Alckmin defende biocombustíveis e diz que medida não prejudica Petrobras

Defesa do etanol e outros combustíveis limpos foram feitas a produtores de cana no Cana Summit

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Brasília

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Desenvolvimento, defendeu nesta quarta-feira (10) o projeto de lei aprovado pela Câmara sobre biocombustíveis e arrancou aplausos de uma plateia formada por produtores de cana e dirigentes de entidades do setor, em mais um aceno do governo ao agro no tema.

A fala ocorreu durante o Cana Summit, evento promovido pela Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) no CICB (Centro Internacional de Convenções do Brasil), em Brasília.

Imagem mostra máquinas trabalhando em lavoura de cana-de-açúcar no interior de São Paulo
Máquinas trabalham em lavoura de cana-de-açúcar no interior de São Paulo - Jardiel Carvalho-7.nov.2023/Folhapress

Alckmin defendeu o projeto que passou na Câmara com relatoria do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), e disse que é preciso que o texto seja mantido no Senado.

"Nós temos de trabalhar para manter o texto do relator Arnaldo Jardim no Senado, do combustível do futuro, que prevê o biodiesel, o etanol, SAF [combustível sustentável da aviação], biogás, hidrogênio de baixo carbono e uma das principais rotas é também o etanol. Nós temos uma pauta maravilhosa", afirmou.

A Câmara dos Deputados aprovou, em 13 de março, o projeto de lei sobre biocombustíveis, atendendo a algumas demandas do setor de petróleo e gás, que vinha reclamando da proposta, e com amplo apoio do agronegócio, que deve se beneficiar com o incentivo à produção do biodiesel.

No relatório, o deputado ampliou o poder do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) sobre a definição do percentual de mistura do biodiesel na composição do diesel. Essa era a principal reivindicação do setor petroleiro e um ponto de divergência com a bancada ruralista durante a tramitação.

A Petrobras vai tentar alterar o projeto de lei dos combustíveis do futuro no Senado, por questionar a definição legal de mandatos para o biodiesel (porcentagem da mistura obrigatória) e quer espaço para o diesel renovável que produz em suas refinarias.

O cronograma de aumento da mistura do biodiesel no diesel é questionado pelo setor de petróleo. O texto aprovado prevê aumento de um ponto percentual ao ano na mistura, chegando a 20% em 2030. Mas dá ao CNPE a atribuição de avaliar a viabilidade do aumento. Alckmin afirmou nesta quarta que o projeto tem "um bom texto".

O vice-presidente foi aplaudido pela plateia ao fazer a defesa do projeto, e Arnaldo Jardim foi apontado pelo ministro Carlos Fávaro (Agricultura), também presente no evento, como potencial substituto do deputado Pedro Lupion (PP-PR) na presidência da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) na próxima eleição.

Alckmin lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, criaram uma aliança global pelos biocombustíveis e que a medida é uma agenda "extremamente positiva".

Outros acenos de Alckmin ao agro foram feitos ao afirmar que é preciso ter paridade de preço do etanol com a gasolina. Segundo ele, o percentual de etanol anidro misturado à gasolina subirá de 27,5% para 30%.

"O Brasil vai ser o grande protagonista, preservando a Amazônia, e quem desmata não é agricultor, é grileiro de terra", afirmou.

Sobre a paridade de preços entre o combustível derivado da cana e a gasolina, ele afirmou que estimulou o setor em São Paulo quando foi governador ao reduzir o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) de 25% para 12%, mantendo a alíquota da gasolina em 25%. "Vamos trabalhar para ter uma boa competitividade junto com a gasolina."

Após seu discurso, na saída do auditório do CICB, Alckmin disse em rápida entrevista a jornalistas que defender a aliança global pelos biocombustíveis não significa prejudicar a Petrobras. "Tem espaço para todo mundo", afirmou.

Reportagem da Folha desta quarta mostrou que a pauta dos biocombustíveis se tornou ponto de convergência de interesses entre o agronegócio e o governo Lula, protagonistas de uma relação com mais conflitos que momentos amistosos.

MAIS ETANOL NA GASOLINA

O Cana Summit reúne até esta quinta-feira (11) cerca de 500 participantes, além de 30 palestrantes, para discutir os cenários atuais e futuros da cana-de-açúcar no país.

CEO da Orplana, entidade que reúne produtores que somam 66 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, José Guilherme Nogueira disse que lavouras de cana estão presentes em 57% dos municípios brasileiros e que buscar a paridade dos preços do etanol frente à gasolina é uma das bandeiras da entidade.

Afirmou ainda que o aumento no percentual de etanol na gasolina representará cerca de 2 bilhões de litros do combustível.

O jornalista viajou a convite da Orplana

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