Eletronuclear rescinde contrato com consórcio que visava retomada de Angra 3

Estatal alega descumprimento de cláusulas; obra foi inciada nos anos 1980 e já foi paralisada e reiniciada diversas vezes

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Rodrigo Viga Gaier
Rio de Janeiro | Reuters

A Eletronuclear rescindiu de forma unilateral o contrato com o Consórcio Ferreira Guedes - Matricial - Adtranz, que tinha como objetivo reiniciar a construção da usina nuclear Angra 3, alegando o descumprimento de cláusulas, segundo comunicado enviado pela estatal nesta segunda-feira (17).

O contrato foi firmado em fevereiro de 2022 e previa ainda a realização de obras civis no âmbito do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade.

Segundo a Eletronuclear, o consórcio teria descumprido "reiteradamente" cláusulas que abordam ordem de execução e cronograma.

Vista geral das obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro - Divulgação/Eletronuclear

"Além da rescisão, será aplicada uma multa correspondente a 10% do valor do contrato", adicionou a Eletronuclear, no comunicado.

"A decisão, portanto, é consequência de um extenso processo administrativo, que provou a inexecução do projeto contratado e a incapacidade do Consórcio em atingir os níveis de qualidade e exigência para uma obra nuclear."

Procurado, o consórcio não respondeu imediatamente a um pedido de comentários.

Projetada com 1,4 gigawatt (GW) de potência, Angra 3 teve suas obras iniciadas na década de 1980, mas ao longo dos anos elas foram paralisadas e reiniciadas algumas vezes.

A companhia disse anteriormente que o montante investido até agora na usina é de R$ 7,8 bilhões, sendo que 67% da obra civil já foi realizada. Para concluir o empreendimento, serão necessários mais cerca de R$ 20 bilhões.

"A Eletronuclear preza pela excelência em cada trabalho realizado, valor essencial em um projeto desta magnitude, e continua firme no objetivo de concluir as obras de Angra 3", disse a companhia nesta segunda-feira.

Atualmente, a Eletronuclear aguarda a finalização de estudos independentes, em curso pelo BNDES, para avaliar a plausibilidade técnica, econômica e jurídica do projeto. "Após esta etapa, a empresa espera que as obras civis deslanchem", adicionou.

Tais estudos serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ficarão responsáveis por definir a outorga e aprovar a tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3.

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