Cafeteria chinesa que comprará R$ 2 bi em grãos do Brasil bateu Starbucks com digitalização de lojas

Na Luckin Coffee, que tem mais de 16 mil lojas no país asiático, pedidos só podem ser feitos por celular

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Shenzhen (China)

Não tente entrar em uma das lojas da maior rede de cafeterias da China e pedir uma bebida presencialmente. Você irá fracassar.

A Luckin Coffee, que anunciou a compra de R$ 2,5 bilhões em café do Brasil na quarta-feira (5), é radicalmente digitalizada.

Pedidos podem ser feitos só por celular, no aplicativo da empresa ou nos chamados super apps chineses (WeChat e Alipay). Você consegue até solicitar para que o pagamento seja em dinheiro ou cartão na hora de pegar a bebida, opções incomuns. A maioria dos clientes efetua a transação no aplicativo antes de o café chegar.

A imagem mostra o interior de um shopping, onde se destaca a fachada de uma loja da Luckin Coffee. A arquitetura do local apresenta linhas curvas e um ambiente espaçoso, com um corrimão circular no primeiro plano e várias lojas ao fundo.
Luckin Coffee, cafeteria chinesa que pedidos só podem ser feitos online, anunciou a compra de R$ 2,5 bilhões em café do Brasil na quarta-feira (5) - Edgar Su/Reuters

O produto oferecido pela marca chinesa é bem semelhante ao do Starbucks, com operação no Brasil e que inaugurou sua primeira loja em Pequim há 25 anos. Além das opções clássicas de café, há versões geladas, misturadas com bebidas adocicadas e uma variedade de complementos.

Com lojas menores que a rival americana, menos funcionários, em razão da digitalização dos pedidos, a cafeteria chinesa vence no preço. Um café com leite custa 19 yuans (R$ 14). No Starbucks, sai por 31 yuans (R$ 22).

"Nosso foco seguirá no preço e na expansão da rede para manter o crescimento e nosso domínio no mercado", afirmou Jinyi Guo, CEO da empresa após apresentar os dados de 2023, quando teve R$ 3,5 bilhões de receita, crescimento de 87% em relação ao ano anterior.

Criada em 2017, a Luckin Coffee superou a americana Starbucks em número de lojas na China. São 16 mil, mais que o dobro da concorrente.

Em crescimento, a empresa anunciou a compra de aproximadamente 120 mil toneladas de café brasileiro, o que corresponde a US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), segundo o governo federal.

O perfil agressivo da Luckin gerou percalços ao longo do caminho. Em 2019, a marca realizou em IPO em Nova York. Um ano depois, uma investigação da SEC (U.S. Securities and Exchange Commission), agência federal dos EUA que regulamenta os mercados financeiros, apontou fraude nos dados do grupo chinês.

A Luckin demitiu seu CEO na época e teve que pagar uma multa de US$ 180 milhões (cerca de R$ 900 milhões). Mesmo assim, o grupo conseguiu se reerguer e escapar da falência. Contou com o crescimento do consumo do café na China, onde o chá ainda é a bebida mais popular.

A nação asiática mais que decuplicou seu consumo nos últimos 20 anos, segundo dados fornecidos pela Organização Internacional do Café ao blog Café na Prensa, da Folha.

Em 2002, a China consumiu 231 mil sacas de 60 kg de café. Em 2022, passou para 2,8 milhões. Os valores ainda são pequenos se comparados com mercados como Estados Unidos (27,7 milhões), maior consumidor mundial, e Alemanha (9,1 milhões), maior comprador da Europa.

O Brasil tenta surfar nesse crescimento. Em Pequim, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o país mais do que triplicou suas exportações de café para a China, de US$ 80 milhões (R$ 422,4 milhões) em 2022 para US$ 280 milhões (R$ 1,47 bilhão).

O jornalista viajou a convite do Ministério do Comércio da China

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