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Parte de avião da Boeing que se soltou em pleno voo pode ter saído de fábrica sem parafusos

Imagem obtida pelo NTSB indica que painel da fuselagem estava sem três peças após manutenção

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Sydney Ember Mark Walker
The New York Times

Quatro parafusos usados para fixar o painel que se soltou de um avião da Alaska Airlines durante um voo em janeiro foram removidos —e aparentemente não foram substituídos— na fábrica da Boeing em Renton, no estado de Washington, de acordo com um relatório preliminar divulgado nesta terça-feira (6) pelo NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, que apura acidentes).

O painel, conhecido como plugue da porta, foi aberto para reparar rebites danificados no corpo do avião, conhecido como fuselagem.

O relatório não disse quem removeu os parafusos que mantinham o plugue da porta no lugar. Mas o conselho de segurança disse que parecia que nem todos os parafusos foram recolocados, uma vez que a porta foi reinstalada no avião depois que os rebites foram reparados.

Buraco onde ficava o painel da fuselagem que explodiu para fora do 737 da Alaska Airlines em 5 de janeiro - NTSB - 7.jan.2024/Reuters

Como evidência, o NTSB forneceu uma fotografia do plugue da porta depois que ele foi reinstalado, mas antes que o interior do avião fosse restaurado. Na imagem, três dos quatro parafusos parecem estar ausentes. A localização do quarto parafuso está coberta com isolamento.

O relatório disse que a imagem havia sido anexada a "uma mensagem de texto entre membros da equipe da Boeing em 19 de setembro de 2023".

Os funcionários da Boeing "estavam discutindo a restauração do interior após o reparo do rebite ter sido concluído durante as operações do segundo turno naquele dia", disse o relatório.

O NTSB disse que não havia evidências de que o plugue tivesse sido aberto novamente depois de sair da fábrica da Boeing. O avião foi entregue à Alaska Airlines no final de outubro.

O relatório intensifica a fiscalização sobre a Boeing, que tem se esforçado há semanas para conter as consequências do incidente, e levanta novas questões sobre se a empresa fez o suficiente para melhorar a segurança após dois acidentes fatais com os aviões 737 Max 8 em 2018 e 2019.

A investigação também responde a perguntas críticas sobre o motivo de o plugue da porta ter se soltado logo após o voo 1282 da Alaska Airlines decolar do Aeroporto Internacional de Portland, em Oregon.

O incidente da Alaska Airlines levou a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) a suspender o uso de alguns jatos 737 Max 9, atrapalhando os horários de voo por dias na Alaska e na United Airlines, as duas companhias aéreas dos EUA que operam o modelo.

A FAA também limitou os planos ambiciosos da Boeing de aumentar a produção de todos os jatos Max, deixando a empresa em incerteza.

A empresa planejava fabricar 42 jatos por mês este ano e 50 por mês no próximo ano, mas agora manterá a produção em 38, possivelmente por muitos meses.

Os executivos da Boeing se recusaram na semana passada a fornecer uma previsão financeira para o ano, citando o incidente e a necessidade de focar na segurança.

Executivos furiosos das companhias aéreas tomaram a rara medida de criticar publicamente a Boeing e expressar dúvidas de que ela será capaz de entregar os aviões que haviam encomendado no prazo.

O incidente e seus efeitos em cascata deixaram a Boeing, uma dos dois maiores fabricantes de aviões do mundo, em uma posição familiar —tentar navegar por uma crise com custos financeiros e de reputação desconhecidos.

Há apenas cinco anos, após os dois acidentes fatais do Max 8 que mataram quase 350 pessoas, a empresa gastou bilhões de dólares para tornar seus aviões mais seguros e reparar sua reputação.

Com a empresa mais uma vez em dificuldades, ela está correndo para dizer aos clientes, reguladores e membros do Congresso que está focada em melhorar o controle de qualidade.

O CEO da Boeing, Dave Calhoun, visitou a Spirit AeroSystems, um fornecedor em Wichita, Kansas, que fabrica os corpos dos aviões 737 Max.

A Boeing também realizou um evento em que os funcionários da fábrica em Renton, onde os aviões Max são construídos, interromperam o trabalho por um dia para participar de sessões sobre qualidade. E prometeu recompensar os funcionários "por se manifestarem para desacelerar as coisas, se for necessário".

Mas mesmo enquanto tenta resolver seus problemas, a Boeing disse no domingo que um fornecedor descobriu na semana passada um novo problema com as fuselagens de dezenas de aviões 737 Max inacabados.

O fornecedor descobriu que "dois furos podem não ter sido perfurados exatamente de acordo com nossos requisitos".

Embora não tenha mencionado o fornecedor, um porta-voz da Spirit disse que um membro de sua equipe identificou um problema na semana passada que não estava de acordo com os padrões de engenharia.

A Boeing disse que o problema obrigaria a empresa a retrabalhar cerca de 50 aviões, atrasando sua entrega.

Em uma ligação com analistas nesta terça-feira, o CEO da Spirit AeroSystems, Patrick Shanahan, disse que estava aumentando o número de inspeções realizadas, juntamente com as feitas pela Boeing.

Também nesta terça, Mike Whitaker, o principal funcionário da FAA, disse a um painel da Câmara que a agência aumentaria sua presença no local para monitorar a produção de aeronaves da Boeing.

"No futuro, teremos mais pessoas de olho de perto e monitorando de perto a produção e as atividades de fabricação", disse Whitaker ao subcomitê de aviação do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara.

Além de limitar o aumento da produção da Boeing, a agência abriu uma investigação sobre o cumprimento das normas de segurança pela fabricante de aviões. Também iniciou uma auditoria para analisar a produção do Max pela empresa, que, segundo Whitaker, levaria seis semanas.

Ele disse que a agência havia enviado cerca de 20 inspetores para a Boeing e mais de 6 para a Spirit.

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