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Nova falha de qualidade deve atrasar entregas de Boeing 737 Max

Cerca de 50 aeronaves precisarão de reforço na estrutura e levará ao adiamento a curto prazo

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Tim Hepher Valerie Insinna
Paris e Washington | Reuters

A Boeing anunciou no domingo (4) que terá reforçar o trabalho em cerca de 50 aviões 737 MAX não entregues. Isso deve atrasar entregas de curto prazo, após o fornecedor Spirit AeroSystems ter descoberto dois furos mal perfurados em fuselagens.

A Boeing confirmou os achados em resposta à agência Reuters depois que pessoas do setor disseram que uma "margem de borda", ou problema de espaçamento, fora encontrado em perfurações de uma moldura de janela em alguns jatos.

A Boeing, que tem sido alvo de reguladores e companhias aéreas desde a explosão de uma tampa de porta em um 737 Max 9 em 5 de janeiro, disse que a segurança não foi afetada e que os 737s existentes podem continuar voando.

Logo da Boeing visto em Feira Internacional de Aviação de Farnborough, na Inglaterra
Logo da Boeing visto em Feira Internacional de Aviação de Farnborough, na Inglaterra - Peter Cziborra/Reuters

"Na última quinta-feira (1º), um fornecedor nos notificou sobre uma não-conformidade em algumas fuselagens 737. Quero agradecer a um funcionário do fornecedor que alertou seu gerente de que dois furos podem não ter sido perfurados exatamente de acordo com nossos requisitos", disse o chefe-executivo da Boeing Commercial Airplanes, Stan Deal, em uma carta aos funcionários referindo-se a Spirit, que é o único fornecedor de fuselagens do 737.

"Embora essa condição potencial não seja um problema imediato de segurança de voo e todos os 737s possam continuar operando com segurança, atualmente acreditamos que teremos que realizar retrabalhos em cerca de 50 aviões não entregues", disse Deal na carta, obtida primeiro pela Reuters.

O porta-voz da Spirit, Joe Buccino, disse à Reuters que, como parte de seu programa de gerenciamento de qualidade de 360 graus, um membro de sua equipe identificou um problema que não estava de acordo com os padrões de engenharia.

"Estamos em comunicação próxima com a Boeing sobre esse assunto", disse ele.

Deal disse que a Boeing planeja dedicar vários "dias de fábrica" nesta semana na montadora de 737 em Renton, nos arredores de Seattle, para trabalhar nos furos mal alinhados e concluir outros trabalhos pendentes.

Esses dias permitem que as equipes interrompam o cronograma normal e se dediquem a tarefas específicas sem interromper a produção.

O retrabalho deve se encerrar nos próximos dias.

Esta é a mais recente tentativa da Boeing de reforçar suas operações após a explosão em um jato da Alaska Airlines ALK.N ter colocado em evidência problemas no controle de qualidade.

Investigadores, que estão examinando se os parafusos na tampa da porta da Alaska Airlines estavam faltando ou mal ajustados, devem emitir um relatório preliminar nesta semana.

Ao mesmo tempo, a Boeing pediu a um grande fornecedor, que não identificou, para interromper os envios até que os trabalhos sejam concluídos de acordo com as especificações, disse Deal.

"Embora esse atraso no envio afete nosso cronograma de produção, ele melhorará a qualidade geral e a estabilidade."

A Boeing disse que as peças que já estão de acordo com as especificações corretas podem continuar sendo enviadas.

A Administração Federal de Aviação (FAA) não fez comentários imediatos.

DEFEITO DE QUALIDADE

O regulador dos Estados Unidos ordenou que a Boeing limite a produção do 737 à taxa atual de 38 jatos por mês por um período indefinido, enquanto a empresa ainda lidar com as falhas de qualidade. Assim, ficam adiados os aumentos na produção necessários para atender à crescente demanda por novos jatos.

Até agora, a Boeing disse que continuará comprando peças de fornecedores nas taxas mais altas planejadas anteriormente para amenizar o impacto que eles enfrentam com a paralisação do crescimento da produção.

As verificações no 737 MAX se concentram na posição aparentemente imprecisa de dois furos em uma montagem de moldura de janela fornecida pela Spirit, uma condição conhecida como "margem de borda curta", disseram pessoas do setor à Reuters.

As margens de borda —a lacuna entre um fixador e a borda de uma chapa de metal— devem atender a especificações rigorosas projetadas para minimizar o risco de fadiga do metal a longo prazo.

No passado, a FAA ocasionalmente ordenou inspeções para detectar rachaduras resultantes de furos de fixadores mal perfurados.

Até sexta-feira (2), a falha de qualidade havia sido encontrada em 22 fuselagens de um total de 47 inspecionadas até aquele ponto, distribuídas entre a Boeing e a Spirit, e pode existir em alguns 737s em serviço, disseram pessoas próximas ao imbróglio à Reuters.

As descobertas vieram à tona em uma notificação de rotina conhecida como Aviso de Escapamento, na qual os fornecedores notificam a Boeing sobre qualquer deslize de qualidade conhecido ou suspeito, disseram as fontes.

Relatórios de qualidade como esses são comuns na indústria aeroespacial, mas a descoberta ocorre quando a Boeing e seu jato mais vendido estão sob escrutínio após a emergência da Alaska Airlines.

A fabricante de aviões dos EUA pediu no mês passado aos fornecedores que intensifiquem as verificações e lhes disse que é "imperativo" que atendam aos requisitos de qualidade, de acordo com um memorando visto pela Reuters.

Pessoas familiarizadas com o assunto disseram que a Boeing e a Spirit ainda não chegaram a uma posição acordada sobre quantos dos furos mal perfurados precisam ser corrigidos e quantos dos erros são tão pequenos que as fuselagens podem ser usadas "como estão".

A Spirit, separada da Boeing em 2005, deve divulgar seus resultados na terça-feira.

Os 737 da Boeing são montados em Renton, nos arredores de Seattle, a partir de fuselagens enviadas por trem de Wichita, Kansas, onde fica a planta da Spirit.

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