Descrição de chapéu Energia Limpa

Investimento em energia limpa cresceu 50% desde 2019 concentrado na China e em países ricos

Relatório da Agência Internacional de Energia aponta que fontes limpas evitaram 2,2 bilhões de toneladas de emissões de CO2

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São Paulo

Os investimentos em energia limpa aumentaram quase 50% de 2019 a 2023, atingindo US$ 1,8 trilhão (R$ 8,91 trilhões) no ano passado, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia), autoridade máxima nesse assunto.

O crescimento da geração de eletricidade a partir da energia limpa superou o dobro do crescimento da geração a partir de combustíveis fósseis.

A produção de eletricidade de baixas emissões cresceu cerca de 1.800 TWh (Terawatt-hora), apesar da estagnação da energia hidrelétrica e da queda da energia nuclear por causa da seca e das paradas forçadas da frota nuclear na União Europeia.

Já a geração de eletricidade à base de combustíveis fósseis cresceu 850 TWh.

O sol se põe atrás de turbinas eólicas geradoras de energia perto de Waremme, na Bélgica - Yves Herman - 24.jan.24/Reuters

A agência credita esse movimento aos pacotes bilionários de estímulos aprovados pelos países durante a pandemia de Covid-19.

Essa geração de energia verde evitou cerca de 2,2 bilhões de toneladas de emissões de CO2 anualmente. Sem ela, segundo a AIE, o aumento das emissões de CO2 globalmente no mesmo período teria sido mais de três vezes maior.

De acordo com o relatório Monitor de Mercado de Energia Limpa —cuja primeira edição foi divulgada nesta segunda-feira (4)— a implementação global de energia limpa atingiu novos patamares em 2023, com adições anuais de energia solar fotovoltaica e eólica crescendo 85% e 60%, respectivamente.

Juntas, essas duas tecnologias fornecem cerca de 540 GW (gigawatts) de potência; em comparação, a capacidade total de geração de energia elétrica no Brasil é de 218 GW.

Ainda assim, 90% desse acréscimo ficou concentrado na China, ecoando as narrativas de especialistas e políticos de países emergentes sobre a dificuldade de captar recursos internacionais para projetos verdes.

No final do ano passado, durante a COP28, 116 países, incluindo o Brasil, se comprometeram a triplicar a capacidade instalada de energias renováveis no mundo até 2030, alcançando cerca de 11 mil gigawatts.

A China e os países desenvolvidos também foram responsáveis por 95% das vendas globais de carros elétricos.

No mundo todo essas vendas cresceram cerca de 35% em 2023, atingindo 14 milhões de veículos —um a cada cinco carros vendidos no mundo foram elétricos; na China foram um a cada três e na União Europeia um a cada quatro.

Já as adições de capacidade de eletrólise de hidrogênio cresceram 360% em 2023, mas a partir de uma base muito baixa, o que explica o aumento acentuado.

Em 2022, o mundo tinha capacidade de produzir 131 MW (megawatts) de energia a partir dessa tecnologia e, em 2023, 600 MW. Em comparação, o salto de geração solar, por exemplo, foi de 228 GW para 420 GW (1 GW equivale a 1.000 MW).

O aumento na produção de hidrogênio verde se deveu em grande parte à China, que passou a União Europeia na capacidade de geração.

Os Estados Unidos também aumentaram a velocidade de implantação, mas as adições anuais permaneceram modestas em termos absolutos.

Já as adições de capacidade nuclear caíram para 5,5 GW em 2023; em 2022 eram 7,9 GW.

Ainda assim, de acordo com a AIE, cinco projetos de construção de novos reatores nucleares começaram em 2023 e, no início de 2024, havia 58 reatores em construção em todo o mundo —podendo acrescentar uma capacidade total de mais de 60 GW. A energia nuclear, vale ressaltar, não é renovável.

Por outro lado, a eficiência energética no mundo está avançando em passos bem mais lentos. A AIE avaliou uma melhoria na intensidade energética de cerca de 1% em 2023, quatro vezes menor do que o compromisso da COP28 de dobrar a taxa até 2030.

Energia limpa evita combustíveis fósseis

De acordo com a AIE, esse aumento da capacidade instalada de energia renováveis entre 2019 e 2023 evitou uma demanda anual de energia de combustíveis fósseis de cerca de 25 EJ (exajoule).

Isso equivale a 5% da demanda global total de combustíveis fósseis em todos os setores em 2023 ou quase a demanda total de energia do Japão e da Coreia do Sul juntos.

Esse acréscimo, por exemplo, evitou a queima de cerca de 580 milhões de toneladas equivalentes de carvão (Mtce) por ano, o que equivale à demanda anual de carvão para geração de eletricidade da Índia e da Indonésia juntas.

O maior impulsionador da demanda de carvão evitada foi a implantação de energia solar fotovoltaica e energia eólica nos setores de eletricidade ao redor do mundo, com as duas tecnologias evitando cerca de 320 e 235 Mtce de demanda anual de carvão, respectivamente.

A demanda evitada de gás natural é de cerca de 180 bcm anualmente em termos de equivalente energético. A demanda evitada é maior do que as exportações de gás natural da Rússia para a União Europeia antes da Guerra da Ucrânia, que foram de cerca de 150 bcm em 2021.

A implementação de energia eólica e solar fotovoltaica fornece a maior parte dessa demanda evitada (155 bcm), embora a implantação de bombas de calor também tenha evitado cerca de 15 bcm da demanda anual.

Já a demanda evitada de petróleo chega a quase 1 milhões de barris por dia em termos de equivalente energético. Sem isso, a demanda de petróleo teria ultrapassado o nível pré-pandêmico em vez de permanecer ligeiramente abaixo em 2023 em termos de equivalente energético. Os carros elétricos forneceram a maioria da demanda de petróleo evitada.

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