Publisher do jornal Washington Post deixa cargo após 10 anos

O americano Fred Ryan, 68, anunciou nesta segunda (12) a renúncia à função de publisher do Washington Post, um dos jornais mais importantes dos EUA. A decisão foi tomada num momento em que a publicação tem lutado contra o declínio da receita publicitária e o crescimento estagnado de assinaturas online.

Nomeado por Jeff Bezos, atual proprietário do Washington Post e fundador da Amazon, Ryan ocupava o cargo de publisher havia quase dez anos. Em nota divulgada à equipe, ele diz que seu próximo trabalho será liderar o Centro de Civilidade Pública, projeto recém-lançado da Fundação e Instituto Presidencial Ronald Reagan com a proposta de discutir o extremismo e a polarização nos EUA.

"Hoje, o declínio da civilidade tornou-se uma força tóxica e corrosiva que ameaça nossas interações sociais e enfraquece os alicerces da democracia", disse Ryan, que ainda permanecerá na função de editor no Washington Post pelos próximos dois meses. "Sinto um forte senso de urgência sobre esse assunto."

No comunicado, Ryan agradece à equipe do Post e diz que, juntos, eles realizaram uma das "transformações mais extraordinárias da história da mídia moderna". Segundo ele, a publicação evoluiu de um jornal impresso majoritariamente local para um produto digital com influência global.

Já Bezos agradeceu Ryan por liderar a publicação num período de "inovação, excelência jornalística e crescimento". Ele anunciou que Patty Stonesifer, presidente-executiva da Fundação Gates e diretora do conselho da Amazon, foi nomeada CEO interina do Post. Ela vai liderar a busca pelo substituto de Ryan.

Nos últimos meses, o jornal teve um êxodo de talentos, incluindo seus diretores de informações, produtos e comunicações. Vários de seus principais jornalistas também saíram para trabalhar em concorrentes.

Segundo o jornal The New York Times, o Washington Post esteve prestes a terminar 2022 no vermelho após anos de lucro. A publicação tem lutado para expandir seu negócio de assinaturas, com menos assinantes pagantes no ano passado do que os 3 milhões que tinha em 2020, ano de eleição presidencial.

Ryan nega que sua saída tenha relação com as questões financeiras. "Existe um modelo sólido para o jornalismo de sucesso, e o Washington Post está bem posicionado para fazer isso", afirmou. "Não tenho dúvidas de que o jornalismo de alta qualidade do padrão do Washington Post sempre terá sucesso."

A compra do Washington Post por Bezos, em 2013, é considerada um divisor de águas para a empresa, encerrando 80 anos de administração da família Graham. Uma das primeiras medidas do executivo foi contratar Ryan, a quem ele encarregou de expandir o alcance da publicação.