Departamento de Justiça dos EUA afirma que Boeing violou acordo sobre defeito em aviões

Problemas com o modelo 737 Max da empresa levaram a dois acidentes fatais em 2018 e 2019

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Benjamin Mullin
The New York Times

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos determinou na terça-feira (14) que Boeing, companhia aérea estadunidense, estava em violação de um acordo de 2021 relacionado a problemas com o modelo 737 Max da empresa que levaram a dois acidentes fataias em 2018 e 2019.

Em uma carta a um juiz federal, o Departamento disse que Boeing falhou em "projetar, implementar e fazer cumprir" um programa de ética para prevenir e detectar violações das leis de fraude dos EUA nas operações da empresa.

A criação desse programa era uma condição do acordo da Boeing, que também incluía uma multa de US$ 2,5 bilhões.

Departamento de Justiça dos Estados Unidos determinou que Boeing violou acordo relacionado a problemas com o modelo 737 Max da empresa que levaram a dois acidentes fatais em 2018 e 2019.
Departamento de Justiça dos Estados Unidos determinou que Boeing violou acordo relacionado a problemas com o modelo 737 Max da empresa que levaram a dois acidentes fatais em 2018 e 2019. - Patrick T. Fallon/AFP

Já a determinação do Departamento de Justiça pode ser usado para uma possível acusação de 2021, com pretexto em que Boeing conspirava fraudar a Administração Federal de Aviação dos EUA, embora a empresa possa contestar a decisão desta terça-feira.

Em comunicado, a Boeing disse que acreditava ter cumprido termos do acordo, acrescentando que estava ansiosa pela oportunidade de responder.

"Enquanto o fazemos, vamos interagir com o departamento com a máxima transparência, como fizemos durante todo o período do acordo", disse Boeing em comunicado.

O Departamento de Justiça se recusou a comentar. Paul Cassell, advogado representando as famílias de vítimas dos acidentes, afirma que seus clientes planejavam se reunir com o governo estadunidense em 31 de maio para discutir os próximos passos no caso.

Quando o governo chegou em acordo com a Boeing em janeiro de 2021, muitas famílias das vítimas dos acidentes disseram que administração do então presidente Donald Trump havia sido muito brando com fabricante de aeronaves.

"Este é um primeiro passo positivo e, para as famílias, há muito tempo esperado", disse Cassell. "Mas precisamos ver mais ações do Departamento de Justiça para responsabilizar a Boeing."

Os acidentes dos aviões 737 Max 8 na Indonésia e Etiópia mataram 346 pessoas, levando o órgão responsável pela administração da aviação no país a proibir toda a frota 737 Max.

Uma investigação descobriu que ambos os acidentes envolveram a ativação equivocada de um sistema de manobra projetado para ajudar a evitar perda de sustentação em voo.

Em outro acordo, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos afirmou que Boeing havia oferecido garantias enganosas sobre a segurança dos 737 Max em declarações públicas após ambos os acidentes. Segundo a Comissão, a empresa sabia que sistema de manobra representava um problema contínuo de segurança.

O Departamento de Justiça chegou a sua conclusão em momento tumultuado para a companhia, que enfrentou intenso escrutínio regulatório desde que um painel de porta explodiu de um avião 737 Max 9 durante um voo da Alaska Airlines de Portland para o Oregon, em janeiro.

Em março, a empresa disse que Dave Calhoun, seu CEO, deixaria o cargo no final do ano, juntamente com Stan Deal, chefe da divisão que fabrica aviões para companhias aéreas e outros clientes comerciais.

Calhoun substituiu Dennis Muilenburg, que liderou a empresa durante acidentes de 2018 e 2019. A Boeing demitiu Muilenburg, cujo desempenho durante a crise irritou os legisladores e alienou as famílias das vítimas.

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