Rui Costa diz que tem que 'fungar no cangote' para coisas andarem no serviço público

Segundo chefe da Casa Civil, funcionalismo tende à 'inércia grande'

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Brasília

O ministro Rui Costa (Casa Civil) disse nesta segunda-feira (11) que é preciso "fungar no cangote" para as coisas andarem no serviço público. Costa falou ainda que, no geral, há uma "tendência a inércia grande" no setor.

A declaração foi dada em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole, da Bahia, após ter sido questionado sobre cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Quando você não vê aquilo que você queria que acontecesse no prazo correto, no tempo correto, evidente que a temperatura sobe um pouquinho e a cobrança vem como qualquer outra. E é bom que seja assim. Digo sempre que quem é prefeito, governador, presidente da República tem que pisar no calcanhar, fungar no cangote para as coisas andarem", disse o ministro.

O ministro Rui Costa (Casa Civil) participa de cerimônia de assinatura de contrato para financiamento a infraestrutura e saneamento no estado de Pernambuco. - Pedro Ladeira-12.7.2023/Folhapress

"Há uma tendência à inércia grande, em geral, no serviço público. Tem uma velha frase: 'Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje'. Então, às vezes, se você deixar solto, pessoal 'deixe para semana que vem, não tem necessidade de fazer agora, ou deixe para amanhã'. Na verdade, é preciso fazer hoje e não amanhã. Porque o povo precisa é hoje. Muitas vezes o governante precisa dar calor para as coisas andarem no tempo correto, e o presidente [Lula] sabe dar esse calor", disse.

O funcionalismo público tem quase 600 mil servidores, que vão desde professores de universidades federais até auditores da Receita. Os salários são variados e, para todas as carreiras, o ingresso é por meio de concurso público, de acordo com a Constituição de 1988.

Rui Costa fez referência a algo que o próprio presidente diz publicamente: pressa de fazer com que os projetos saiam do papel. No seu primeiro ano de mandato, ele fazia cobranças inclusive publicamente, como quando o fez numa reunião com ministros da área produtiva e industrial.

Na época, ele cobrou integrantes do seu primeiro escalão para realizar mais entregas e divulgar melhor os feitos do governo.

O ministro da Casa Civil disse ainda, durante a entrevista, que há ministros com intimidade para falar sobre o que tem potencial de dar errado.

"Eu diria que os ministros que estão no palácio têm essa relação com ele, eu, [Alexandre] Padilha, [Paulo] Pimenta da comunicação. Nós temos essa intimidade para falar com ele, o VDM né, vai dar merda. Muitas vezes o presidente ouve às vezes sem refutar, às vezes ele leva na brincadeira o que você está falando, porque nem sempre quem fala também está certo. Às vezes você prevê que aquilo vai dar merda, mas às vezes dá certo. Mas ele ouve, ele tem essa capacidade", afirmou Costa.

No mês passado, servidores federais elevaram pressão sobre o governo e ameaçaram greve para conseguir reajuste salarial neste ano.

Além de mobilização geral, há categorias, nas quais estão profissionais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do Banco Central, que se movimentam por demandas próprias, como reestruturação de carreira.

Depois de anos sem aumento, em 2023, servidores federais tiveram um reajuste de 9%, após negociação com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, e um aumento de 43,6% no auxílio-alimentação.

Para entidades que representam esses profissionais, os valores ainda são insuficientes para suprir a defasagem salarial.

O Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado), a Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) e outras centrais sindicais pedem um reajuste de 34,32% dividido em três parcelas, em 2024, 2025 e 2026.

O ministério diz em nota que o aumento de 9% começou a valer a partir de maio de 2023. Por isso, o orçamento deste ano já conta com esse valor na folha de pagamento. Segundo a pasta, o governo se comprometeu a oferecer reajuste de 4,5% em 2025 e a mesma porcentagem para 2026.

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