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Bolsa cai com mercado à espera de novos dados dos EUA; dólar registra leve queda

Relatório de emprego e pronunciamento de Jerome Powell estão no radar de investidores nesta semana

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São Paulo

A Bolsa brasileira registrou queda de 0,65% e fechou o pregão aos 128.340 pontos nesta segunda-feira (4), sob efeito de uma agenda esvaziada e com investidores aguardando novos dados econômicos nos Estados Unidos. As principais baixas foram de Vale e Petrobras, as duas de maior peso do Ibovespa, que foram as mais negociadas da sessão, em dia de fraqueza das commodities no exterior.

"Investidores estão no aguardo da agenda carregada da semana, que finaliza com o payroll [relatório de emprego nos EUA] na sexta-feira, mas traz também reunião do Congresso Nacional do Povo, com possibilidade de anúncio de estímulos, na China", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Nishimura cita, ainda, que autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) devem realizar pronunciamentos ao longo da semana e podem dar pistas sobre o futuro da política de juros dos EUA.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, cita que o dia foi negativo para os mercados globais em geral.

"Há bastante coisa no radar dos investidores, e eles começam essa semana na retaguarda. Não significa que essa tendência vai se manter nos próximos dias, mas sabíamos já que o começo do ano seria um pouco trivial. A gente teve um janeiro difícil, fevereiro tentou alguma recuperação, mas a gente vê que existe ainda um tom um pouco pessimista", diz o analista.

Mulher tira foto do painel eletrônico do mercado acionário paulista, na sede da B3
Mulher tira foto do painel eletrônico do mercado acionário paulista, na sede da B3 - Amanda Perobelli/Reuters

No câmbio, o dólar registrou leve queda de 0,14%, terminando o dia cotado a R$ 4,946.

O movimento do câmbio no mercado doméstico ficou em linha com a estabilidade do índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes no exterior. Segundo agentes financeiros, as oscilações tímidas das moedas refletem um "modo de espera" nos mercados antes de eventos e dados econômicos desta semana.

"O principal fator de incerteza é como as nações mais fortes economicamente irão reagir aos desafios da inflação e quais são seus planos para a política monetária", disse Diego Costa, chefe de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.

"A quebra de expectativa de seis cortes de juros nos Estados Unidos e uma perspectiva de início de afrouxamento monetário na zona do euro apenas no meio do ano deixou o mercado mais cauteloso. Para calibrar essas expectativas, o mercado segue atento aos indicadores, às falas de representantes dos bancos centrais."

O presidente do Fed, Jerome Powell, dará depoimento a parlamentares na quarta e na quinta-feira (7), fala que virá após moderação recente nas apostas de mercado sobre cortes de juros. No mês passado, dados dos índices de preços ao consumidor e ao produtor dos Estados Unidos surpreenderam para cima, embora a inflação medida pelo PCE —indicador preferido do Fed— tenha ficado dentro do esperado.

"Nos EUA, embora o relatório de inflação PCE de janeiro não tenha impressionado muito as expectativas, a tendência de alta nos preços não parece estar se dissipando. Juntamente com a ausência de quaisquer sinais sérios de desaceleração no mercado de trabalho dos Estados Unidos, isso parece excluir a possibilidade de cortes na taxa de juros do Federal Reserve nos próximos meses", disse Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank.

Segundo ele, essa visão será testada na sexta-feira, quando for divulgado o relatório de criação de vagas fora do setor agrícola dos EUA de fevereiro. A expectativa é de abertura ainda sólida de 200 mil vagas de trabalho, contra 353 mil em janeiro, e qualquer dado acima do esperado deve levar a nova onda de pessimismo quanto ao início do afrouxamento monetário do Fed.

Juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos pintam um cenário frutífero para o dólar, em que o mercado de renda fixa norte-americano atrai mais investimentos por estar oferecendo, ao mesmo tempo, retornos atraentes e segurança, elevando desta forma a demanda pela divisa local. Esse mesmo ambiente torna as divisas emergentes comparativamente menos interessantes, pois, embora sejam muito rentáveis, são também mais arriscadas.

Nesta segunda, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em relação ao quadro fiscal do Brasil que o governo tem condições de entregar um resultado que surpreenda para melhor, o que, segundo alguns participantes do mercado, pode ter ajudado a apoiar o real, embora o foco tenha permanecido no cenário externo.

Com Reuters

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