Biden coloca 1 milhão de barris de gasolina no mercado para baixar preço

Presidente dos EUA quer evitar alta antes do feriado de 4 de julho; medida, porém, prejudica o combate à crise climática

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Zach Montague
Washington (Estados Unidos) | The New York Times

O governo de Joe Biden anunciou na terça-feira (21) que venderá 1 milhão de barris de gasolina nas próximas semanas de uma reserva estratégica no Nordeste dos Estados Unidos, uma medida que, segundo ele, foi projetada para manter os preços da gasolina sob controle para os consumidores antes do feriado de 4 de julho.

O estímulo ao consumo de combustíveis fósseis, porém, vai de encontro a políticas do próprio governo americano para incentivar a transição energética e reduzir as emissões de gás carbônico. Especialistas recomendam inclusive que se eleve a tributação sobre gasolina e diesel como forma de reduzir o consumo e a poluição.

A venda do estoque de propriedade do governo foi determinada pelo Congresso no projeto de lei de gastos aprovado em março e culminará no fechamento da reserva, que tem instalações na área do Porto de Nova York e no Maine. A gasolina será alocada em quantidades de 100.000 barris, que serão vendidos por meio de um processo de licitação competitivo, e foi "estruturada para maximizar seu impacto nos preços da gasolina" ao programá-la entre o Memorial Day e o Dia da Independência, disse o anúncio do Departamento de Energia.

Uma placa exibe os preços da gasolina em um posto de gasolina em em Chicago, Illinois, nesta quarta (22). O presidente Joe Biden disse que liberará 1 milhão de barris de gasolina da reserva estratégica para ajudar a reduzir os preços antes do feriado de 4 de julho e da temporada de verão.
Uma placa exibe os preços da gasolina em um posto de gasolina em em Chicago, Illinois, nesta quarta (22). O presidente Joe Biden disse que liberará 1 milhão de barris de gasolina da reserva estratégica para ajudar a reduzir os preços antes do feriado de 4 de julho e da temporada de verão. - SCOTT OLSON / Getty Images / AFP

"A administração Biden-Harris está focada em reduzir os preços na bomba para as famílias americanas, especialmente à medida que os motoristas pegam a estrada para a temporada de verão", disse Jennifer Granholm, secretária de energia, no comunicado.

Em termos práticos, a medida é improvável de ter um impacto significativo nos preços da gasolina, pois mesmo 1 milhão de barris equivale apenas a uma fração do total de gasolina usada nos Estados Unidos, ou mesmo no Nordeste, em um único dia.

No ano passado, os Estados Unidos consumiram cerca de 9 milhões de barris de gasolina por dia em média, de acordo com a Administração de Informação de Energia, uma divisão do Departamento de Energia. As regiões do Nordeste e do Atlântico Médio responderam por cerca de 2,5 milhões de barris, de acordo com uma análise da ClearView Energy Partners, uma empresa de pesquisa com sede em Washington.

O presidente Joe Biden, sem ser solicitado pelo Congresso, recorreu às reservas de energia no passado com o objetivo de reduzir os preços na bomba.

Pouco depois da invasão da Rússia à Ucrânia em 2022, a Casa Branca divulgou um plano para retirar da Reserva Estratégica de Petróleo, autorizando a venda de mais de 100 milhões de barris de petróleo na tentativa de estabilizar os preços da gasolina. O Departamento de Energia tem reabastecido lentamente a reserva este ano, embora tenha cancelado uma compra planejada de 3 milhões de barris no mês passado depois que os preços subiram.

"Isso se baseia em outras ações do presidente Biden para reduzir os custos de gasolina e energia - incluindo liberações históricas da Reserva Estratégica de Petróleo e o maior investimento em energia limpa já feito", disse Karine Jean-Pierre, secretária de imprensa da Casa Branca, em um comunicado.

A reserva de gasolina na Nova Inglaterra foi estabelecida após escassez de energia causada pelo furacão Sandy em outubro de 2012. Mas a vida útil limitada da gasolina e outros fatores têm limitado o valor prático da reserva.

A demanda por gasolina tende a atingir o pico no verão, quando as pessoas viajam mais e percorrem maiores distâncias.

Os preços da gasolina têm se moderado nas últimas semanas, em grande parte devido a uma recente queda nos preços do petróleo, caindo para uma média de cerca de US$ 3,60 por galão na terça-feira, de US$ 3,67 por galão um mês antes, de acordo com dados da AAA.

Os preços caíram em grande parte porque os analistas acreditam que a demanda global por petróleo será mais fraca este ano do que o esperado anteriormente. Além disso, os temores dos traders de que a guerra na Faixa de Gaza levaria a uma grande interrupção no fornecimento de petróleo do Oriente Médio diminuíram.

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