Descrição de chapéu Folhainvest Selic juros

Mesmo com queda da Selic, taxas de crédito ao consumidor seguem altas

Redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros tem efeito muito pequeno nas operações de crédito, diz Anefac

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São Paulo

No curto prazo, o consumidor brasileiro praticamente não vai sentir diferença na tomada de crédito com a decisão desta quarta-feira (13) do Copom (Comitê de Política Monetária), que reduziu em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, para 11,75% ao ano.

Segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional de Executivos), essa redução terá efeito pequeno no custo de financiamentos, empréstimos, cheque especial e cartão de crédito.

"Esse fato ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac.

Juros do rotativo do cartão de crédito estão em 424% ao ano, segundo a Anefac
Juros do rotativo do cartão de crédito estão em 424% ao ano, segundo a Anefac - Shutterstock

Atualmente, as taxas para pessoas físicas atingem na média 122,04% ao ano, provocando uma variação de quase 900% entre os juros cobrados ao consumidor e a Selic. Com o corte desta quarta, a taxa média com operações de crédito aos consumidores passará a 121,05%, queda de 0,82%, segundo a associação.

A Anefac fez simulações sobre o efeito no curto prazo deste último corte da Selic no dia a dia do consumidor. No rotativo do cartão de crédito, por exemplo, a taxa mensal passou de 14,81% para 14,77%.

Com isso, uma pessoa que utilizar R$ 3.000 no rotativo por 30 dias pagará de juros R$ 443,10, enquanto que, com a Selic anterior, esse valor era de R$ 444,30 —redução de R$ 1,20.

Já o consumidor que utilizar R$ 1.000 no cheque especial por 20 dias, antes pagaria R$ 53,07 de juros, mas agora vai desembolsar R$ 52,80, diminuição de apenas R$ 0,27.

Essa modalidade de crédito tinha uma taxa mensal de 7,96% com a Selic a 12,25% ao ano, mas com o corte dos juros básicos passou a ser de 7,92%.

No caso dos empréstimos pessoais oferecidos por bancos, a taxa mensal média passou de 3,96% para 3,92% com o último corte da Selic. Com isso, quem tomar R$ 5.000 de crédito em 12 vezes, por exemplo, vai pagar uma parcela mensal de R$ 530,29, e o total a ser devolvido para o banco fica em R$ 6.363,49.

Antes, a parcela mensal era de R$ 531,53 e o total pago era R$ 6.378,30. Ou seja, reduções de R$ 1,23 e R$ 14,81, respectivamente.

No caso de empréstimos pessoais nas financeiras, que cobram taxas maiores, os juros mensais passaram de 7,08% para 7,04%. Em um financiamento no valor de R$ 3.000, o consumidor pagará mensalmente R$ 378,51, com um valor total devolvido de R$ 4.542,14.

Antes, esses valores eram, respectivamente, de R$ 379,32 e R$ 4.551,82 —redução de R$ 0,81 na parcela e de R$ 9,68 no total.

Com relação aos juros do comércio, a queda na taxa mensal foi de 0,4 ponto percentual, passando de 5,39% para 5,35%. Portanto, no caso da compra de uma geladeira no valor de R$ 1.500, financiada em 12 vezes, a parcela mensal será de R$ 172,60, e o total desembolsado, de R$ 2.071,14.

Antes os valores eram de R$ 172,98 e R$ 2.075,77, respectivamente, com queda de R$ 0,39 nas parcelas e de R$ 4,63 no valor total.

A Anefac também simulou o financiamento de um automóvel com a nova Selic.

Na compra de um carro de R$ 40 mil, parcelado em 60 meses, as parcelas ficarão em R$ 1.150,72 e o total pago em R$ 69.043,12. Antes, esses valores eram de R$ 1.161,89 e R$ 69.713,40, o que representa redução de somente R$ 11,17 nas parcelas e de R$ 670,28 no preço final.

Embora a queda de custos nas operações de crédito seja pequena de uma decisão para a outra do Copom, considerando um período mais longo o consumidor sentirá um alívio maior.

Só para se ter uma noção, quando a Selic estava em 2% ao ano, em janeiro de 2021, na média, operações com crédito custavam 92,59% ao ano, segundo a associação. Em setembro de 2023, quando os juros básicos estavam em 12,75%, essa porcentagem passou a ser de 123,71%, um aumento de 33,61%.

O BC começou a subir os juros em março de 2021 e o ciclo de alta se estendeu até agosto de 2022.

Após meses de manutenção da taxa Selic, a autoridade monetária começou o ciclo de baixa em agosto deste ano, sendo este o quarto corte seguido de 0,5 ponto percentual, em linha com as expectativas do mercado e da Anefac.

O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito publicamente que cortes de 0,5 ponto porcentual na Selic estão em um ritmo apropriado para as próximas reuniões do Copom.

Especialistas do Procon-SP recomendam que, antes da contratação de qualquer empréstimo, o consumidor pesquise as taxas ofertadas pelos bancos a que tiver acesso, sempre considerando as mesmas condições contratuais para possibilitar a comparação.

O consignado tem as menores taxas do mercado, porque está vinculado ao salário ou à aposentadoria, o que dá à instituição financeira garantia de que o dinheiro emprestado será devolvido.

Colaborou Ana Paula Branco

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