Dois dos principais bancos da Europa interromperam a oferta de títulos para o setor de petróleo e gás, evitando um tipo de financiamento do qual as grandes empresas de combustíveis fósseis têm se tornado cada vez mais dependentes.
O BNP Paribas e Crédit Agricole, o segundo e terceiro maiores bancos da Europa em ativos, informaram aos acionistas que não submeterão mais emissões de títulos para o setor, a menos que incluam restrições verdes, esclarecendo suas políticas existentes.
O HSBC, o maior banco europeu, também concordou neste ano em começar a divulgar sua pegada de carbono ligada a tais emissões, mas ainda não aplicou esse tipo de restrição climática a acordos de dívida de uso geral.
A pressão sobre os bancos para tornar suas carteiras de empréstimos e subscrições mais sensíveis ao clima é particularmente alta na França.
Altos executivos, incluindo os CEOs da BNP e do Crédit Agricole, têm comparecido a audiências realizadas pelo Senado de Paris sobre as atividades do grupo de petróleo e gás TotalEnergies, incluindo seu impacto climático.
Os bancos globais no geral reduziram o financiamento para projetos de petróleo, gás e carvão desde que se comprometeram na COP26 em Glasgow, em 2021, a limitar os empréstimos para a expansão de combustíveis fósseis.
Mas eles têm sido lentos em estender suas políticas para outras atividades principais, como empréstimos de uso geral para empresas de petróleo e gás, ou a subscrição e facilitação de acordos de títulos
Em janeiro, o Crédit Agricole participou de um acordo de títulos de 1 bilhão de euros para a empresa italiana de petróleo e gás Eni.
"Esse tipo de acordo de títulos não poderá acontecer no futuro como consequência de nossa estratégia", disse o banco ao Financial Times na quinta-feira (24).
Os dois bancos franceses estão entre os credores globais que submeteram mais de US$ 270 bilhões em títulos corporativos para empresas de combustíveis fósseis no ano passado, quase US$ 30 bilhões a mais do que no ano anterior, de acordo com análises de grupos coordenados pela Rainforest Action Network.
O financiamento para essas empresas caiu no geral no mesmo período. As decisões sobre os acordos de títulos trazem a promessa de um "sinal de uma mudança real", disse Lucie Pinson, diretora do grupo de campanha francês Reclaim Finance.
O Crédit Agricole disse que não participa mais de "emissões de títulos não direcionadas" que não respeitam seu quadro para emissões destinadas a projetos verdes.
Na semana passada, o BNP Paribas disse em um comunicado preparado antes de sua própria assembleia anual que não participará de acordos de títulos "convencionais" para o setor de petróleo e gás.
O BNP disse que "reserva" a capacidade "de atuar a serviço do financiamento da transição energética".
As políticas de ambos os bancos deixam aberta a possibilidade de títulos que levantam dinheiro para projetos verdes, bem como acordos com emissores que fazem parte da cadeia de suprimentos de combustíveis fósseis sem produzir petróleo e gás por si mesmos.
As medidas ocorrem à medida que os bancos no mundo inteiro começaram a divulgar informações pela primeira vez sobre a pegada de carbono de seus acordos de mercado de capitais. Esta era uma área que os investidores anteriormente viam como um ponto cego climático.
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