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Juro do rotativo do cartão de crédito recua a 415,3% em janeiro após mudança nas regras

Foi o primeiro mês desde que a norma que estabelece o teto de 100% da dívida entrou em vigor

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Brasília

A taxa média de juros cobrada pelos bancos de pessoas físicas no rotativo do cartão de crédito recuou para 415,3% ao ano em janeiro, quando passou a vigorar a nova regra da modalidade. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (8).

Houve uma queda de 26,8 pontos percentuais no mês no rotativo, na comparação com dezembro de 2023, quando a taxa estava em 442,1% ao ano.

Apesar da redução mais acentuada, o juro médio se manteve acima dos 400% ao ano –patamar que ocupa desde dezembro de 2022. Na comparação em 12 meses, a taxa caiu 0,4 ponto percentual.

Fachada do Banco Central, em Brasília - Gabriela Biló - 14.abr.2023/Folhapress

Desde o dia 3 de janeiro, está em vigor a norma que estabelece que a dívida de quem atrasa o pagamento da fatura do cartão de crédito não pode mais superar o dobro do montante original.

Essa regulamentação foi definida em dezembro pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) –colegiado formado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

As novas regras foram estabelecidas pela lei do Desenrola, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro do ano passado. O Congresso chegou a abrir a possibilidade de autorregulação no setor no prazo de 90 dias, mas as instituições financeiras não chegaram a um consenso sobre uma proposta alternativa. Sem acordo, passou a valer o teto de 100% da dívida.

Para o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, a mudança teve um impacto indireto sobre as taxas praticadas no rotativo do cartão.

"[A nova regra] não teve um efeito direto porque a lei não define quais devem ser as taxas de juros para esse mercado, mas ela tem um efeito indireto de disciplina de mercado", disse.

O técnico da autoridade monetária afirmou que não tinha uma expectativa quantitativa de qual seria o impacto da nova legislação, mas que acredita que a medida válida desde janeiro vai se mostrar mais efetiva na medida em que o tempo for passando.

Apesar do movimento de queda, Rocha admitiu que as taxas praticadas pelas instituições financeiras continuam "elevadíssimas".

Mas ele também ressaltou, durante a apresentação dos dados do BC, uma redução significativa no saldo das operações de rotativo do cartão de crédito, com uma queda de quase 25% em 12 meses. O estoque no fim de janeiro, de R$ 60,9 bilhões, é o menor desde abril de 2022.

"É uma modalidade de crédito emergencial e, seu saldo, tem sido reduzido. O que pode significar, por um lado, que as pessoas estão conseguindo escapar dessa modalidade de crédito ou, então, que as pessoas estão conseguindo renegociar essas operações com suas instituições financeiras para obter novos créditos com melhores condições de taxas e de prazo", disse.

Izis Ferreira, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), observa que houve um aumento significativo nas concessões de crédito no parcelado do cartão (variação de 30,9% em 12 meses até janeiro) e também no saldo dessa modalidade (elevação de 40,3% no mesmo período).

Quanto aos juros do rotativo, ressalta que a taxa ainda é "muito discrepante" se comparada a outras modalidades de crédito.

Em janeiro, a inadimplência no rotativo do cartão de crédito se manteve estável em 53,9% –mais da metade do volume das operações.

No primeiro mês do ano, houve liberação de R$ 31,3 bilhões no rotativo de cartão de crédito –alta de 8,1 pontos percentuais na comparação com dezembro de 2023, quando foram concedidos quase R$ 29 bilhões na modalidade.

O pico de concessões foi atingido em novembro do ano passado, com R$ 33 bilhões –foi o mês com maior volume liberado nessa modalidade desde o início da série histórica em março de 2011.

O rotativo é a linha de crédito mais cara do mercado, recomendada por especialistas apenas em casos emergenciais. Ele é acionado quando o cliente não paga o valor integral da fatura na data de vencimento.

Desde 2017, os bancos são obrigados a transferir a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, que possui juros mais baixos, após um mês.

A taxa do parcelado do cartão também caiu em janeiro, passando de 196,9% ao ano em dezembro de 2023 para 187,8% ao ano no primeiro mês deste ano.

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