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Financial Times Energia Limpa

O hidrogênio seria uma grande bolha com risco de desinflar?

Papel da fonte de energia na indústria vai se desenhando, e um caminho mais realista deve surgir

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Lex - Financial Times

Coluna de negócios e finanças do jornal britânico Financial Times

O termo "ciclo do hype" é usado em inglês para uma nova tecnologia que gera grande entusiasmo e altas expectativas, que tendem a terminar em grande decepção. A partir dessa desilusão, um caminho mais realista pode surgir.

O hidrogênio, a fonte de energia que produziu mais hype do que calor nos últimos anos, está começando a tomar esse rumo. A fabricante de eletrolisadores Thyssenkrupp Nucera esboça o caminho das coisas por vir.

O grupo de 2 bilhões de euros tem 75% de suas ações concentradas nas mãos da Thyssenkrupp da Alemanha e da De Nora da Itália.

Algo bem peculiar em um setor atormentado por previsões em queda é que a empresa faz o que promete.

Sede da Thyssenkrupp em Essen, na Alemanha - Jana Rodenbusch/Reuters

Seu primeiro trimestre, encerrado em dezembro, mostrou entregas dentro do prazo, uma carteira de pedidos em crescimento e um aumento no número de projetos que espera atrair.

Não que esteja realmente ganhando dinheiro ainda. Margens estreitas e custos crescentes de ramp-up (a etapa que define a fase de início da produção de uma indústria, com o objetivo de comercializar um produto novo) contribuíram para as perdas operacionais, embora isso tenha sido amplamente divulgado.

Na verdade, seus resultados foram um solitário ponto positivo no trimestre desafiador da Thyssenkrupp.

O que torna a Nucera diferente? O primeiro ponto é que —ao contrário dos fabricantes de eletrolisadores menores e flexíveis— suas máquinas gigantes são projetadas para aplicações industriais, como refino e fabricação de aço.

A Nucera conquistou contratos do produtor sueco H2 Green Steel e de um projeto da Shell na Holanda.

Isso é útil. A adequação do hidrogênio verde para muitas aplicações está sendo cada vez mais questionada.

No entanto, no espaço industrial —seja para substituir a produção de hidrogênio existente ou fornecer matéria-prima para processos— seu papel é mais seguro.

A segunda vantagem da Nucera, tratando-se de um setor incipiente, é que ela definitivamente não é uma startup. Embora sua tecnologia de eletrolisador alcalino seja nova, ela está enraizada no processo químico chamado cloro-álcali, que ainda representa quase 40% das receitas.

Da mesma forma, embora o grupo seja recém-listado, ele possui uma capacidade de geração global pré-existente de 1 GW, de um total de cerca de 8 GW existentes no mundo.

Isso permitiu que a empresa garantisse o maior projeto de hidrogênio do mundo, a cidade verde de Neom, na Arábia Saudita, que representa mais de 80% das receitas atuais, de acordo com Martin Wilkie, do Citigroup.

O progresso da Nucera tem sido um conforto magro para os investidores. As ações caíram 30% desde o IPO, à medida que o entusiasmo com o setor diminuiu no geral. Condições mais rigorosas para acessar subsídios nos EUA, anunciadas no final do ano passado, não ajudaram.

Mas, em um setor que provavelmente será abalado por algum tempo, a Nucera está pelo menos mostrando o que pode restar quando o hype do hidrogênio diminuir.

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