Santana tem distritos no topo dos rankings de comercialização

Com metrô, áreas verdes e o melhor café coado de SP, bairro ostenta imóveis de até R$ 18 milhões

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Paulo Vieira
São Paulo

Moradores da zona norte são orgulhosos dos rincões e quebradas que habitam. De todos os seus bairros, é provável que Santana —destaque na comercialização de apartamentos novos na região segundo o Secovi-SP— seja o bairro-ônibus, aquele cujas fronteiras parecem ilimitadas, absorvendo no imaginário do paulistano cada vez mais subdistritos. Mais ou menos como fazem a Lapa, na zona oeste, e a Vila Mariana, na sul.

É fácil entender o motivo. Com o sétimo melhor IDH das regiões da cidade (quinto no quesito educação), conectado pelo metrô da Linha 1, tem áreas verdes, comércio variado e acesso a uma das maiores florestas urbanas do mundo, a da Cantareira. E é objeto de interesse cada vez maior de uma população afluente.

Espigões no entorno do Mirante de Santana
Espigões no entorno do Mirante de Santana - Rubens Cavallari/Folhapress

O cenário tende a melhorar com o vindouro parque municipal do Campo do Marte, em área que foi objeto de disputa da prefeitura com o governo federal por seis décadas.

A avenida Braz Leme, um dos acessos ao terminal aéreo e cuja ilha central é local para atividades esportivas, vem recebendo lançamentos imobiliários sofisticados, como o Mawe Luxury, projeto autoral com apartamentos de até 530 m². Uma unidade de 250 m², com quatro vagas de garagem, está anunciada em site por mais de R$ 18 milhões.

Santanenses de quatro costados podem chiar. Dirão que o Mawe está num pedaço da avenida muito mais Casa Verde do que Santana, ignorando o magnetismo próprio do bairro.

Magnetismo que se vê ao norte, no Jardim São Paulo, região sob verticalização feroz, a ponto de colocar em risco as medições do quase centenário observatório climático do Mirante de Santana, construído no ponto mais alto do bairro, a 792 metros de altitude.

Construtora especializada na região, a FAO Building ergue edifícios no entorno do Mirante, como o Piazza San Giacomo, com 23 andares e estilo neoclássico, moda nos Jardins quatro décadas atrás. A Eztec, que tem projetos por toda a cidade, possui 13 produtos na Zona Norte, alguns em Santana-raiz e outros na Santana, digamos, hipertrofiada.

Em meados de abril a construtora lançou o Villares Parada Inglesa, a 200 metros da estação de metrô Parada Inglesa, ainda mais a norte.

Foi o melhor resultado da empresa na "ZN", considerando-se a velocidade de vendas, segundo Tellio Totaro Jr., superintendente-executivo de incorporação da Eztec. Em cinco dias, foram comercializadas 220 das 370 unidades existentes.

Para Tellio, uma característica notável dos moradores da região é a fidelidade a seus bairros de origem, algo que ele confirmou em pesquisas feitas pela Eztec.

"Fidelidade não apenas por querer seguir morando no bairro, mas para fins de investimento. Há um carinho especial, algo que talvez a gente só veja em lugares como a Mooca", disse, fazendo questão de afirmar, como "disclosure", que ele é morador da Mooca, ou, melhor dito, mooquense.

Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), o valor do metro quadrado dos apartamentos novos de Santana cresceu 19,06% na comparação entre os períodos de março de 2022 a fevereiro de 2024 e março de 2020 a fevereiro de 2022.

No ranking de "demanda imobiliária" da Loft, que compila a venda de apartamentos usados e contempla os dois primeiros meses de 2024, o Jardim São Paulo é o grande destaque da ZN, com crescimento de 47% em relação ao mesmo período de 2023.

O bairro é ainda o quinto da cidade em crescimento de venda de apês "maiores", ou seja, acima de 140 metros quadrados de área total.

A corretora Marly Riguera, da Mirantte, imobiliária especializada na região, vê fluxo de famílias interessadas em produtos com varanda gourmet e área de lazer de clube; e ainda movimento de solteiros em busca de "compactos sem vaga de garagem, pela proximidade com o metrô".

Marly explica que as mudanças recentes do plano diretor "ampliaram o coeficiente construtivo e incentivaram a verticalização na região". "Com isso, os antigos casarões deram lugar aos edifícios."

O paradoxal apelo publicitário do mercado imobiliário, que promete um certo bucolismo que a própria dinâmica do setor transforma e solapa, serve ao menos para realçar alguns orgulhos das regiões em que as construtoras fincam seus espigões.

Na agora vitaminada Santana, vale chamar para si a padaria Florestal, nas franjas do Horto, que vem se destacando na competição Padocaria.

A Florestal levou o prêmio de melhor café da cidade —café coado, old school mesmo— na edição de 2023. Não deve demorar para o cafezinho figurar nos folders dos lançamentos imobiliários da região.

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