Descrição de chapéu Financial Times

Ações da Nike despencam 20% após alerta sobre demanda mais fraca

Empresa diz tomar medidas agressivas para reorganizar estoques após trimestre mais fraco do que o esperado

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Sara Germano Jaren Kerr
Nova York | Financial Times

As ações da Nike desabaram 20% nesta sexta-feira (28) depois que a empresa, a maior fabricante de artigos esportivos do mundo em receita, alertou que suas vendas cairiam neste ano, afetando todo o setor.

A Nike disse na quinta-feira (27) que as receitas trimestrais foram mais fracas do que o esperado, e reduziu suas perspectivas para o restante do ano. A empresa projeta que sua receita vai cair cerca de 5% em meio a uma desaceleração na demanda.

A queda no faturamento segue uma reestruturação iniciada pela atual administração em dezembro, quando as ações também sofreram uma forte queda após um alerta sobre uma demanda menor.

Loja da Nike em Nova York - Shannon Stapleton - 17.jun.2024/Reuters

A notícia provocou quedas menores nas ações de varejistas, desde a JD Sports, listada em Londres, até grupos de artigos esportivos dos EUA, como Foot Locker e Under Armour.

A perspectiva de queda nas receitas também minou a confiança entre os analistas de Wall Street, com um deles se perguntando se a era de ouro empresa já passou.

"A Nike se tornou superexposta a tendências de moda de nível intermediário que estão sendo interrompidas por marcas mais premium, como Hoka, On, Lululemon e outras iniciantes que estão atraindo os consumidores", escreveu John Kernan, diretor da TD Cowen, em nota aos clientes.

"O conceito de oferecer tudo para todos os tipos de consumidores no setor está efetivamente encerrado e a administração da Nike precisa mudar de direção", acrescentou.

Matthew Friend, CFO da Nike, disse aos analistas em conferência na quinta-feira que "uma recuperação dessa escala leva tempo" e que a empresa está tomando medidas "agressivas" para reorganizar o estoque nas lojas físicas e digitais da marca após ver uma desaceleração na demanda por produtos de lifestyle.

As receitas da Nike com vendas diretas caíram 8% no trimestre encerrado em maio para US$ 5,1 bilhões, enquanto as receitas totais afundaram 2%, para US$ 12,6 bilhões.

A Nike passou a maior parte do ano executando uma mudança de estratégia e um plano de corte de gastos de US$ 2 bilhões articulado em dezembro. Uma reorganização anterior, iniciada antes da pandemia de Covid-19, focava em vendas diretas ao consumidor e vendas digitais.

John Donahoe, CEO da Nike, disse aos analistas que "a parte de redução do quadro de funcionários ficou para trás. Agora, essas equipes estão focadas em impulsionar a inovação e execução para o consumidor".

Friend, CFO da Nike, disse que a empresa agora está buscando recuperar participação de mercado e expandir "o mercado como um todo" em vez de focar em "um canal específico".

Jim Duffy, diretor do banco de investimento Stifel, escreveu que a "credibilidade da administração da Nike está severamente desafiada e o potencial de mudança de regime no alto escalão adiciona mais incerteza".

A Nike também relatou quedas na região da Grande China, onde o tráfego em lojas físicas caiu "dois dígitos" em comparação com o ano anterior, e tendências "irregulares" na Europa, Oriente Médio e África.

A empresa disse que espera que a receita caia 10% no trimestre atual e que a receita no ano fiscal de 2025 —que começou neste mês— caia na casa de 5%.

As receitas da Nike ficaram ligeiramente abaixo das expectativas do último trimestre, já que as vendas da marca Converse caíram 18%, mas os lucros da empresa de US$ 0,99 por ação superaram as previsões dos analistas em quase 20%.

Em relação ao ano anterior, as vendas caíram 1,7%, enquanto o lucro líquido aumentou 45%.

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