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EUA abrem processo antitruste contra produtora Live Nation, dona da Ticketmaster

Ação alega que grupo usou dominância para explorar fãs e artistas e 'sufocar concorrência'

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Leah Nylen Kartikay Mehrotra Chris Strohm
Bloomberg

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou a Live Nation Entertainment, controladora da Ticketmaster, de operar um monopólio que "sufoca sua concorrência" na indústria do entretenimento ao vivo, em uma ação antitruste histórica que busca a divisão da empresa.

A queixa foi apresentada nesta quinta-feira (23) pela procuradoria, que contou com a participação de um grupo bipartidário de procuradores-gerais estaduais e distritais.

A ação alega que a Live Nation Entertainment domina ilegalmente o mercado de venda de ingressos e promoção de shows, usando "conduta excludente" para exercer uma influência desproporcional sobre a maioria dos locais de shows ao vivo nos EUA.

O Departamento de Justiça descreveu como a empresa supostamente ganhou um controle sobre o ecossistema do entretenimento ao vivo, desde como os artistas são pagos até quais apresentações são realizadas em todo os EUA.

Como resultado, "os fãs pagam mais em taxas, os artistas têm menos oportunidades de fazer shows, organizadores menores são excluídos e os locais têm menos opções reais para serviços de venda de ingressos", disse Merrick Garland, procurador-geral dos EUA, nesta quinta.

"É hora de dividir a Live Nation-Ticketmaster."

A empresa foi criada em 2010 pela fusão da Live Nation e da Ticketmaster. Desde então, a insatisfação cresceu entre fãs, concorrentes, artistas e legisladores dos EUA, que a acusaram de abusar de seu poder de mercado ao cobrar taxas exorbitantes e retaliar locais que escolhem trabalhar com concorrentes.

Essa frustração foi exacerbada após um fiasco durante a venda de ingressos para a turnê de Taylor Swift em 2022, quando o site da Ticketmaster foi sobrecarregado pela enorme demanda.

Em uma coletiva de imprensa pontuada por referências musicais, Garland disse que a ação judicial foi apresentada em nome de fãs, artistas, promotores independentes, locais de eventos e o público.

"O povo americano está pronto para isso", disse ele, em referência a uma letra do álbum "Reputation" de Swift.

A ação destaca o que a empresa descreve como um modelo de negócios "flywheel", no qual as receitas de patrocínios e taxas de shows dos fãs são usadas para "travar" artistas em acordos exclusivos de promoção.

O Departamento de Justiça acrescentou que o grupo também adquiriu concorrentes na tentativa de sufocar a concorrência.

Jonathan Kanter, chefe da unidade antitruste da promotoria, descreveu nesta quinta o que chamou de "temida taxa da Ticketmaster: o aparentemente interminável conjunto de taxas ironicamente chamadas de 'taxa de serviço' ou 'taxa de conveniência', quando na verdade não são".

Como resultado do "monopólio ilegal" da empresa, ele disse que "a indústria da música ao vivo dos EUA está quebrada".

Dan Wall, vice-presidente executivo de assuntos corporativos e regulatórios da Live Nation Entertainment, rebateu as alegações do Departamento de Justiça, dizendo que era "absurdo afirmar que a Live Nation e a Ticketmaster estão exercendo poder de monopólio".

Ele disse que a ação judicial "ignora tudo o que é realmente responsável pelos preços mais altos dos ingressos, desde o aumento dos custos de produção até a popularidade dos artistas, até a revenda online de ingressos 24 horas por dia, 7 dias por semana, que revela a disposição do público de pagar muito mais do que o custo primário dos ingressos".

Wall acrescentou que "todos os anos, a concorrência na indústria leva a Live Nation a obter taxas menores tanto na promoção de shows quanto na venda de ingressos".

Segundo o órgão, a Live Nation gerencia diretamente mais de 400 artistas musicais e possui ou controla mais de 60 das 100 principais anfiteatros nos EUA.

Através da Ticketmaster, o grupo controla cerca de 80% da venda de ingressos dos principais locais de shows, disseram os promotores.

A ação é a mais recente disputa antitruste bancada pelo governo Joe Biden, que tornou a competição um componente-chave de sua política econômica, movendo processos contra empresas como Google e Amazon.

Na ocasião da fusão, em 2010, o Departamento de Justiça sob o presidente Barack Obama analisou a transação e permitiu que avançasse com a condição de que a empresa não retaliasse locais de shows que optassem por não usar o Ticketmaster.

Sob o governo do presidente Donald Trump, o Departamento de Justiça descobriu que a Live Nation violou repetidamente essa promessa e firmou um acordo com a empresa em 2019 para impor um monitor externo para investigar mais alegações.

O Departamento de Justiça de Biden já apresentou dois casos antitruste contra o Google e em março processou a Apple por supostamente impedir a inovação em seu iPhone.

Fred Rosen, ex-CEO da Ticketmaster antes de sua venda para a Live Nation, disse que acredita que a luta contra a empresa pouco faz para resolver o problema que está tentando combater: ingressos caros.

"Mesmo que dividam a Live Nation, nada vai mudar nas políticas da Ticketmaster. A empresa se sustentaria em todos os níveis", disse ele.

Com The New York Times

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