Vítimas de pirâmide financeira têm tendência em cair novamente no esquema, diz estudo

Levantamento da CVM mostra que 45% dos participantes não conseguem identificar as características desse tipo de fraude

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Estudo da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), divulgado na última quinta-feira (11), mostra que pessoas que caíram em pirâmides financeira têm tendência de serem vítimas desses esquemas novamente.

O levantamento foi feito com 1.337 pessoas cadastradas no SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da entidade, que atua como xerife do mercado de capitais no Brasil.

De acordo com o relatório, 45% dos participantes não souberam identificar as características de uma pirâmide.

Gráficos das flutuações dos índices de mercado no pregão da BM & F Bovespa, na Bolsa de Valores de São Paulo
Gráficos das flutuações dos índices de mercado no pregão da BM & F Bovespa, na Bolsa de Valores de São Paulo - Diego Padgurschi - 09.Jan.15/Folhapress

O estudo apresentou um quadro possibilidades de investimentos fictícios aos entrevistados. Dois deles possuíam características de pirâmide. A intenção era comparar o comportamento em situações de investimento regulares e irregulares.

Dos 1.377 participantes, 29,5% afirmaram já ter investido em pirâmides financeiras antes, sendo que 47,5% disseram ter sido influenciados por amigos e familiares, 22,5% por anúncios na internet e 16,3% pelas redes sociais.

Para medir a propensão dos participantes, o estudo utilizou a escala de Likert, que afere comportamentos dentro de um número determinado de opções de resposta, indo de 0 a 7.

De acordo com a pesquisa, os participantes que foram vítimas de pirâmides no passado apresentaram maiores chances de aderir a um investimento irregular de alto risco (2,03) em comparação com quem nunca caiu no esquema (1,66).

No caso de investimentos irregulares de menor risco, a discrepância existe, mas é menor. A propensão na escala Likert para vítimas ficou em 2,11, enquanto não vítimas tiveram nota 2,08.

Para Matheus Moura e Ricardo Lopes Cardoso, pesquisadores da FGV-Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas) responsáveis pela pesquisa, o principal achado do estudo é referente aos indivíduos que foram vítimas de pirâmides ou conhecem alguém que foi.

"O que chamou atenção é que eles voltariam a investir quando comparado aos que afirmaram não ter investido em pirâmides. Isso traz um novo entendimento para a prevenção e combate a pirâmides financeiras, assim como na criação de estratégias mais assertivas para combate a investimentos fraudulentos", afirma Cardoso.

O estudo também indica que o risco é apenas responsável pela mudança no comportamento relacionado às decisões envolvendo investimentos regulares.

As vítimas de esquemas fraudulentos apresentaram maior propensão a riscos, confiança em suas habilidades de decisão, menor aversão a perdas e baixa tendência à organização.

Outro ponto é que participantes que caíram em pirâmides também possuem uma inclinação maior a influenciar novas pessoas a investirem nesses esquemas.

Entre os fatores significativos na decisão de investir em esquemas fraudulentos, somente o gênero apresentou influência nas decisões de investimento.

Participantes que se identificaram como homens apresentaram maior propensão a investir em esquemas fraudulentos do que mulheres. Fatores como renda, escolaridade e idade não foram significativos na decisão.

Dicas para não cair em golpes

  1. Não acredite em milagres. Desconfie de quem promete muito dinheiro sem esforço. Investir é um trabalho de longo prazo
  2. Verifique quanto a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, está rendendo ao mês. Se o prometido estiver muito acima, alguma coisa deve estar errada
  3. Antes de investir em determinada empresa, busque referências. Sites como Reclame Aqui podem ajudar, por reunirem avaliações de diferentes consumidores. Também é importante buscar informações junto aos órgãos reguladores, como Banco Central e CVM
  4. Evite o "efeito manada". O fato de todos os seus amigos ou familiares estarem comprando determinado ativo não significa que ele também serve para você ou que seja confiável
  5. Ao investir, entenda minimamente sobre o produto e como ele se encaixa dentro da sua estratégia. Ainda que o investimento seja consistente, não significa necessariamente que ele se encaixa em seu perfil
  6. Cuidado com sinais de pirâmide. Além de promessas de ganhos irreais, pirâmides também se caracterizam por exigirem indicação de novas pessoas para garantir o lucro dos participantes
  7. Procure orientação especializada e verifique se o profissional é certificado por instituições como a CVM, Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros)
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.