Em valores reais, Bolsa ainda está longe do pico histórico

Levantamento da Economatica mostra que, embora o Ibovespa esteja próximo das máximas, desempenho está abaixo da inflação

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São Paulo

Apesar do otimismo do mercado, que tem levado analistas a enxergarem o Ibovespa rompendo sua máxima de 130.776 pontos, atingida em 7 de junho de 2021, os efeitos da inflação sobre os rendimentos dos investidores colocam a Bolsa de Valores de São Paulo longe de seu pico histórico.

Um estudo da Economatica, obtido com exclusividade pela Folha, compara a evolução em pontos do principal índice da Bolsa brasileira ao longo dos anos em valores nominais e reais, ou seja, corrigidos pela inflação atual.

Vista do painel do Ibovespa na sede da B3, operadora da Bolsa de Valores de São Paulo.
Vista do painel do Ibovespa na sede da B3, operadora da Bolsa de Valores de São Paulo. - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

O levantamento mostra que, nominalmente, o Ibovespa está próximo de sua máxima histórica. Nesta quarta-feira (13), o índice subiu 2,42% e renovou seu maior patamar em mais de dois anos, atingindo os 129.465 pontos.

Mas ao corrigir o desempenho da Bolsa em anos anteriores pelos patamares atuais de inflação medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e pelo IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), o índice está longe do recorde.

Nesse cenário, o pico do Ibovespa passa a ser de 177.098 pontos, quando corrigido pelo IPCA atual, e de 212.305 pontos quando corrigido pelo IGP-M, ambos atingidos em maio de 2008, antes da crise financeira do subprime.

Segundo o analista Carlos André Vieira, do TC Matrix, nesse período, houve um "boom" de preços de commodities no país, o que favoreceu os papéis de exportadoras de matérias-primas, como petróleo, minério de ferro e produtos agrícolas, que têm forte peso na Bolsa brasileira

Com isso, houve muita entrada de capital estrangeiro no país, o que, corrigindo para os valores atuais, levou ao pico histórico do Ibovespa.

"Quando olhamos para os dados nominais do Ibovespa, ou seja, o valor do índice sem ajustes pela inflação ou outros fatores que mudam o poder de compra com o tempo, vemos que estamos próximos das máximas históricas", diz o relatório da Economatica sobre o estudo.

Mas Vieira pondera que, "embora o índice mostre crescimento ao longo dos anos, ele não apresentou crescimento real —acima da inflação".

"Boa parte do aumento nominal no valor do índice se deve ao desempenho de poucos e específicos ativos, sendo que muitas das empresas listadas no Ibovespa apresentaram desempenho ruim desde 2021".

O Ibovespa é um índice que reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais do país, e por isso é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, empresa operadora da Bolsa brasileira.

Vieira chama atenção para o fato de que, com a correção do índice, é possível notar de uma forma mais intensa a queda da Bolsa brasileira entre os anos críticos para a economia brasileira de 2010 a 2016. Esse período foi precedido por um novo salto na Bolsa, provocado pelo otimismo pós-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Em termos nominais, o pico de junho de 2021 do Ibovespa seguiu um movimento global de recuperação nos mercados, que foi impulsionado pela injeção maciça de liquidez nos mercados.

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