patamar de R$ 5.

A expectativa do mercado é que o juro caia a 9% até o fim de 2024. Uma inflação mais alta do que o esperado pode mudar essa perspectiva.

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