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Volkswagen amplia investimento no Brasil e almeja eficiência energética; aporte chega a R$ 16 bilhões

Plano contempla 16 lançamentos, com destaque para híbridos flex e uma nova picape

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São Paulo

A Volkswagen confirma nesta sexta-feira (2) a ampliação do seu plano de investimento no Brasil, com foco em eficiência energética. Serão adicionados R$ 9 bilhões ao programa em curso, que teve início há dois anos. No total, serão R$ 16 bilhões entre 2022 e 2028.

A renovação do ciclo inclui os primeiros carros híbridos produzidos pela marca no país, além de uma picape que irá concorrer com Fiat Toro, RAM Rampage e Ford Maverick.

Volkswagen Golf GTE 2024 branco de frente
Novo Volkswagen Golf GTE 2024 tem motorização híbrida - Divulgação

A Volkswagen trabalha para reduzir emissões tanto de seus carros como de suas fábricas. Uma das ações é a utilização de biometano nas instalações.

Segundo Ciro Possobom, presidente da montadora no Brasil, a divisão brasileira será a primeira a utilizar esse gás natural renovável em suas plantas de Anchieta (Grande São Paulo) e de Taubaté, ambas a partir de 2024.


Segundo o executivo, serão mais de 50 mil m3 diários de biogás, fornecidos pela Raízen. A principal aplicação será nas áreas de pintura das carrocerias.

Possobom diz que essa iniciativa reduz em mais de 90% as emissões de CO2 comparando com o gás natural de origem fóssil.

A montadora, contudo, não divide os valores investidos por fábricas ou modelos. Dessa forma, os futuros lançamentos incluem também carros flex sem eletrificação e até opções a diesel, como é o caso da picape média Amarok, que é produzida na Argentina.

O presidente da companhia afirma que, ao todo, serão 16 lançamentos. Quatro modelos serão inéditos. O anúncio será feito em São Bernardo do Campo (SP) com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Trata-se de mais um anúncio da indústria automobilística no início deste ano. Na semana passada, representantes da GM e da BYD encontraram Lula para detalharam investimentos de R$ 7 bilhões e R$ 3 bilhões, respectivamente.

O plano da montadora alemã inclui a produção de um novo motor flex na fábrica de São Carlos (SP). A VW não confirma qual será, mas a principal aposta é o 1.5 TSI que equipa diversos modelos da marca no mercado europeu. A adaptação para o etanol está em andamento.

O foco na eficiência energética vai garantir bonificações sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que fazem parte do programa Mover (Mobilidade Verde), do governo federal.

Esse ponto tem gerado discussões entre as montadoras. O plano do governo beneficia modelos híbridos que rodem com o combustível renovável, mas deverá haver sobretaxa para as opções que combinem apenas gasolina e eletricidade.

Dessa forma, híbridos importados como os chineses BYD Song Plus e GWM Haval H6 seriam mais tributados além de já terem de pagar Imposto de Importação para os veículos trazidos além das cotas que estão sendo estabelecidas.

A Volkswagen, contudo, não quer saber desse problema: irá direto para a produção nacional de híbridos, sempre considerando o etanol no desenvolvimento. É o que está acontecendo com a nova picape.

O utilitário vai usar uma versão ampliada da plataforma MQB, que é a base dos modelos Polo, Virtus, T-Cross e Taos. Trata-se de um plano antigo da Volkswagen: o primeiro protótipo, chamado Tarok, foi apresentado ao público na edição 2018 do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo.

O desenho da nova picape foi registrado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) em janeiro de 2020. É provável que ocorram mudanças, mas o projeto está bastante adiantado.

Entre os carros que passarão por atualizações de estilo até 2025, destacam-se os SUVs T-Cross e Taos. Além da picape, ambos deverão receber a versão híbrida flex do motor 1.5 TSI. Turbinado, pode oferecer diferentes níveis de potência, como ocorre na Europa. Há, por exemplo, versões com 115 cv ou 150 cv –números que tendem a melhorar no Brasil com o uso do etanol.

Possobom diz que o novo pacote de investimentos já foi apresentado aos representantes dos trabalhadores. A Volkswagen tem 13 mil funcionários no Brasil.

"Há sempre uma discussão com os sindicatos, conversamos com eles em novembro do ano passado quando fechamos o acordo", diz o executivo.

Ou seja, o plano de investimentos foi fechado antes da votação na Câmara que prorrogou até 2032 as isenções fiscais a quem produz nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Em dezembro, os representantes das empresas beneficiadas –com destaque para o grupo Stellantis– conseguiram garantir a inclusão na Reforma Tributária dos incentivos para produção de carros flex (motor a combustão). Os concorrentes GM, Toyota e Volkswagen defendiam que a extensão deveria contemplar apenas os modelos híbridos ou 100% elétricos.

Ciro Possobom diz que o plano de investimentos foi mantido apesar desse revés e da consequente perda de rentabilidade diante de montadoras instaladas nas regiões contempladas.

De acordo com o presidente da Volkswagen na América do Sul, as iniciativas poderiam ser mais amplas caso houvesse igualdade de condições.

"Tivemos, sim, que rever investimentos, havia coisas que poderiam ser feitas a mais, e agora estamos segurando", afirma Possobom.

O executivo diz que houve pontos positivos, como a tributação sobre os benefícios concedidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A Volkswagen tem fábricas instaladas nas regiões Sul e Sudeste.

Todos esses pontos foram debatidos com os sindicatos, que, segundo a Volkswagen, aceitaram as condições propostas sobre reajustes futuros e pagamento de PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

Mas essas negociações têm gerado ruídos na comunicação da montadora, com representantes dos trabalhadores divulgando projetos futuros, que são confidenciais.

Nesta segunda (29), a Prefeitura de Taubaté (interior de São Paulo) publicou um post em redes sociais dizendo que o Volkswagen Gol voltaria a ser produzido na cidade a partir de 2025. O texto afirmava ainda que seriam investidos R$ 1 bilhão nesse retorno.

A Volkswagen confirma que um novo automóvel será feito na sua fábrica de Taubaté, mas não revela nem o nome, nem o modelo. Há a possibilidade de ser um SUV compacto do porte de um Fiat Pulse (a partir de R$ 103 mil).

Quanto à produção de 100% elétricos no Brasil, Ciro Possobom diz que só deve ter início no fim da década. Contudo, a empresa vai importar modelos que não usam motor a combustão e iniciar as vendas regulares no país. Hoje há apenas disponibilidade para locação do SUV iD4 e da van Id Buzz, a Kombi elétrica.

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