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Oferta de ações bem-sucedida da Saudi Aramco pode criar modelo para vendas futuras

Após turbulências e reviravoltas, a principal petroleira do mundo fecha acordo com banqueiros de Wall Street

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Matthew Martin Dinesh Nair Julia Fioretti Nicolas Parasie
Bloomberg

Após o chefe da maior petroleira do mundo viajar pelo mundo no início de junho para atrair interesse de investidores em uma das maiores vendas de ações dos últimos anos, ele já pode respirar aliviado.

Cinco anos depois de a listagem de US$ 29,4 bilhões (R$ 159,4 bilhões) da Aramco ter sido marcada por turbulências e reviravoltas que a deixaram quase inteiramente dependente de investidores locais, Amin Nasser e um grupo com os maiores banqueiros de Wall Street finalmente fecharam o acordo internacional que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MBS, sempre quis.

Uma grande parte da venda de ações deste mês, de US$ 11,2 bilhões (R$ 60,7 bilhões), foi alocada a investidores estrangeiros, levando uma pessoa envolvida no processo a descrevê-la como a oferta que o IPO deveria ser.

Seu sucesso poderia criar um modelo para futuras vendas da Aramco, que agora parecem prováveis à medida que o príncipe herdeiro busca fundos para ajudar a financiar seu projeto de transformação econômica Vision 2030 de trilhões de dólares.

A imagem mostra um letreiro da Saudi Aramco, a companhia nacional de petróleo da Arábia Saudita. O letreiro apresenta o logotipo da empresa e o nome "Saudi Aramco" tanto em inglês quanto em árabe. Ao fundo, é possível ver parte de uma estrutura industrial, provavelmente relacionada às operações de extração e processamento de petróleo da empresa. A estrutura metálica em destaque sugere a complexidade e a escala das operações da Saudi Aramco
O logo da Aramco é visto nas instalações de petróleo em Abqaiq, Arábia Saudita. - Maxim Shemetov 12.out.19/REUTERS

"Estamos vendo uma tentativa de ‘todas as opções acima’ para levantar capital de investimento para os gigaprojetos do Vision 2030", disse Jim Krane, pesquisador do Baker Institute for Public Policy, da Rice University, em Houston. "Como os fluxos de IED (Investimentos Estrangeiros Diretos) esperados não se materializaram totalmente, o governo saudita recorreu ao seu fiel e testado suporte: a Aramco."

Esse relato sobre a venda de ações, que a Bloomberg News divulgou pela primeira vez em janeiro, é baseado em entrevistas com dezenas de pessoas diretamente envolvidas na oferta, que pediram para não serem identificadas. Representantes da Aramco e do governo saudita não responderam aos pedidos de comentários.

DOIS ANOS ATRÁS

Em 2019, a oferta pública inicial da Aramco foi marcada por confrontos acirrados entre bancos de investimento e autoridades sauditas, que ficaram furiosas com o fato de o IPO ter alcançado um "valuation" de US$ 1,7 trilhão (R$ 9,22 trilhões), muito abaixo dos US$ 2 trilhões (R$ 10,8 trilhões) que esperavam na época.

A venda de ações deste ano correu muito mais tranquilamente. Na verdade, a oferta está em andamento há anos e os banqueiros conseguiram trabalhar juntos de forma mais coesa, permitindo que a transação avançasse nos últimos meses, mesmo com a guerra no Oriente Médio, levando a oscilações no preço do petróleo em resposta.

"O aumento do interesse de investidores estrangeiros é uma prova do sucesso da Arábia Saudita até agora em manter a guerra em Gaza e suas repercussões regionais à distância", disse Torbjorn Soltvedt, diretor associado de risco político na consultoria Verisk Maplecroft.

Pouco depois de finalizado o processo de IPO, Nasser ordenou que equipes internas se preparassem para uma oferta secundária, sabendo que o reino provavelmente gostaria de vender uma fatia maior na Aramco. Ele queria que a Aramco estivesse pronta para vender mais ações sempre que o governo pedisse.

Há cerca de dois anos, os assessores mais próximos de MBS —incluindo o presidente do conselho da Aramco, Yasir Al Rumayyan— começaram a realizar reuniões secretas com banqueiros, investidores e consultores para avaliar quando poderiam vender mais da gigante do petróleo, há muito considerada uma das joias da coroa do reino.

Os bancos acabaram por apresentar ao comitê do governo uma variedade de opções —incluindo que o fundo soberano, que Al Rumayyan também administra, vendesse parte de sua participação na Aramco. Outra proposta foi uma venda direta para outros investidores. No final, um comitê incluindo Al Rumayyan, o ministro das Finanças, Mohammed Al Jadaan, e o ministro da Economia e Planejamento, Faisal Al Ibrahim, decidiu que o governo deveria reduzir sua fatia.

No final do ano passado, o comitê deu sinal verde para a transação. Agora, era apenas uma questão de tempo.

No total, a oferta atraiu cerca de US$ 65 bilhões (R$ 352 bilhões) em ordens e quase 60% das ações foram destinadas a investidores estrangeiros. O número está muito longe dos 23% alocados a investidores estrangeiros no IPO de 2019, dando a MBS a venda internacional que ele sempre quis.

A demanda externa foi o aspecto mais interessante da venda de ações, disse David Rundell, ex-diplomata americano com décadas de experiência no Oriente Médio.

"Isso é um voto de confiança para MBS", afirmou.

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