Zema diz que governo federal tem má vontade com Minas Gerais

Declaração foi dada a empresários ao falar sobre reformatação de acordo sobre a tragédia de Mariana

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Belo Horizonte

O governador Romeu Zema (Novo) afirmou que o governo federal tem "má vontade muito grande" com Minas Gerais e disse que, para o estado, em relação à União, "tudo é mais difícil ou impossível".

A declaração foi dada na manhã desta terça-feira (31) durante encontro realizado pela Abdib (Associação Brasileira da Indústria de Base), que reuniu empresários na capital mineira.

Romeu Zema, governador de Minas Gerais, discursa durante evento da Lide, em São Paulo
Romeu Zema diz que governo federal não trata bem Minas Gerais - Rubens Cavallari - 25.set.2023 / Folhapress

A fala do governador ocorreu durante comentário sobre negociação dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e o governo federal para mudanças no acordo sobre o rompimento da barragem da Samarco, joint-venture da Vale e da BHP Billiton, em Mariana, tragédia que no próximo domingo (5) completa oito anos.

"O que está havendo no governo federal hoje é uma má vontade enorme. Parece que tudo que é para Minas Gerais tem uma restrição. Tudo o que é para cá é mais difícil ou impossível. Mas, de um jeito ou de outro, vai sair [o acordo]", afirmou.

O governo federal, por nota, rebateu o governador e disse realizar gestão pautada na recuperação das relações federativas com estados e municípios, deterioradas nos últimos anos, conforme o comunicado.

"Não há qualquer tipo de discriminação em razão dos partidos políticos dos governos locais", afirmou o governo Lula, na nota.

Sobre Mariana, o Palácio do Planalto apontou que, no momento, não há consenso entre as partes. "Diferentemente do que disse o governador de Minas Gerais, não há má vontade do governo federal na busca de uma solução para o caso."

"Neste momento, ainda não há consenso entre as partes quanto às medidas da repactuação e a destinação que deve ser dada aos recursos que serão recebidos a título compensatório", disse o Palácio do Planalto.

O comunicado apontou ainda que o governo federal é contra a utilização de recursos de um possível acerto fora da bacia do rio Doce, e que trabalha por solução que respeite as partes e assegure a recuperação do meio ambiente.

"Por essa razão, a União discorda de qualquer perspectiva de pactuação que possibilite a aplicação dos recursos que forem recebidos fora da bacia do rio Doce", apontou o governo federal, na nota.

Zema criticou a estrutura montada depois da tragédia para mitigação dos impactos da tragédia, que matou 19 pessoas e provocou um dos maiores desastres ambientais do país.

A lama que desceu da barragem atingiu o rio Doce e chegou à sua foz, no Espírito Santo, afetando também o litoral do estado.

"Criaram uma estrutura que remunera consultorias que cobram milhões e pouco entregam. Os atingidos, os prefeitos, não receberam quase nada daquela tragédia. Então nós queremos reformatar", afirmou.

A reparação da tragédia está a cargo da Fundação Renova, conforme acordo entre a União, os estados e as mineradoras, que comandam a entidade.

Também por nota, a Renova afirmou que até agosto de 2023 foram destinados R$ 32,6 bilhões a ações de reparação e compensação pela tragédia.

Do total, conforme a fundação, R$ 13,1 bilhões foram para o pagamento de indenizações e R$ 2,5 bilhões, para auxílios financeiros emergenciais a 431,2 mil pessoas.

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