Empresário de Maringá projeta megabairro com monitoramento 24 h e título de sustentabilidade

Localizado em uma área central de Maringá, empreendimento já recebeu mais de R$ 200 milhões em investimento do grupo Nogaroli

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Curitiba

O grupo do empresário Jefferson Nogaroli, conhecido pela atuação na área de supermercados, já investiu mais de R$ 200 milhões no empreendimento batizado de Eurogarden, um bairro inteiro localizado em uma área central da cidade de Maringá, no norte do Paraná.

"O bairro vai precisar de mais uns R$ 400 milhões de investimento para ficar pronto. Fizemos um terço", diz.

A área, onde até o final da década de 1990 funcionava um aeroporto, foi comprada no ano de 2009 pelo grupo Nogaroli. Mas, segundo o empresário, em função do cenário econômico, a ideia só começou a sair do papel mais recentemente, de uns cinco anos para cá.

"Contratei uma empresa francesa para fazer uma coisa diferente. Maringá já foi eleita três vezes a melhor cidade do Brasil para se viver [segundo ranking da consultoria Macroplan] e queríamos fazer algo a altura", afirma o empresário, em entrevista à Folha.

Alamedas, jardins, praças
Eurogarden dá prioridade ao pedestre, com alamedas, jardins, praças - Divulgação

Trata-se de um loteamento de quase 60 hectares, onde ainda serão construídas torres residenciais e comerciais, mas que desde o ano passado já está com toda sua infraestrutura básica montada, voltada especialmente ao pedestre —o espaço é tomado por alamedas, jardins, praças, ciclovias, e não se vê rede elétrica, que é toda subterrânea.

O investimento do empresário já custeou a infraestrutura do bairro.

O Eurogarden também tem usina de energia solar própria, sistemas de captação da água da chuva, e já exibe títulos, como a certificação LEED Platinum, concedida pelo Green Building Certification Institute (GBCI). Por causa disso, Nogaroli diz acreditar que seja um dos bairros "mais sustentáveis do mundo".

Apesar da preocupação com o ambiente, chamariz da propaganda do empreendimento, o empresário afirma que, para ele, o fator segurança é prioridade.

"Para mim, a segurança é o principal atributo. A beleza, a localização, são atributos desejáveis, mas, se não for seguro, não vale nada", diz.

O Eurogarden é um bairro aberto, mas tem características de condomínio fechado, com câmeras de leitura facial e de placas de veículos por toda parte. Ao longo das alamedas também foram instalados "postes inteligentes" com "botão do pânico".

"Se a pessoa tiver qualquer sensação de insegurança ou alguma outra necessidade urgente, ela aperta o botão do pânico, e nosso operador vai até lá imediatamente", explica. Ele se refere aos funcionários do "centro de comando de controle", que ficam de olho em toda a área 24 horas por dia.

"Quem estiver fazendo qualquer uso indevido do bairro, nós podemos intervir. Mas a gente tem tido zero problema. Esta ostensividade da tecnologia espanta aquela pessoa que tem má intenção", afirma.

E o "condomínio aberto" também tem suas regras. Uso de bebida alcoólica nos espaços comuns, por exemplo, é proibido. "Pode fazer piquenique, tem os jardins, é tudo de graça, mas, se a pessoa quiser beber, a gente convida para sair", conta.

A segurança privada, assim como a limpeza e a manutenção dos espaços comuns, estão sendo bancados hoje pelo empreendedor, mas a ideia é que os gastos depois sejam assumidos pela associação de moradores do bairro, que já foi instituída e tem seu estatuto, com direitos e deveres de quem vai viver no lugar.

"As alamedas para pedestres, por exemplo, são áreas privadas, e a gente precisa manter o espaço em um patamar de excelência. É como se fosse um grande condomínio. Cada um vai pagar um percentual sobre a área construída que tem. E isso vai ficar superbarato", avalia.

Áreas verdes e ciclovias
Eurogarden é um bairro aberto, mas tem características de condomínio fechado, com câmeras de leitura facial e de placas de veículos - Divulgação

O Eurogarden fica ao lado do que a prefeitura tem chamado de "novo centro cívico", um bairro onde devem se concentrar no futuro os principais edifícios públicos, como prefeitura e Câmara. Prédios da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho já funcionam ali.

A infraestrutura do novo centro cívico —drenagem, iluminação, sistema viário— foi feita pelos mesmos investidores do Eurogarden, em troca de potencial construtivo.

O prefeito da cidade, Ulisses Maia (PSD), fala em "operação consorciada".

"O município ganhou uma área inteira já estruturada, que hoje é um dos pontos mais nobres de Maringá, sem ter desembolsado nenhum recurso. E para o empresário também foi importante, porque isso viabilizou o empreendimento dele", diz Maia.

O empresariado também ficou responsável pela construção de um parque linear de 2 km de extensão, entre o novo centro cívico e o Eurogarden. "Bom para os dois lados, para o setor privado e para o município", afirma o prefeito.

A proximidade com o futuro centro cívico é apresentada como uma das vantagens de se morar no Eurogarden, mas Nogaroli afirma que a ideia é que o bairro tenha ampla oferta de serviços.

"Ao contrário do estilo americano, que tem o carro como centralidade, o estilo europeu é mais de caminhada, de fazer pequenas compras a pé. Por isso o nome, Eurogarden. Hoje as pessoas já entenderam que morar em uma minicidade é a melhor opção. Adensa mais, verticaliza mais, e centraliza os serviços", diz.

Por enquanto, o Eurogarden, inaugurado em meados do ano passado, abriga apenas uma arena de tênis e um café. A obra de uma escola internacional deve começar em breve. Na sequência, serão construídas torres residenciais.

Enquanto isso, principalmente nos fins de semana, as grandes áreas verdes, alamedas e ciclovias, se tornaram ponto de lazer para a população da cidade, que tem mais de 400 mil habitantes. O espaço também tem sido palco para eventos esportivos e culturais.

Os primeiros prédios residenciais devem ser entregues nos próximos 42 meses. Os apartamentos serão de alto padrão, mas com plantas variadas, incluindo metragens pequenas.

"Pelo tamanho do empreendimento, eu acredito que serão uns 15 anos até ele estar bem adensado, na sua capacidade máxima", diz Nogaroli. Ele calcula que a capacidade do bairro seja de 50 a 60 mil pessoas, entre moradores e pessoas que trabalham ou passam pelo bairro ao longo do dia.

Os terrenos ainda estão vendidos para construtoras e empresas interessadas. Em dezembro, o Grupo A.Yoshii adquiriu dois lotes, onde serão levantadas duas torres residenciais.

A própria construtora que integra o grupo Nogaroli vai construir mais duas torres residenciais. O grupo Nogaroli surgiu na década de 1980, com o pai de Jefferson Nogaroli, e hoje possui mais de dez empresas.

"Agora estamos negociando com outro grupo uma quinta torre, mas vai ser corporativa, do tipo comercial", antecipa.

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