Descrição de chapéu Banco Central

Acúmulo de juros em relação à dívida do cartão cresce em metade das instituições, mostra BC

Expectativa é de aumento nos próximos meses até montante encostar no teto de 100%

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Brasília

O montante de juros acumulado no rotativo e no parcelado do cartão de crédito em relação ao valor original da dívida contraída pelos clientes cresceu em fevereiro em 7 das 15 instituições financeiras analisadas pelo Banco Central, conforme dados divulgados pela autarquia nesta terça-feira (2).

Considerando no cálculo as dívidas em aberto no mês de fevereiro, independente da data exata de contratação a partir de 3 de janeiro, seis instituições apresentaram estabilidade e outras duas tiveram redução no montante de juros nessas modalidades.

A análise se refere a 99% das operações realizadas por essas instituições. Até agora, o montante acumulado varia de 15,25% (Nu Financeira, do grupo Nubank) a 28,33% (banco CSF, do grupo Carrefour).

A autoridade monetária passou a acompanhar uma amostra de 15 instituições financeiras, que representam cerca de 80% desse mercado de crédito, para fornecer informações relativas ao chamado "muro inglês" —a nova regra que limita as dívidas no cartão a no máximo 100% do valor inicial.

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Sede do Banco Central, em Brasília - Gabriela Biló - 14.abr.2023/Folhapres

O cliente que não paga a fatura integral do cartão na data do vencimento pode passar no máximo 30 dias no rotativo. Desde 2017, as instituições financeiras são obrigadas, após um mês, a migrar essa dívida para um crédito parcelado, que tem juros mais baixos.

O indicador foi lançado pelo BC em março, com números de janeiro. A ideia é mostrar a proporção de juros cobrados pelas instituições no rotativo do cartão de crédito (e no parcelado) em relação ao valor original da dívida contraída pelos clientes. A expectativa é que as análises se tornem mais substanciais com o passar dos meses.

Para cada instituição financeira, o indicador considera uma estratificação em percentis 25, 50, 75 e 99, uma forma de ordenar a posição das dívidas de acordo com o tamanho dos juros já aplicados. É como se fosse criada uma fila.

No percentil 25, os juros de 25% das operações de cada banco são iguais ou menores que a taxa indicada. No outro extremo, no percentil 99, os encargos de 99% das transações de cada instituição são iguais ou inferiores ao percentual informado. Ou seja, é como se o 99º pagasse a maior taxa da base em análise.

O indicador é calculado a partir da divisão do montante de juros e encargos que foram acumulados desde o dia da contratação da dívida original até o dia de referência da publicação, ou seja, o último dia de cada mês.

Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o novo dado serve para verificar o cumprimento da lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro do ano passado e regulamentada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em dezembro.

"Esse indicador não é uma taxa de juros ao ano ou ao mês. Ele é uma relação entre esses juros acumulados e a dívida, não importa quando a dívida foi contratada", disse. "Não é propriamente um indicador para dizer se a taxa de juros subiu ou desceu de janeiro para fevereiro", acrescentou.

Conforme a norma em vigor desde o início do ano, no caso de atingimento de juros equivalentes a 100% da dívida original —teto previsto em lei—, o valor permanecerá inalterado nos meses seguintes.

"Olhando o percentil 99, o comportamento que eu espero é que esses percentuais cresçam mês a mês. A gente está na segunda divulgação, então, eles crescem na terceira, na quarta, na quinta [divulgação] e depois disso vão bater no teto. [...] Não necessariamente esse teto vai ser 100% exato, pode ser que fique um pouco abaixo", disse Rocha.

Entre as sete instituições que registraram montantes mais elevados em fevereiro, estão o banco CSF (salto de 24,14% em janeiro para 28,33%), a Realize CFI (22,66% ante 17,06% um mês antes) e o Banco do Brasil (21,51% contra 20,56% no primeiro mês do ano).

Bancos como Caixa Econômica Federal, Itaú e C6 apresentaram estabilidade. Já as duas instituições que tiveram redução do montante de juros acumulado dentro do percentil 99 são o banco BMG —queda de 28,77% para 18,99%— e a Portoseg S.A. CFI, que pertence ao grupo Porto Seguro —baixa de 21,09% para 20,78%.

JUROS ACUMULADOS SOBRE O VALOR ORIGINAL DA DÍVIDA

Instituição Data Percentil 25 Percentil 50 Percentil 75 Percentil 99
BANCO BMG S.A. jan.24 12,65% 12,90% 13,35% 28,77%
fev.24 5,07% 8,68% 12,70% 18,99%
BANCO BRADESCARD jan.24 4,00% 5,00% 11,50% 18,00%
fev.24 2,39% 4,28% 11,66% 19,18%
BANCO BRADESCO S.A. jan.24 4,00% 5,00% 11,53% 18,00%
. fev.24 4,07% 5,16% 11,50% 18,24%
BANCO BV S.A. jan.24 3,44% 6,42% 13,17% 24,97%
fev.24 3,84% 6,89% 12,65% 24,97%
BANCO C6 S.A. jan.24 2,77% 3,97% 8,76% 23,60%
fev.24 2,84% 4,07% 8,25% 23,60%
BANCO CSF S.A. jan.24 3,67% 6,27% 12,05% 24,14%
fev.24 4,52% 7,76% 15,31% 28,33%
BANCO PAN jan.24 1,40% 4,30% 12,70% 22,70%
fev.24 1,40% 5,10% 15,80% 22,70%
BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. jan.24 4,56% 9,82% 17,24% 20,50%
. fev.24 4,39% 8,91% 16,77% 20,51%
BCO DO BRASIL S.A. jan.24 0,17% 2,49% 9,50% 20,56%
fev.24 1,49% 1,86% 8,48% 21,51%
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL jan.24 3,34% 6,63% 11,84% 17,86%
fev.24 3,24% 6,56% 11,80% 17,86%
ITAÚ UNIBANCO S.A. jan.24 4,27% 8,21% 15,15% 21,00%
fev.24 4,18% 7,94% 14,80% 21,00%
LUIZACRED S.A. SCFI jan.24 4,42% 8,79% 16,10% 20,00%
fev.24 4,31% 8,37% 15,89% 20,00%
NU FINANCEIRA S.A. CFI jan.24 2,00% 5,66% 11,18% 14,43%
fev.24 2,69% 6,35% 11,20% 15,25%
PORTOSEG S.A. CFI jan.24 3,49% 8,32% 17,72% 21,09%
fev.24 4,03% 8,21% 17,46% 20,78%
REALIZE CFI S.A. jan.24 16,96% 16,97% 17,06% 17,06%
fev.24 3,77% 7,33% 16,40% 22,66%
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