Descrição de chapéu The New York Times

Quem são as chaebol, famílias que controlam há décadas a economia da Coreia do Sul

Samsung, LG e Hyundai são algumas das empresas cujos donos tem sido os mesmos por gerações

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Victoria Kim Daisuke Wakabayashi
Seul | The New York Times

Por décadas, a economia da Coreia do Sul tem sido dominada por um punhado de conglomerados familiares que possuem riqueza e influência desproporcionais e estão presentes em quase todos os aspectos da vida no país.

Devido ao seu peso político, as chaebol, como essas famílias são conhecidas, têm sido há muito tempo um assunto de imenso interesse público. Os casamentos, mortes, desentendimentos e problemas legais dessas famílias são registrados na imprensa sul-coreana. Famílias chaebol fictícias são retratadas em dramas coreanos.

A família Lee da Samsung, os Koos da LG, os Cheys da SK, os Shins da Lotte e os Chungs da Hyundai são nomes conhecidos que têm mantido firmemente as rédeas das empresas que são alguns dos maiores empregadores do setor privado do país.

Seu poder tem sido cada vez mais examinado —tanto dentro quanto fora da Coreia do Sul— como uma vulnerabilidade econômica, aprofundando desigualdades e fomentando a corrupção.

O presidente da Samsung Electronics, Lee Jae-yong (centro); grandes conglomerados da Coreia do Sul, como LG e Hyundai, são controlados há décadas pelas mesmas famílias - Jung Yeon-je - 27.out.2022/AFP

As chaebol controlam as maiores empresas da Coreia do Sul por gerações

O sistema chaebol é um legado da história da Coreia do Sul. Após um armistício que encerrou a Guerra da Coreia em 1953, os ditadores militares do país nomearam algumas famílias para empréstimos especiais e apoio financeiro para reconstruir a economia.

As suas empresas expandiram rapidamente e passaram de setor em setor até se transformarem em conglomerados gigantescos.

Mesmo à medida que as empresas cresciam em tamanho, riqueza e influência, e vendiam ações em bolsas de valores, elas permaneciam sob controle familiar —geralmente administradas por um presidente que também presidia como chefe da família.

Mudanças de liderança geracionais às vezes perturbaram as famílias chaebol, forçando as empresas a se dividirem ou se desmembrarem em grupos menores.

Há mais de duas décadas, durante uma luta familiar, a Hyundai foi dividida entre os seis filhos do fundador.

O filho mais velho assumiu o controle da Hyundai Motor, agora uma das maiores empresas da Coreia do Sul. Sob Chung Eui-sun, neto do fundador, a família ainda está no comando da montadora multinacional.

Os conglomerados são parte significativa da economia do país

O rápido crescimento da Coreia do Sul, da pobreza pós-guerra a uma economia desenvolvida importante em algumas décadas, esteve intimamente ligado ao surgimento das empresas chaebol. Seus primeiros sucessos impulsionaram os salários e os padrões de vida e impulsionaram as exportações do país.

As vendas totais dos cinco maiores conglomerados têm consistentemente representado mais da metade do PIB da Coreia do Sul nos últimos 15 anos, ultrapassando 70% em 2012, de acordo com o livro "Republic of Chaebol", do economista Park Sang-in.

Seus negócios também permeiam a vida sul-coreana —de hospitais a seguros de vida, de complexos de apartamentos a cartões de crédito e varejo, de alimentos a entretenimento e mídia, sem mencionar eletrônicos.

As chaebol tiveram relacionamentos estreitos com políticos

O patrocínio de líderes políticos foi crucial para o crescimento das empresas chaebol em conglomerados industriais, especialmente durante o regime de Park Chung-hee, que chegou ao poder por meio de um golpe e governou o país por duas décadas até seu assassinato em 1979.

Para Park, os chaebol eram uma parte instrumental de sua ambição de enriquecer e industrializar a Coreia do Sul. Para isso, seu governo direcionou fundos para empresas que cooperavam com sua agenda, protegendo-as da concorrência e poupando-as de responsabilidade pública.

Embora os laços estreitos entre o governo e as empresas tenham diminuído nas últimas décadas, os líderes políticos ainda frequentemente recorrem a eles em busca de apoio ou conselhos.

Por sua vez, as empresas às vezes foram protegidas por serem consideradas vitais demais para a economia para serem desmembradas ou examinadas —algo que os críticos têm criticado como um problema "too big to jail" [grande demais para prender].

Neste verão, os chefes das chaebol viajaram com o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, em uma viagem à Europa como parte da candidatura da Coreia do Sul para a Expo Mundial. Eles também o acompanharam em sua visita aos Estados Unidos para se encontrar com o presidente Joe Biden e estiveram entre os convidados de um jantar de Estado na Casa Branca.

Vários escândalos mancharam a imagem pública das chaebol

As empresas chaebol se envolveram em casos de corrupção.

Um dos maiores escândalos políticos da Coreia do Sul nos últimos anos demonstrou os laços estreitos entre os líderes políticos e os conglomerados familiares.

Park Geun-hye, ex-presidente do país, foi destituída do cargo em 2017 e posteriormente condenada a prisão após ser considerada culpada de suborno, abuso de poder e outras acusações criminais.

Park e uma amiga de longa data foram acusadas de receber ou exigir subornos de três conglomerados chaebol: Samsung, SK e Lotte. Park foi perdoada em 2021 após cumprir quase cinco anos de uma sentença de 20 anos de prisão.

Lee Jae-yong, presidente da Samsung Electronics, o maior chaebol do país, também foi condenado a 2 anos e meio de prisão por seu papel. Ele foi liberado condicionalmente e posteriormente perdoado por Yoon em 2022, uma medida que permitiu que ele voltasse a comandar a empresa.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.