A presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou nesta terça-feira (9) a troca dos diretores à frente de duas das principais estruturas do órgão, a DPE (Diretoria de Pesquisas) e a DGC (Diretoria de Geociências). Duas mulheres foram escolhidas para o comando dessas diretorias.
Segundo fontes, as substituições dos técnicos eram aguardadas devido à mudança na gestão do IBGE, que é presidido desde agosto pelo economista Marcio Pochmann.
Em nota, a presidência do instituto afirmou que a servidora Elizabeth Belo Hypolito assumirá o cargo de diretora de Pesquisas em substituição a Cimar Azeredo, que ocupa a função desde 2021.
O técnico chegou a presidir o IBGE de maneira interina em 2023, após o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerar o economista Eduardo Rios Neto.
Azeredo, inclusive, era cotado para permanecer no comando do instituto. Isso não se confirmou no ano passado em razão da chegada de Pochmann, que foi uma escolha de Lula.
O IBGE também anunciou nesta terça que o servidor João Hallak Neto ficará com o posto de diretor-adjunto de Pesquisas no lugar de Maria Lucia Pontes Vieira.
Já a servidora Ivone Lopes Batista assumirá o cargo de diretora de Geociências, substituindo Claudio Stenner. O comunicado não detalha os motivos das trocas, mas o anúncio marca a mudança das duas últimas diretorias ainda ocupadas por pessoas nomeadas na gestão anterior.
Azeredo e Stenner tiveram protagonismo em divulgações de dados do Censo Demográfico 2022, a principal pesquisa da instituição. Eles participaram de apresentações de números do recenseamento e de entrevistas à imprensa sobre o tema.
"Os servidores Cimar Azeredo e Claudio Stenner seguem colaborando com a presidência no desenvolvimento de projetos especiais contidos nas Diretrizes IBGE 90 Anos e no Plano de Trabalho 2024 a ser em breve divulgado", disse a presidência do órgão.
Fontes que acompanham o instituto veem nas mudanças uma tentativa da gestão Pochmann de se desvencilhar da administração anterior, que teve dificuldades para tocar o Censo devido a restrições de verba no governo Jair Bolsonaro (PL).
As novas diretoras são elogiadas pela trajetória no instituto. Elizabeth Belo Hypolito, indicada para a função de diretora de Pesquisas, entrou no IBGE em 2005. Fez parte da equipe que elaborou a Pnad Contínua, que traz dados sobre o mercado de trabalho, como a taxa de desemprego.
Ivone Lopes Batista, escolhida como diretora de Geociências, é servidora do instituto desde 2002. Atuava como gerente de Contas Ambientais no IBGE.
João Hallak Neto, indicado para o cargo de diretor-adjunto de Pesquisas, também é um nome conhecido dentro do instituto. Ele vinha atuando na Gerência de Indicadores Sociais.
A DPE produz e sistematiza estudos, pesquisas e trabalhos de natureza estatística do IBGE. Já a DGC trabalha com informações de natureza cartográfica, geodésica, geográfica e de recursos naturais e meio ambiente, relevantes para o conhecimento do território nacional.
Desde que assumiu a presidência do instituto, em agosto, Pochmann tem evitado entrevistas coletivas a veículos de imprensa. Ele também vem fazendo acenos a servidores, com promessas de valorização.
Em novembro, o presidente do IBGE protagonizou uma polêmica após a divulgação de um discurso realizado no mês anterior. À época, Pochmann elogiou a produção de estatísticas no Oriente, em locais como a China, o que acendeu alerta entre ex-técnicos do órgão que veem falta de transparência do país asiático nessa área.
O economista também gerou preocupação ao dizer na mesma ocasião que a comunicação adotada pelo IBGE era "do passado". Ele se referia ao modelo de entrevistas coletivas, que segue em vigor para a divulgação de pesquisas e que permite à imprensa questionar os técnicos responsáveis pelos dados.
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