Washington Post vai demitir 240 pessoas

Jornal tem enfrentado dificuldades para aumentar assinaturas nos últimos anos.

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Katie Robertson
Nova York | The New York Times

O Washington Post cortará cerca de 240 postos de trabalho em toda a organização, em tentativa de compensar dificuldades com assinaturas digitais e publicidade, de acordo com um e-mail enviado a todos os funcionários na terça-feira (10). A informação foi confirmada pelo jornal nesta quarta (11).

Patty Stonesifer, chefe-executiva interina, escreveu no e-mail aos funcionários do Post que a empresa espera alcançar os cortes por meio de acordos de demissão voluntária. Os membros da equipe receberão as propostas de rescisão nesta semana.

A empresa tem cerca de 2.600 funcionários no total, com mais de 1.000 na redação. A empresa se recusou a comentar quantos empregos na redação seriam eliminados.

Fachada da sede do jornal Washington Post, na capital federal dos EUA Washington. Prédio tem acabamento em mármore e portas rotatórias.
Fachada da sede do jornal Washington Post, na capital federal dos EUA Washington - Eric Baradat/AFP

"Nossas projeções anteriores para tráfego, assinaturas e crescimento da publicidade nos últimos dois anos —e até 2024— foram excessivamente otimistas", escreveu Stonesifer no e-mail. Ela acrescentou: "A necessidade urgente de investir em nossas principais metas de crescimento nos levou à difícil conclusão de que precisamos ajustar nossa estrutura de custos agora".

A medida é a mais recente indicação das dificuldades comerciais do Post. A empresa, de propriedade do fundador da Amazon, Jeff Bezos, caminha para perder cerca de US$ 100 milhões (cerca de R$ 505 milhões) este— ano.

O número de assinaturas no Post diminuiu nos últimos anos —agora tem cerca de 2,5 milhões de assinantes, abaixo do pico de 3 milhões no final de 2020. O jornal também enfrentou dificuldades diante de uma queda geral na publicidade digital.

Bezos, que pagou US$ 250 milhões pelo jornal em 2013, já disse anteriormente desejar que a publicação seja lucrativa.

Alguns dos problemas do Post foram atribuídos a Fred Ryan, chefe-executivo e editor de longa data, que anunciou sua renúncia em junho. Ryan, ex-assessor de Reagan e executivo do Politico que se juntou ao Post em 2014, supervisionou um crescimento abundante na empresa durante os primeiros cinco anos de seu mandato. A redação dobrou de tamanho e as assinaturas dispararam.

Entretanto, o Post, assim como outras organizações de notícias, viu uma queda no número de assinantes após a saída do ex-presidente Donald Trump do cargo. Ryan foi criticado pelo que alguns na empresa viram como uma cultura empresarial estagnada e frequentemente entrou em conflito com líderes da redação. Ele também presidiu uma saída de talentos nos últimos dois anos, incluindo executivos de alto nível e jornalistas de destaque.

Stonesifer, amiga de longa data de Bezos, concordou em assumir como líder interina após a saída de Ryan este ano. Ela disse em seu e-mail que trabalhou com a equipe de liderança sênior nos últimos dois meses para revisar os resultados comerciais e financeiros da empresa, levando à decisão de oferecer rescisões "na esperança de evitar decisões mais difíceis, como demissões".

Ela disse que os funcionários serão notificados nesta semana se são elegíveis para um pacote e são livres para recusar a oferta.

O Post está procurando um chefe-executivo e editor-chefe permanente. A busca foi reduzida a cinco candidatos finais, de acordo com uma pessoa com conhecimento da situação, que pediu para não ser identificada.

Os líderes do sindicato do Washington Post criticaram a empresa em um comunicado na terça-feira.

"Funcionários dedicados do Post perderão seus empregos por causa de uma série de decisões comerciais ruins no topo de nossa empresa", dizia o comunicado. "Não conseguimos compreender como o Post, de propriedade de uma das pessoas mais ricas do mundo, decidiu impor as consequências de seu plano de negócios incoerente e expansão irresponsavelmente rápida às pessoas trabalhadoras que fazem esta empresa funcionar".

Em janeiro, o Post demitiu 20 jornalistas e congelou a contratação de 30 vagas abertas. Ele encerrou sua vertical de jogos online, Launcher, bem como o KidsPost, sua seção para crianças. Várias outras empresas de mídia demitiram pelo menos 7% de sua equipe este ano, incluindo o Los Angeles Times, Vox Media e NPR.

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