Descrição de chapéu Financial Times

Airbus amplia liderança sobre Boeing, mas gargalos devem persistir em 2024

Guillaume Faury, CEO da empresa, disse que tenta equilibrar demanda crescente com desafios na cadeia de suprimentos

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Sylvia Pfeifer Leila Abboud
Paris e Toulouse (França) | Financial Times

A Airbus disse nesta quinta-feira (15) que planeja entregar mais aviões em 2024, consolidando sua liderança sobre a rival Boeing, mesmo com a empresa europeia alertando sobre desafios persistentes na cadeia de suprimentos.

O CEO da Airbus, Guillaume Faury, disse que o grupo está tentando equilibrar a demanda crescente das companhias aéreas com uma cadeia de suprimentos que é um "mundo de gargalos" com "muita complexidade".

A Airbus, segundo ele, está "tentando encontrar o ponto ideal entre a demanda e os muitos gargalos".

O CEO da Airbus, Guillaume Faury, durante coletiva de imprensa sobre o balanço referente a 2023 - Lionel Bonaventure - 15.fev.2024/AFP

O maior fabricante de aviões do mundo disse que pagará um dividendo especial aos acionistas depois que o caixa líquido ultrapassou os 10 bilhões de euros em 2023.

A empresa espera entregar cerca de 800 aeronaves comerciais aos clientes este ano —65 a mais do que em 2023. Para 2026, a empresa reafirmou os planos de construir 75 jatos por mês da família A320, seu modelo mais vendido.

A Airbus está aumentando a produção justamente quando a Boeing luta para conter as consequências do rompimento da fuselagem em pleno voo de um de seus aviões 737 Max operado pela Alaska Airlines no mês passado.

O órgão regulador de segurança da aviação dos EUA impediu a Boeing de aumentar a produção de seus aviões 737 Max enquanto continua investigando os processos de fabricação da empresa.

Faury disse que o incidente foi "mais um lembrete de que estamos em um setor complexo no qual a qualidade e a segurança nunca estão garantidas por definição".

"Não pode ser quantidade em detrimento da qualidade", disse. "Queremos entregar um número de aviões que sejam de alta qualidade e seguros".

As linhas de produção em todo o setor têm sido sobrecarregadas desde o fim da pandemia de Covid-19 e com as companhias aéreas globais fazendo pedidos sem precedentes. Problemas nos fabricantes de motores têm agravado os desafios.

Faury enfatizou que a empresa está atualmente focada em atender ao aumento planejado na produção para 75 jatos A320 por mês em 2026 e não está considerando aumentos adicionais neste momento.

O lucro operacional do grupo subiu 4% para 5,8 bilhões de euros no ano passado, enquanto a receita aumentou 11% para 65,4 bilhões de euros.

No entanto, a empresa ofereceu orientação financeira moderada para o próximo ano, com fluxo de caixa livre ajustado esperado em 4 bilhões de euros, abaixo dos 4,4 bilhões de euros em 2023, o que fez suas ações caírem 0,9% nesta quinta-feira (15).

Embora o negócio de aeronaves comerciais tenha tido um ano forte, a Airbus revelou que seu braço de defesa e espaço foi afetado por encargos totalizando 600 milhões de euros. Os lucros da divisão caíram 40% para 229 milhões de euros.

Faury disse ao Financial Times no ano passado que não estava satisfeito com o desempenho do braço espacial, que foi afetado por atrasos no desenvolvimento e enfrenta forte concorrência de empresas americanas como a SpaceX.

Separadamente, a fabricante de motores francesa Safran ecoou os comentários de Faury sobre as pressões na cadeia de suprimentos.

A empresa disse que ainda enfrenta problemas de contratação nos EUA e escassez de materiais como titânio e outros metais, e espera que os problemas persistam neste ano.

O CEO, Olivier Andriès, disse que a empresa está em uma boa posição para atender às solicitações da Airbus de aumentar o ritmo de entrega de motores.

"Estamos nos colocando em uma posição para atender às necessidades da Airbus e da Boeing em 2024, e estamos discutindo atualmente suas necessidades em 2025", disse ele em entrevista ao canal de televisão francês BFM Business. "Certamente responderemos e acompanharemos esse aumento de ritmo".

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