Descrição de chapéu Agrofolha O Poder do Agro

Agro retoma feiras com vendas em alta, oferta extra de voos e preocupação com clima

Eventos já realizados mostram que, embora indústria projete queda, apetite de produtores lota eventos, hotéis e aviões

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Ribeirão Preto

A temporada de feiras agrícolas no Brasil começou com vendas em alta, mais oferta de voos para os produtores rurais, hotéis lotados e com a repetição de críticas a invasões de terra.

Os eventos ocorrem em cenário de preços de commodities agrícolas abaixo do desejado por agricultores e com reflexos climáticos em regiões produtoras do país.

Depois de baterem recordes de negócios encaminhados nas edições de 2023, ano em que todas as grandes feiras foram realizadas após o fim das restrições impostas pela pandemia, havia a dúvida se o apetite do mercado consumidor seria mantido neste ano.

Supermáquina expostas na Agrishow, a 28ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, no ano passado - Joel Silva - 1º.mai.23/Folhapress

A indústria de máquinas está cautelosa: a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta vender 54,3 mil unidades de tratores e colheitadeiras em 2024, patamar abaixo do registrado nos dois últimos anos, mas o que se viu até aqui nas feiras contrasta com a previsão.

Entre as principais feiras de negócios já realizadas neste ano, a primeira a receber produtores em busca de colheitadeiras, tratores e implementos agrícolas foi a Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), que bateu recorde de visitantes e de faturamento.

A Expodireto Cotrijal, que começou nesta segunda-feira (4) em Não-Me-Toque (RS), foi lançada com otimismo depois de comercializar R$ 7,04 bilhões em 2023 (R$ 7,3 bilhões atualizados).

Para a Show Safra, que acontecerá de 18 a 22 de março em Lucas do Rio Verde (MT), a rede hoteleira da cidade e da região está praticamente lotada.

Já a Tecnoshow Comigo, no início de abril em Rio Verde (GO), quer tentar manter os R$ 11,1 bilhões do ano passado (R$ 11,42 bilhões atualizados).

"Esperamos que aqui continue evoluindo [o agro], porque há necessidade de novas tecnologias, agilidade de plantio, agilidade de colheita, tudo isso tem sido muito importante, principalmente nas questões climáticas. Enfrentamos no estado todo chuva e a colheita está atrasando por causa de chuva", disse o produtor rural Antonio Chavaglia, presidente da Comigo.

"Nossa produtividade tem melhorado na região, apesar da adversidade de clima", afirmou.

Ele afirmou que, se alcançar o mesmo número do ano passado, será uma conquista, já que os preços das commodities agrícolas caiu em relação ao ano passado. "A gente sabe a situação do produtor, convive com ele no dia a dia, mas sempre tem alguém comprando máquinas."

Imagem mostra o produtor rural Antonio Chavaglia, presidente da Comigo, cooperativa que organiza a Tecnoshow, em Rio Verde (GO)
O produtor rural Antonio Chavaglia, presidente da Comigo, cooperativa que organiza a Tecnoshow, em Rio Verde (GO) - Divulgação

Em apenas cinco dias, 391 mil pessoas passaram pela feira em Cascavel, ante as 384 mil de 2023, e foram gerados R$ 6,1 bilhões em intenções de negócios, ante os R$ 5 bilhões da edição anterior (R$ 5,23 bilhões, corrigidos pela inflação).

A Expodireto Cotrijal foi lançada em fevereiro em Porto Alegre com clima de otimismo, defesa do agro e, também, críticas a invasões de terra.

Ao afirmar que o setor enfrenta dificuldades, como a estiagem no Sul, o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, disse na cerimônia na capital gaúcha querer que a "sociedade reconheça" o agro.

"Queremos que a sociedade nos reconheça e também entenda a importância do agro. O agro no Brasil hoje representa um terço do PIB, dos empregos e mais de 50% das exportações. Tudo isso faz com que nossa economia, balança comercial, desenvolvimento, passem pelo agro."

Ao discursar, o governador Eduardo Leite (PSDB) defendeu os produtores rurais e criticou as invasões de terra. "O respeito à propriedade, o respeito a quem empreende, é regra basilar para que a gente possa desenvolver o nosso estado", disse.

Mesmo nos eventos mais regionais, como a Feira do Cerrado, realizada em Monte Carmelo (MG) e organizada pela Cooxupé, maior cooperativa de café do país, os resultados foram bons.

Ela recebeu em fevereiro 4.500 cafeicultores e fechou mais de 4.000 orçamentos de produtores rurais, ou nos próprios dias do evento ou após, nos núcleos de atendimento da cooperativa.

A maior parte dos negócios foi feita utilizando sacas de café como moeda, e os dados indicam que os produtores que foram, em sua maioria, tinham interesse em comprar.

"Esse tipo de operação [troca] superou os resultados em relação às demais edições da feira. O cafeicultor entendeu que o momento é bom e propício", disse o superintendente de desenvolvimento do cooperado da Cooxupé, José Eduardo Santos Júnior.

Agrishow transforma Ribeirão Preto em hub

Principal feira de tecnologia agrícola do país, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, provocou a criação de um mini-hub da Azul no aeroporto Leite Lopes, com o anúncio de 66 voos extras entre o último dia 28 e 4 de maio ligando principalmente o Centro-Oeste à cidade.

Além dos voos para Cuiabá, Campo Grande, Brasília e Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre também terão voos extras para a feira, que deve injetar diretamente mais de R$ 500 milhões na economia regional.

A frequência entre Ribeirão e Campinas, principal hub da Azul, também será ampliada pela aérea.

Da média diária de dez voos de/para Ribeirão Preto, durante a Agrishow a previsão é que a Azul opere até 24 voos diários para suprir a demanda criada pelo boom de produtores rurais que se deslocam à cidade.

Grupo mineiro assume concessionárias da John Deere no interior paulista

Além das perspectivas em alta nas feiras agrícolas, outros negócios têm movimentado o setor recentemente no interior paulista, como o feito pelo grupo mineiro Tracbel, que criou a Tracbel Agro e assumiu a concessão de dez concessionárias da John Deere no interior de São Paulo —chegando a 16 lojas agrícolas em uma região com 200 municípios.

O anúncio do grupo, que tem sede em Contagem (MG), foi feito na última semana em Ribeirão Preto e, segundo o CEO da Tracbel, Gidalto Santos, o negócio é a continuidade do projeto de expansão em direção ao agronegócio.

A escolha por Ribeirão Preto se deveu à concentração de negócios envolvendo a agricultura na região, como usinas de açúcar e etanol e atividades como citricultura, grãos, amendoim, carnes e café.

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