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Google concorda em pagar R$ 360 milhões por ano por notícias no Canadá

Acordo põe fim em impasse com o governo que levou a big tech a ameaçar bloquear de seus serviços links para matérias

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Richard Waters
San Diego | Financial Times

O Google concordou em pagar 100 milhões de dólares canadenses (US$ 73,55 milhões, R$ 360 milhões) por ano para um fundo de apoio a organizações de notícias no Canadá como parte de um acordo com o governo, encerrando uma disputa que levou a empresa a ameaçar retirar de seus serviços links para notícias.

O acordo põe fim a um impasse de seis meses após a aprovação de uma lei de remuneração de notícias online projetada para direcionar parte do dinheiro que o Google e a Meta, controladora do Facebook e do Instagram, ganham com publicidade online para fortalecer as finanças das organizações de notícias.

A disputa se transformou no maior conflito entre as big techs e um governo nacional em relação a subsídios para notícias desde que a Austrália se tornou o primeiro país a aprovar uma lei sobre o assunto, em 2021.

Logo do Google
Logo do Google - Andrew Kelly - 17.nov.2021/Reuters

A Meta suspendeu links para notícias no Canadá no início deste ano em protesto contra a lei, e o Google ameaçou fazer o mesmo quando a lei entrar em vigor, em meados de dezembro, a menos que o governo amenizasse o impacto da legislação.

A gigante das buscas resistiu a ser obrigada a pagar por links de notícias em seus serviços, temendo que isso estabelecesse um precedente que poderia ser aplicado a outros tipos de conteúdo.

As gigantes da internet sempre afirmaram que não prejudicam as empresas de notícias, mas fornecem tráfego valioso para seus sites, com o Google afirmando que seus links geram 250 milhões de dólares canadenses (R$ 900 milhões) por ano para os publishers canadenses.

No entanto, a Lei de Notícias Online do Canadá tinha como objetivo explícito levar o que chamava de "maior justiça" ao pagamento por notícias online, após o mercado de publicidade online ser dominado pelo Google e pela Meta.

O Google também contestou que a lei canadense o deixaria com passivos financeiros indefinidos, uma vez que seria obrigado a negociar com cada empresa individualmente e enfrentaria um processo de arbitragem que a big tech acreditava pender contra ela.

Em um compromisso anunciado nesta quarta-feira (29), Pascale St-Onge, ministra do Patrimônio Canadense, disse que o acordo "beneficiaria o setor de notícias e permitiria que o Google continuasse desempenhando um papel importante ao fornecer aos canadenses acesso a conteúdo confiável de notícias".

Os pagamentos do Google devem ser feitos para um fundo coletivo, acrescentou ela, encerrando a necessidade de negociar com cada editor separadamente.

Autoridades canadenses estimaram no início deste ano que a lei exigiria que o Google pagasse 172 milhões de dólares canadenses às empresas de mídia.

Não estava claro nesta quarta-feira se os regulamentos finais da lei, que devem ser divulgados antes de ela entrar em vigor, em 19 de dezembro, ainda implicariam que o Google pagasse por oferecer links —algo com que a empresa discordou veementemente.

A Meta indicou que o acordo com o Google não faria diferença em sua decisão de bloquear links de notícias no Canadá.

"Ao contrário dos mecanismos de busca, não buscamos proativamente notícias na internet para colocar em nossos feeds de usuários e sempre deixamos claro que a única maneira de cumprir razoavelmente a Lei de Notícias Online é encerrar a disponibilidade de notícias para as pessoas no Canadá", disse.

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