Descrição de chapéu Folhainvest

Bolsa cai aos 127 mil pontos com persistência de dúvidas sobre juros americanos; dólar fecha estável

Petroleiras são destaque positivo do Ibovespa, mas preocupações com política monetária seguem derrubando ações

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Apesar de ter começado o dia em leve alta, a Bolsa brasileira reverteu os ganhos e fechou em queda de 0,93% nesta quinta-feira (18), aos 127.315 pontos, ainda afetada sobre dúvidas com relação ao início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos.

"Parece ser um dia de retirada de capital estrangeiro da Bolsa. Cabe lembrar que os investidores estrangeiros aportaram muito no Brasil em novembro e dezembro de 2023 e começaram janeiro com uma onda de retirada", diz Leandro Petrokas, diretor de pesquisa da Quantzed.

Desde o início do ano, os mercados globais vêm registrando queda por conta da frustração das expectativas do mercado sobre uma possível antecipação dos cortes de juros nos Estados Unidos, após dados mais fortes que o esperado de emprego e inflação no país.

O cenário representa uma virada desde o fim de 2023, quando investidores passaram a apostar que a primeira redução nas taxas americanas ocorria já em março deste ano. Agora, a projeção parece cada vez mais distante.

Notas de dólar - Dado Ruvic - 17.jul.2022/Reuters

No câmbio, o dólar fez o caminho contrário: começou o dia caindo, mas passou a subir. A perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos favorece a moeda americana, pois aumenta o retorno da renda fixa do país e, consequentemente, atrai recursos, penalizando mercados de mais risco e países emergentes.

A divisa, porém, não conseguiu sustentar os ganhos e terminou o dia com discreta variação positiva de 0,04%, cotada a R$ 4,931.

O foco do mercado nesta quinta ficou em novos dados de auxílio-desemprego dos Estados Unidos, que vieram abaixo do esperado pelo mercado. De acordo com o Departamento do Trabalho, os pedidos caíram 16 mil, para 187 mil, na semana encerrada em 13 de janeiro, em dados ajustados sazonalmente, ao nível mais baixo desde setembro de 2022.

Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ouribank, afirma que os dados reforçam a resiliência da economia americana, mas não pressionaram tanto a moeda americana.

"O câmbio manteve comportamento bastante estável e está encerrando o dia aí praticamente no mesmo patamar que foi observado ontem. Os pedidos de auxílio-desemprego talvez sinalizem uma menor chance de início de corte de juros em março, mas não houve nenhuma divulgação mais relevante a ponto de alterar o comportamento do câmbio", diz Quartaroli.

"Esta semana os agentes passaram a acreditar um pouco menos na possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos na decisão de março, e um pouco mais na possibilidade de estabilidade, embora seja válido ressaltar que a previsão de corte ainda é majoritária", disse Leonel Mattos, analista de inteligência de mercados da StoneX, citando reação negativa dos mercados a falas mais duras de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e do Banco Central Europeu (BCE) nos últimos dias.

Entre esses comentários, os que mais impactaram os negócios foram os do diretor do Fed Christopher Waller, que defendeu que o banco central norte-americano não deve se apressar em cortar sua taxa básica de juros até que esteja claro que a baixa da inflação será sustentada.

O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes atingiu seu maior patamar em cinco semanas em meio à redução do otimismo sobre o afrouxamento da política monetária, deixando várias moedas globais sob pressão.

"Diretores do Fed tiveram discursos mais duros, dizendo que talvez não seja em março e não seja 1,75 ponto percentual de corte de juro. Cristine Lagarde [presidente do Banco Central Europeu] também foi bastante dura nos comentários que fez sobre a política monetária no BCE. Tudo isso tirou um pouco os cortes que estavam embutidos na curva de juros americana. Agora, dependemos de novos dados para ter mais clareza sobre quando vem esse corte", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Petroleiras são destaque da sessão

Na Bolsa brasileira, a PetroRecôncavo disparou 11,70% e liderou as altas do pregão após uma proposta de fusão de ativos feita pela 3R Petroleum —que, por sua vez, subiu 7,61%, na vice-liderança do ranking de maiores ganhos do dia.

Vitor Souza, analista de setor elétrico e saneamento da Genial Investimentos, afirma que o evento é positivo e deve destravar valor para ambas as empresas. Ele estima que, se concluída, a operação tem potencial de valorizar a 3R em pelo menos 36%.

A Petrobras, no entanto, caiu 0,39% e ficou entre os papéis mais negociados do pregão, puxando o Ibovespa para baixo. A empresa é a segunda de maior peso no índice.

O setor de energia também pressionou o Ibovespa, com Energisa e Equatorial recuando 5,33% e 1,70%, respectivamente.

A Vale, maior empresa do Ibovespa, também recuou, mesmo com um dia positivo para o minério de ferro no exterior. A mineradora vem sendo pressionada por preocupações sobre a economia chinesa e com notícias sobre a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de emplacar o ex-ministro Guido Mantega como diretor presidente da companhia.

"A Vale está passando por uma tempestade perfeita, mas mesmo com essa neblina, essa dificuldade de leitura de cenário, por conta dessa questão do minério e uma eventual ingerência política, a gente continua gostando de Vale, mas com um peso menor na carteira, sabendo que existem riscos", afirma Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.

A mineradora encerrou o dia com recuo de 0,64%

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.