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Pedidos de recuperação judicial de agricultores do Brasil preocupam exportadores

Associação dos Exportadores de Cereais diz que crescente procura traz custo para toda cadeia econômica

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Ana Mano
São Paulo | Reuters

A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) alertou nesta quinta-feira (8) que vê com preocupação o aumento dos pedidos de recuperação judicial de agricultores no país, acrescentando que o recente aumento de casos pode comprometer a execução de contratos de grãos.

O aumento dos casos de recuperação judicial de produtores do Brasil, que pode afetar a entrega de grãos comprometidos ao longo da temporada, também pode prejudicar a capacidade dos comerciantes de concluir seus programas de exportação, disse a Anec.

Os grupos de agricultores, incluindo a Aprosoja-MT (Mato Grosso) e a Aprosoja Brasil, não fizeram comentários imediatos.

Associação Nacional dos Exportadores de Cereais alertou para aumento dos pedidos de recuperação judicial de agricultores no país - Adriano Machado - 22.ago.2023/Reuters

"A Anec vê com muita preocupação o crescimento do número de pedidos de recuperação judicial especialmente a partir das informações que lhes têm chegado ao seu conhecimento, de que aos produtores vêm sendo ofertado —de forma indiscriminada e muitas vezes mal-intencionada— o procedimento [...] como meio de renegociação de dívidas e contratos", disse a associação, em referência aos acordos envolvendo soja e milho.

A Anec representa os comerciantes globais de grãos, incluindo a ADM, a Bunge, a Cargill, a Louis Dreyfus Commodities e a chinesa Cofco, entre outros.

Em relatório, a Anec disse reconhecer que o "instituto da recuperação judicial tem sua finalidade e pode ser um instrumento valioso para garantir a continuidade das atividades de produtores em determinadas situações".

Mas alertou que "a crescente procura por esse procedimento, muitas vezes escolhido sem o devido critério pelo produtor, levado a ele por desinformação ou má-fé, tem um custo para toda a cadeia econômica e para a imagem do país no exterior".

A Anec disse ainda que consequência direta para os produtores é a "forte queda da oferta de crédito associada ao aumento do seu custo quando concedido".

O Brasil é o maior produtor e exportador de soja do mundo e um importante fornecedor de milho para clientes na Ásia, Europa e Oriente Médio.

Na atual temporada, entretanto, a produção brasileira de grãos ficará abaixo das expectativas devido ao efeito negativo do padrão climático El Niño sobre as plantações.

O El Niño causou uma seca severa no Centro-Oeste do Brasil, reduzindo os rendimentos da soja e o potencial de produção do maior estado agrícola do país, o Mato Grosso.

O excesso de chuvas no Sul também prejudicou as perspectivas do milho de verão em Estados como o Rio Grande do Sul, além das safras de trigo.

De modo geral, a produção total de grãos do Brasil cairá para cerca de 299,7 milhões de toneladas métricas nesta temporada, de 319,8 milhões de toneladas na anterior, de acordo com a Conab.

A produção de soja, inicialmente prevista em 162 milhões de toneladas em 2023/24, será de 149,4 milhões de toneladas, informou a Conab.

Em um novo relatório divulgado nesta quinta-feira (8), a Conab disse que a produção total de milho do Brasil cairá quase 14%, para 113,7 milhões de toneladas projetadas no ciclo atual.

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