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Ceron diz que Brasil precisa de pacto entre poderes para não haver retrocesso fiscal

Secretário do Tesouro também citou alta do dólar como uma preocupação para inflação

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Fernando Cardoso
São Paulo | Reuters

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta quinta-feira (18) que os recentes desenvolvimentos no cenário cambial e seus possíveis reflexos para a inflação "ligam um alerta para todos os poderes", indicando que um retrocesso na questão dos preços pode penalizar a camada mais pobre da população.

"Acho que essa semana a questão do câmbio e o reflexo que isso pode gerar sobre a inflação liga um alerta para todos os poderes", disse Ceron em entrevista à GloboNews.

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, dá entrevista coletiva para comentar o resultado do Tesouro Nacional de abril - Fotográfo/Agência Brasil

Nesta semana, o dólar teve uma sequência de ganhos expressivos ante o real, atingindo seu maior valor em mais de um ano. Na quarta-feira, a moeda norte-americana se aproximou do patamar de R$ 5,27 na venda, antes de recuar no dia seguinte e fechar em R$ 5,244.

Os avanços do dólar no Brasil têm ocorrido em meio ao ganhos generalizados da moeda norte-americana no exterior, com investidores reagindo à perspectiva de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo e às tensões no Oriente Médio, além de, localmente, às preocupações com as contas públicas.

Ceron apontou que o cenário externo está "muito estressado" no momento e argumentou que qualquer ruído, seja no exterior ou internamente, pode impactar o câmbio e, em consequência, prejudicar as famílias com uma alta da inflação.

Para evitar uma piora na situação econômica, o secretário defendeu que o país siga no caminho de aprovação de "reformas corretas", o que garantirá a sustentabilidade do crescimento com uma inflação baixa.

"Retroceder, é muito difícil de entender a razão para isso. Por que nós vamos colocar em risco com o país algo que estamos conquistando com tantos esforços?", questionou.

Ceron também buscou reafirmar o compromisso da equipe econômica do governo com a recuperação fiscal do país, classificando a postura do Executivo como "inegociável" e pedindo "compactuação entre os Poderes".

Ele afirmou que compreende pedidos "meritórios" por parte da sociedade e do Congresso para investimentos em determinadas áreas, mas ponderou que o governo não tem espaço para renúncia de receitas ou ampliação de gastos públicos na atual situação fiscal.

No início da semana, ao apresentar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, o governo propôs uma meta de superávit primário zero para o próximo ano, em uma redução do esforço fiscal anunciado anteriormente, e diminuiu o ritmo do ajuste das contas públicas para os anos seguintes.

Ceron indicou que as novas metas fiscais ainda apontam para um "processo desafiador" de ajustes das contas, mas admitiu que o ruído gerado pela alteração dos objetivos trouxe dúvidas sobre o compromisso fiscal do governo.

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