Governador do RJ rejeita proposta de renegociação de dívida de Haddad e diz que irá ao STF

Proposta condiciona redução do passivo a investimento em ensino técnico; Castro quer desconto anterior a gasto

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Rodrigo Viga Gaier
Rio de Janeiro | Reuters

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse nesta quinta-feira (11) que a proposta de renegociação de dívidas estaduais apresentada pelo governo Lula (PT) não atende a interesses do seu estado e que vai contestar no Supremo Tribunal Federal (STF) os critérios de correção do passivo.

No final do mês passado, o Ministério da Fazenda apresentou a governos estaduais proposta para reduzir os juros das dívidas dos estados com a União, exigindo em contrapartida a criação e ampliação de matrículas em educação profissional técnica.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, durante evento em Magé (RJ) em fevereiro - Eduardo Anizelli - 6.fev.2024/Folhapress

O programa também prevê juros mais baixos para governos regionais que amortizarem antecipadamente parte de seus débitos com o governo federal.

"A proposta de trocar os juros por ciência e tecnologia é muito boa desde que tenha o recurso para investir. Mas quando você não tem o recurso, por mais que se tenha boa intenção, a operacionalidade disse é muito ruim", disse Castro a jornalistas no Fórum Brasileiro de Líderes em Energia.

"Você não consegue investir R$ 5 ou 6 bilhões para tirar da parcela [da dívida], isso não é razoável. Tem que ter uma outra ideia, de primeiro ter o desconto para depois usar o dinheiro [em ciência e tecnologia]", acrescentou.

Ao anunciar a proposta, em março, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo formataria em cerca de 60 dias um projeto de lei sobre o tema, trazendo mudanças nas regras do regime de recuperação voltado a Estados em grave crise financeira.

Castro disse nesta quinta que o caminho do estado deve ser acionar o STF para questionar o estoque da dívida com a União. O Rio alega que já pagou mais de R$ 150 bilhões à União, mas por conta dos parâmetros de reajuste, ainda deve quase R$ 190 bilhões.

"Nossa discussão é sobre o estoque da dívida e a natureza de como ela foi contraída e seus indexadores que catapultaram a dívida a valores impagáveis. Há uma discussão, e ela dificilmente não será através do Supremo Tribunal Federal, até porque entendemos a dificuldade administrativa de reconhecer um erro para trás, isso é muito complexo", disse o governador.

"Enxergamos o Supremo como uma arena da conciliação que o estado do Rio busca ", acrescentou.

O RJ deve ter déficit este ano, e representantes fluminenses alertam que, se não houver uma renegociação do passivo com a União, pode haver comprometimento das finanças do Estado já a partir de 2025, com risco até de atraso nos salários dos servidores.

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