Criação de empregos nos EUA supera expectativas em março, apesar dos juros altos

Taxa de desemprego mostrada pelo relatório payroll caiu, apesar da política monetária de aperto do Fed

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Lucia Mutikani
Washington | Reuters

Os empregadores dos Estados Unidos contrataram muito mais trabalhadores do que o esperado em março e, ao mesmo tempo, aumentaram os salários, sugerindo que a economia encerrou o primeiro trimestre em terreno sólido e adiando potencialmente os cortes previstos nos juros pelo Federal Reserve este ano.

A economia norte-americana abriu 303.000 vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego nesta sexta-feira.

Os dados de fevereiro foram revisados ligeiramente para baixo, mostrando 270.000 empregos criados em vez de 275.000 informados anteriormente.

Placa de contratação é exibida em uma loja de varejo em Manhattan, em janeiro de 2024, na cidade de Nova York - AFP

Economistas consultados pela Reuters previram abertura de 200.000 vagas, com estimativas variando de 150.000 a 250.000.

A economia dos EUA está superando seus pares globais, apesar dos aumentos de 525 pontos-base nos juros desde março de 2022 para conter a inflação.

Economistas afirmam que a maioria das empresas conseguiu obter custos de empréstimos mais baixos antes do ciclo de aperto monetário do Fed, o que lhes deu algum isolamento das taxas mais altas e permitiu que mantivessem seus funcionários.

Os balanços patrimoniais das famílias estão, em sua maioria, saudáveis, o que ajuda a sustentar os gastos dos consumidores. O mercado de trabalho também se beneficiou de um aumento na imigração no último ano.

O afrouxamento das condições financeiras está impulsionando as contratações em setores sensíveis à taxa de juros, como o de construção, o que deve proporcionar uma base para o crescimento do emprego mesmo com a expectativa de desaceleração.

A medida da Federação Nacional de Empresas Independentes de pequenas empresas que planejam adicionar empregos nos próximos três meses caiu em março para o nível mais baixo desde maio de 2020. Ela é vista como um bom indicador da criação de vagas.

O nível de emprego em setores como saúde, lazer e hospitalidade, bem como nos governos estadual e local, permanece abaixo das tendências pré-pandemia.

A média de ganhos por hora aumentou 0,3% em março, depois de alta de 0,2% no mês anterior, com o fim de algumas distorções relacionadas ao clima. O aumento anual dos salários desacelerou para um patamar ainda alto de 4,1% em março, em comparação com 4,3% em fevereiro. O crescimento dos salários em uma faixa de 3% a 3,5% é considerado consistente com a meta de inflação de 2% do Fed.

A inflação, na maioria das medidas, está acima da meta.

Os mercados financeiros esperam que o Fed comece a afrouxar a política monetária em junho. O chair do Fed, Jerome Powell, no entanto, reiterou na quarta-feira que o banco central não tem pressa para cortar os juros, depois de deixar sua taxa básica na atual faixa de 5,25% a 5,50% no mês passado.

A taxa de desemprego caiu para 3,8% em março, de 3,9% em fevereiro. Ela permanece abaixo de 4% por 26 meses consecutivos, o período mais longo desde o final da década de 1960. A força da abertura de vagas não foi reproduzida na pesquisa domiciliar, menor e volátil, da qual a taxa de desemprego é derivada.

Economistas atribuíram a divergência entre as duas pesquisas a um aumento na oferta de mão de obra por meio da imigração, que ainda não está sendo captada na pesquisa domiciliar.

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