Descrição de chapéu Congresso Nacional

Parlamentares dizem que suspeitas de fraude no Perse não podem paralisar programa

Indícios estão sendo investigados pelos fiscais da Receita Federal, após custo do programa explodir em 2023

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Brasília

Parlamentares ligados aos setores de eventos e turismo afirmaram nesta quarta-feira (7) que, se forem confirmadas fraudes no Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), elas deverão ser punidas, mas que isso não pode acabar com o programa.

Como a Folha revelou, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertou líderes do Congresso de que o programa teria aberto margem para operações de lavagem de dinheiro de atividades ilícitas no país.

Os indícios estão sendo investigados pelos fiscais da Receita Federal, após o custo do programa explodir no ano passado. O valor declarado pelas empresas chegou a R$ 17 bilhões, enquanto a estimativa era de um gasto anual de R$ 4,4 bilhões.

Autor do projeto de lei que deu origem ao Perse, o deputado Felipe Carreras (PSB-PE) afirmou nesta quarta que tem convicção de que nenhum setor e nenhuma entidade estão "fazendo nada errado". "Mas, se tiver empresas, que sejam punidas com muito rigor. Mas não pode acabar com o programa", disse.

Sede do Congresso Nacional, em Brasília, que abriga Câmara dos Deputados e Senado
Sede do Congresso Nacional, em Brasília, que abriga Câmara dos Deputados e Senado - Leonardo Sá - 6.jul.23/Agência Senado

"Não vi declaração pública do ministro sobre isso. Vi insinuação da Fazenda, colocando essa suposição. Se tem algo errado, que investigue e puna com muito rigor, porque o programa é feito para gente do bem, gente trabalhadora, que paga imposto, que gera emprego", afirmou.

Carreras disse também que "nunca viu em nenhum setor tudo o que estão fazendo para macular o Perse". "Por que esse preconceito com a classe artística brasileira, com a indústria hoteleira, com quem produz eventos? Eu vejo como preconceito."

O deputado também disse que, quando se reunir com Haddad, irá questionar e pedir mais informações ao ministro sobre esses indícios.

A Folha apurou que foram mapeados casos de empresas utilizadas para lavagem de dinheiro se valendo do Perse para não pagar imposto. Assim, o benefício teria se tornado um atrativo para que empresas do setor de eventos, ou registradas como se fossem atuantes na área, sejam utilizadas para ilegalidades.

"Não podemos combater o que se diz como fraude acabando, matando com os trabalhadores e com os empresários", disse a deputada Renata Abreu (Podemos-SP).

As declarações foram dadas à imprensa após a realização de um evento em defesa da manutenção do Perse que reuniu parlamentares e representantes entidades do setor.

Líder da União Brasil no Senado, o senador Efraim Filho (PB) afirmou no evento que, se há irregularidades no Perse, elas precisam ser revistas. Mas que isso não pode significar o fim do programa como um todo.

"Cabe ao governo coibir excessos, coibir fraudes. É tarefa da Receita Federal. Ninguém aqui tem o compromisso com o erro. Agora não pode o erro de uns poucos contaminar a verdade de muitos que precisam desse programa para poder se reerguer", disse.

Os deputados também divulgaram um manifesto em defesa do programa elaborado por cinco frentes parlamentares, entre elas a Frentur (Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo), a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Produção Cultural e Entretenimento, a FCS (Frente Parlamentar em Defesa do Comércio e Serviços) e a FPE (Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo).

O documento reúne a assinatura de 305 parlamentares. No texto, eles defendem a devolução da medida provisória que extingue o programa e, caso isso não ocorra, que os parlamentares rejeitem a matéria.

"Considerando toda a importância que o Perse representa para a economia brasileira, recebemos com perplexidade a edição da Medida Provisória 1.202, de 2023 que dentre os objetivos venha suprimir os benefícios fiscais do programa, negando tanto a importância da efetividade da política pública em tela quanto todo o processo negocial que o parlamento brasileiro enfrentou para modular o formato atual do programa sinalizando forte insegurança jurídica para os setores beneficiados", diz o texto.

"Somos contra qualquer excesso em relação a atividades econômicas que eventualmente estejam recebendo incentivos de forma equivocada —o que definitivamente não acontece nos setores em discussão", afirma o manifesto.

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