Bolsa garante dia de alta, mas perde força com pressão de Vale e receios fiscal

Dólar ronda a estabilidade enquanto investidores repercutem ata do Fed

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São Paulo

A Bolsa brasileira garantiu uma sessão positiva nesta quarta-feira (22), fechando em alta de 0,33%, aos 126.035 pontos, com alívio nas curvas de juros futuros locais.

Os ganhos, porém, foram limitados por uma forte queda das ações da Vale, a maior empresa da Bolsa. O Ibovespa chegou a atingir 126.875 na máxima do dia, mas perdeu força durante a tarde, quando os papéis da mineradora, que haviam começado o dia em alta firma, passaram a cair.

O movimento foi visto como uma realização de lucros, ou seja, quando investidores vendem papéis que subiram rapidamente para efetivar os ganhos. A Vale registrou altas significativas nos últimos pregões.

A Petrobras, outra empresa de peso do Ibovespa, também registrou um dia negativo e pesa sobre o índice, em dia de forte queda do petróleo. A petroleira terminou a sessão em queda de 0,17%.

A maior queda do dia, no entanto, foi da Cemig, que recuou 9,71% após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ter afirmado que discutiu com o governador Romeu Zema uma proposta que inclui a federalização de ativos como Copasa, Cemig e Codemig como forma de pagamento da dívida de cerca de R$ 160 bilhões de MG.

Além disso, os receios fiscais seguem no radar de investidores após o governo divulgar que piorou suas projeções para as contas públicas do país em 2023. Agora, o Executivo projeta R$ 177,4 bilhões de déficit primário, equivalente a 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto), ante R$ 141,4 bilhões previstos anteriormente.

"Este e outros desenvolvimentos e declarações recentes relacionados com a meta fiscal para 2024 sugerem que a administração tem pouca inclinação para conter a despesa, muito menos cortá-la", afirmou o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

Os títulos americanos, os chamados "treasuries", que começaram o dia caindo e passaram a subir, também fizeram pressão no Ibovespa ao longo do dia.

Na ponta positiva, setores como varejo, construção e bancos, mais sensíveis às curvas de juros futuros, registraram altas.

No câmbio, o dólar terminou o dia praticamente estável, cotado a R$ 4,900, com investidores ainda repercutindo a divulgação da última ata do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Notas de dólar - Dado Ruvic - 17-Jul-2022/Reuters

O comportamento do mercado doméstico estava em linha com a leve oscilação do dólar no exterior, onde seu índice contra uma cesta de pares fortes subia 0,12%, sem se afastar muito de uma mínima em dois meses e meio atingida na véspera.

O dólar tem mostrado fraqueza recentemente, o que participantes do mercado têm atribuído ao arrefecimento dos rendimentos dos treasuries, depois que os títulos do governo dos EUA com prazo em dez anos caíram ante máximas em vários anos acima de 5%.

"Esse cenário, dado que a gente tem uma taxa americana livre de risco, mas remunerando menos o capital, gerou uma saída da moeda americana do mercado americano, ou seja, um fluxo de venda expressivo que acaba deteriorando o valor do dólar", disse Bernard Faust, sócio da One Investimentos.

A queda dos treasuries acelerou depois que dados recentes dos Estados Unidos mostraram sinais de perda de ímpeto econômico e arrefecimento da inflação, o que fez com que operadores abandonassem a possibilidade de mais altas de juros pelo Fed e passassem a adiantar suas apostas para cortes de taxa no ano que vem.

A ata do último encontro do Fed, embora tenha mostrado tom ainda bastante cauteloso por parte das autoridades de política monetária, não teve grande impacto nas expectativas do mercado sobre os juros. O documento, divulgado na véspera, mostrou que os membros do Fed concordaram que só precisarão aumentar os juros novamente "se" as informações recebidas mostrarem progresso insuficiente na redução da inflação.

Com Reuters

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