Bolsa sobe e dólar recua para R$ 4,87, mas semana é negativa

Apesar de pregão positivo nesta sexta (5), Ibovespa acumula queda de 1,6% em 2024

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São Paulo

O mercado financeiro local teve uma sexta-feira (5) positiva, porém, não o suficiente para reverter o tom negativo dos primeiros pregões do ano com o temor sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos.

Nesta sexta-feira (5), o dólar caiu 0,71%, para R$ 4,8714, menor valor desde o último pregão de 2023, quando fechou a R$ 4,8520. Nesta semana, a moeda americana acumulou alta de 0,4%.

O Ibovespa fechou a sessão em alta de 0,60%, a 132.023 pontos. Neste ano, no entanto, o índice acumula perda de 1,61%, segundo dados da CMA.

Painel eletrônico mostra as oscilações de preço dos ativos da Bolsa de Valores.
Painel eletrônico mostra as oscilações de preço dos ativos da Bolsa de Valores. Nesta sexta (5), o mercado repercute dados do mercado de trabalho dos EUA - Amanda Perobelli/REUTERS

Nesta sessão, investidores repercutiram a divulgação do relatório de criação de empregos não-agrícolas nos Estados Unidos em dezembro, o payroll. Foram 216 mil contratações líquidas em dezembro, informou o Departamento do Trabalho dos EUA nesta sexta. O número é bem maior que o esperado pelos economistas consultados pela Reuters, que previam abertura de 170 mil empregos.

Já o pagamento médio por hora aumentou 0,4% em dezembro, mantendo o mesmo ritmo de crescimento do mês passado. Na comparação anual, a alta foi de 4,1%.

Um mercado de trabalho mais forte do esperado, com aumento dos salários é um risco para a inflação americana. Por lá, o aumento de preços somou 3,1% de novembro de 2022 a novembro de 2023, acima da meta de 2% do Fed, o banco central americano.

Com uma baixa taxa de desemprego (3,7%) estável e com a atividade econômica resiliente, o Fed pode escolher manter a taxa de juros alta para combater a inflação, sem prejuízo para a economia. Atualmente, o juro está na faixa de 5,25% a 5,50% e a aposta da maioria dos economistas é que ele vai baixar 0,25 ponto percentual já em março. Com a força do mercado de trabalho americano, tal aposta poderia perder força.

Dados da véspera publicados pela ADP mostraram a criação de 164 mil postos de trabalho no setor privado dos EUA, leitura acima do esperado. "Esses resultados reforçam nossa visão de que o mercado de trabalho americano permanece apertado, apesar de alguns sinais de desaceleração suave no período recente", disse a XP em relatório.

Porém, como os dados do payroll de novembro e dezembro foram revisados para baixo nesta sexta, com 71 mil vagas a menos do que o reportado anteriormente, os investidores não entraram em pânico.

Outro ponto de alívio foi o PMI (Índice de Gerentes de Compras, na sigla em inglês) de serviços americano calculado pelo ISM (Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, em inglês). Em dezembro, ele caiu para 50,6, a menor leitura desde maio, e ante 52,7 em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice ficaria em 52,6. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia dos EUA.

A criação de emprego do setor medida pela pesquisa ISM caiu para 43,3 no mês passado, o nível mais baixo desde julho de 2020. O índice estava em 50,7 em novembro e a expectativa era que acelerasse.

"Assim, a leitura que preponderou é que o mercado de trabalho, apesar do payroll, de certo modo está afrouxando e que, em algum momento, vai favorecer o corte de juros", disse Lais Costa, analista da Empiricus Research.

Em Wall Street, os principais índices acionários fecharam perto da estabilidade. O S&P 500 subiu 0,18%, enquanto o Dow Jones teve alta de 0,07% e o Nasdaq, de 0,09%.

Já o rendimento do treasury (título do Tesouro americano) de dez anos —referência global para decisões de investimento— foi de 3,99% na véspera, para 4,05% nesta sexta, refletindo o temor de que o corte nos juros americanos demore.

As taxas dos juros futuros também fecharam em alta no Brasil. Ao fim do pregão, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,07%, ante 10,05% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,69%, ante 9,68%. O juro para janeiro de 2027 ficou em 9,80%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 foi para 10,04%, de 10,037%. O contrato para janeiro de 2031 fechou em 10,45%, ante 10,43%.

O petróleo, por sua vez, fechou em alta, tendo como pano de fundo a viagem do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao Oriente Médio, na tentativa de conter as tensões regionais alimentadas pelo conflito Israel-Hamas. O preço do barril do petróleo Brent (referência internacional) fechou em alta de 1,51%, a US$ 78,76.

Na quinta (4), o Ibovespa recuou 1,21%, a 131.226 pontos, impactado pelo recuo do petróleo.

Com Reuters

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