Mercado confia muito mais em Campos Neto do que em Lula, diz pesquisa

Levantamento Genial/Quaest mostra que 96% dos entrevistados veem presidente como pouco ou nada confiável

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São Paulo

Para os fundos de investimentos, não há comparação: Roberto Campos Neto é mais confiável do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em pesquisa realizada pela plataforma de investimentos Genial e pela empresa de inteligência de dados Quaest, 81% dos gestores, economistas, traders e analistas do mercado responderam "confiar muito" no presidente do Banco Central. Apenas 1% tem a mesma visão de Lula.

Para 96% dos entrevistados, o presidente é "pouco ou nada" confiável. Quanto a Campos Neto, o índice cai para 2%.

Lula (à esquerda) na abertura da cúpula do G20, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (centro) e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
Lula (à esquerda) na abertura da cúpula do G20, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (centro) e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Adriano Machado-13.dez.23/Reuters

Os números fazem parte da pesquisa "O que pensa o mercado financeiro", que já havia sido realizada pelas duas empresas em novembro do ano passado.

Os dados foram coletados por entrevistas online e por meio de respostas a questionários de 14 a 19 de março deste ano.

Dos 101 fundos com sedes em São Paulo e Rio de Janeiro, 64% têm visão negativa do governo Lula, um aumento de 12% em relação à pesquisa anterior. São 30% os que qualificam como "regular" a atual administração e 6% têm visão positiva.

Também nesse quesito, a avaliação do mercado financeiro é muito mais favorável a Campos Neto.

Na pergunta "como avalia a atuação do presidente do Banco Central desde o começo de 2023", 94% responderam como "positiva" e apenas 1% como "negativa."

Lula vive às turras com Campos Neto desde o início do seu mandato. Ele se irrita com o que considera excessiva resistência do Banco Central em reduzir as taxas de juros.

Na semana passada, acusou o presidente do BC de "contribuir para o atraso do crescimento econômico" do país.

"Não tem nenhuma explicação os juros da taxa Selic estarem em 11,25% [ao ano]. Não existe nenhuma explicação econômica, nenhuma explicação inflacionária, não existe nada, a não ser a teimosia do Banco Central em manter essa taxa de juros", disse ele, em entrevista ao SBT.

Nesta quarta-feira (20), o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, volta se reunir para discutir a Selic. A expectativa é de uma queda de 0,5 ponto percentual, o que levaria os juros 10,75% ao ano.

A popularidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também é bem superior à de Lula: 64% avaliam seu trabalho como positivo, enquanto 12% veem como negativo.

Apesar disso, os fundos de investimento são descrentes de que o governo vai atingir o déficit zero neste ano, uma das bandeiras de Haddad na Fazenda: 99% não creem que isso vá acontecer. Mesmo assim, 51% consideram que o ministro está mais forte agora do que no início do mandato e 14%, menos forte.

Intervenção na economia

O maior temor do mercado é o intervencionismo do governo federal na economia. Para 50% dos entrevistados, este é o maior risco para o governo Lula, mais do que o dobro em relação a estouro da meta fiscal (23%). Bem superior também à perda de popularidade do presidente (19%), baixo crescimento (3%), deterioração no cenário externo (2%), confronto com o Congresso Nacional (2%) e volta da inflação (1%).

Apenas 19% dos integrantes de fundos de investimento esperam que a inflação aumente neste ano, e a maior parte (46%) acredita em redução. São 36% os que possuem expectativa de índice semelhante ao de 2023 (4,62%).

As opiniões são pessimistas também quanto ao rumo da economia: 71% consideram que a política econômica está na direção errada.

No cenário para os próximos 12 meses, 47% avaliam que a economia vai seguir como está hoje, 32% que continuará igual, e 21% acreditam na piora.

A maioria (52%) espera que a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 fique dentro do esperado pelo mercado: 1,78%. São 32% os que creem em um número maior do que esse e 10%, menor.

Os fundos reprovam as declarações do presidente sobre a Petrobras e a Vale. Lula criticou a intenção da estatal de petróleo de pagar dividendos, dizendo que a empresa tem de pensar em investimentos, não apenas nos acionistas. Sobre a Vale, afirmou que a mineradora não pode pensar ser dona do Brasil.

Pela pesquisa da Quaest e da Genial, 97% responderam ser errada a decisão da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários aos investidores, enquanto 89% temem que uma possível interferência do governo federal diminua os investimentos estrangeiros no país.

Segundo o levantamento, 86% veem Lula como candidato à reeleição em 2026, e 53% dos entrevistados acreditam em sua vitória.

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