Banqueiro chinês desaparecido renuncia após investigação

Holding Renaissance divulgou saída de seu presidente, Bao Fan, do qual não se sabe o paradeiro há um ano

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Claire Fu
Seul | The New York Times

Após desaparecer quase um ano atrás como parte de uma investigação das autoridades chinesas, o proeminente banqueiro de investimentos Bao Fan renunciou ao cargo de presidente e chefe-executivo da holding chinesa Renaissance, segundo comunicado da empresa ao mercado desta sexta-feira (2).

Bao, um banqueiro especializado em negociações para gigantes da internet chinesa como Alibaba e Tencent, desapareceu em fevereiro do ano passado. A China Renaissance inicialmente afirmou ter perdido contato com Bao antes de posteriormente afirmar que ele estava cooperando com uma investigação conduzida pelas autoridades chinesas.

Bao Fan, o fundador e presidente da holding financeiro e de construção civil Renaissance
Bao Fan, o fundador e presidente da holding financeiro e de construção civil Renaissance - Mike Blake/Reuters

O desaparecimento de Bao sinalizou uma escalada na repressão de Pequim à elite empresarial como parte de uma campanha anticorrupção. Isso alimentou preocupações sobre até que ponto as autoridades chinesas iriam para controlar os principais atores da economia doméstica, ao mesmo tempo em que ampliam seu controle sobre o sistema regulatório financeiro.

Em um comunicado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a China Renaissance informou que Bao estava renunciando por "motivos de saúde e para dedicar mais tempo aos assuntos familiares". A empresa não explicou a natureza da investigação sob a qual Bao estava sendo submetido.

Além de renunciar ao cargo de CEO, a empresa informou que Bao também renunciou ao conselho de administração da empresa.

"Bao confirmou que não tem discordância com o conselho e não há nenhum outro assunto relacionado à sua renúncia que precise ser comunicado aos acionistas da empresa", disse a China Renaissance.

Bao era um banqueiro bem relacionado no Morgan Stanley e no Credit Suisse antes de fundar a Renaissance em 2004, que investiu em muitas das empresas de tecnologia de maior sucesso do país e as ajudou a abrir capital em Hong Kong e Nova York.

Xie Yijing, que atuava como chefe-executivo interino durante a ausência de Bao, foi nomeado presidente e designado como chefe permanente da China Renaissance, de acordo com o comunicado.

Antes do desaparecimento de Bao, Cong Lin, outro executivo da Renaissance, foi detido em 2022 pelas autoridades como parte de uma investigação sobre suas atividades antes de ingressar na empresa.

A China tem como alvo empresas financeiras como parte de seus esforços para controlar empresas e executivos em nome do fortalecimento da segurança nacional. No último ano, as autoridades chinesas têm visado e realizado operações em várias empresas de consultoria com vínculos estrangeiros. Em novembro, o Ministério da Segurança do Estado da China afirmou ser um "firme guardião da segurança financeira".

Na terça-feira, em um artigo na página do WeChat do ministério intitulado "Dez xícaras de chá" —uma referência a ser chamado para "tomar chá" como um eufemismo para ser questionado— a agência listou 10 ações que levantariam suspeitas de acordo com a lei de contraespionagem da China. Uma revisão da lei no ano passado ampliou a definição do que constitui espionagem, alimentando preocupações de que trabalhadores de empresas estrangeiras possam ser envolvidos por participar de atividades comerciais normais, como coletar informações sobre setores e concorrentes.

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