Descrição de chapéu Energia Limpa Bloomberg

Emissão de títulos verdes por emergentes enfrenta regras mais rígidas da UE

Padrões europeus exigem que emissores informem detalhes do plano para os recursos e metas específicas antes da emissão em si

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Selcuk Gokoluk
Bloomberg

As emissões de dívida para financiar metas climáticos nos mercados emergentes encolheram com os critérios mais rigorosos da União Europeia para comprar esses papéis ligados à sustentabilidade.

Os tomadores de crédito de mercados emergentes emitiram 23% menos títulos verdes este ano do que durante o mesmo período de 2023, de acordo com dados compilados pela Bloomberg sobre captações internacionais em euro e dólar.

Vista de drone de rio e floresta densa
Terra Indígena Juma, no Amazonas (crédito: Puré Juma; bolsista do Programa de Microbolsas Jornalismo Tapajós, parceria do Laboratório de Comunicação Amazônia, do Projeto Saúde e Alegria e da Folha) - Puré Juma

O recuo contrasta com um boom das ofertas globais de dívida dos países em desenvolvimento em geral.

A tendência ressalta o descompasso entre os emissores emergentes e uma UE cada vez mais focada em combater as mudanças climáticas. O bloco apertou os critérios após um acordo sobre transparência e utilização dos recursos provenientes de títulos verdes.

Isso pressiona nações em desenvolvimento ansiosas por recorrer a investidores europeus endinheirados e preocupados com o meio ambiente, em um contexto de juros globais elevadas.

A diminuição das emissões também levanta questões sobre a escala do chamado "greenwashing", como são chamadas iniciativas que beneficiam o meio ambiente apenas na fachada.

"As novas regras ajudam a regular o campo e a evitar o risco de greenwashing, mas também são pensadas a partir de uma ‘perspectiva europeia’, tornando mais difícil a adaptação dos emissores emergentes", afirmou Giulia Pellegrini, gestora sênior para dívida emergente na Allianz Global Investors, em Londres. Embora construtivas, as regulamentações "criam alguma fadiga e complicam a vida dos novos emissores", disse ela.

Para que a dívida seja classificada como título verde sob os padrões da UE publicados em 30 de novembro, os emissores devem publicar um folheto informativo de pré-emissão detalhando como os recursos serão usados para metas ambientais específicas, juntamente com relatórios anuais de alocação até que sejam gastos. Auditores externos também devem fornecer auditorias pré e pós-emissão, bem como uma opinião sobre a conformidade.

Embora estas regras só entrem em vigor no final de 2024, os investidores europeus preferem títulos que já cumpram alguns dos critérios. Os emissores emergentes venderam um total de US$ 282 bilhões de títulos verdes na última década, incluindo um valor quase recorde de US$ 58 bilhões em 2023.

Os retornos de estratégias ESG com exposição reduzida (underweight) a ativos de combustíveis fósseis perderam terreno com a crise energética gerada pelas sanções à Rússia por invadir a Ucrânia. Os títulos verdes de países em desenvolvimento perderam 4,6% desde o início da guerra na Ucrânia, há dois anos, comparado a um retorno negativo de 0,5% para dívida em dólar de emergentes em geral.

Mas pode ser que as ofertas de títulos verdes se recuperem quando os emissores se familiarizarem mais com as novas regras da UE, segundo Pellegrini.

"A demanda ainda é muito robusta por parte dos investidores europeus", disse Peter Varga, gestor sênior da Erste Asset Management, citando a demanda pela colocação de US$ 1,5 bilhão da Raízen.

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