Descrição de chapéu Sabesp

Privatização da Sabesp deve ser concluída em 22 de julho; veja as próximas etapas

Anúncio, que marca a reta final do processo, ocorre com divulgação do prospecto e início da primeira fase do follow-on

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São Paulo

O Governo de São Paulo pretende concluir a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de SP) em 22 de julho, data marcada para a liquidação das ações da empresa.

O anúncio do cronograma final da desestatização da companhia foi feito nesta sexta-feira (21), junto da divulgação do prospecto, documento que contém as principais informações sobre a transação.

As informações foram divulgadas pela secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natalia Resende, e pelo secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, em entrevista a jornalistas no Palácio dos Bandeirantes.

Na prática, esta divulgação autoriza que os grupos interessados em se tornar acionista de referência da Sabesp —uma espécie de sócio estratégico do governo— apresentem suas propostas para comprar as ações negociadas pelo Executivo estadual.

Segundo comunicado divulgado nesta sexta, os candidatos a acionista de referência devem apresentar suas ofertas até a próxima sexta-feira (28). Após a conclusão dessa etapa, os investidores do mercado —incluindo pessoas físicas e jurídicas, brasileiras e estrangeiras— poderão indicar interesse em participar do leilão de ações, num processo que definirá a escolha do sócio vencedor.

Estação de tratamento de água da Sabesp, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, estatal que pode ser privatizada
Estação de tratamento de água da Sabesp, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo - Gabriel Cabral/Gabriel Cabral-26.jul.2019/Folhapress

A precificação final da oferta será divulgada em 18 de julho, conforme cronograma do governo estadual.

Neste fim de semana, aliás, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) começa viagem para Europa e Estados Unidos com o objetivo de apresentar a Sabesp para investidores estrangeiros, processo chamado de "roadshow". Depois, a divulgação continuará pelo Brasil, até o dia 12 de julho.

VEJA O PASSO A PASSO DO PROCESSO

O objetivo da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) é vender parte das ações para que o estado fique com uma fatia de no mínimo 18% do total das ações, saindo do controle da companhia.

O acionista de referência deverá adquirir, sozinho, 15% dos papéis e terá direito a um terço do conselho de administração. O mercado faz parte do bloco que ficará com 17% das ações. A soma de todas essas porcentagens totaliza os 50,3% que pertencem ao Governo de São Paulo hoje.

A divulgação do prospecto é o primeiro estágio na negociação pelas ações. Os finalistas a sócio estratégico serão divulgados também no dia 28. Segundo a agência Bloomberg, os grupos Aegea e Equatorial são os que estão no páreo para virar sócio estratégico na Sabesp. O empresário Nelson Tanure também estaria avaliando entrar na oferta, apesar de não ser visto no mercado como nome forte na disputa.

Os candidatos a acionista de referência vão indicar qual valor por ação estão dispostos a pagar para arrematar os 15% da Sabesp —respeitando o mínimo por ação que o Governo de SP definiu nesta quinta (20), mas não divulgou o valor.

Após a coleta de propostas, o governo selecionará as duas maiores ofertas recebidas e iniciará o bookbuilding, processo em que os investidores do mercado indicam a quantidade de ações que desejam adquirir. Essa será a segunda fase do follow-on, como é chamada a oferta pública de ações. O modelo em duas etapas escolhido por Tarcísio é inédito.

Na prática, os investidores terão dois "books" (livros) para registrar seus interesses de compra e escolher de qual querem adquirir as ações: se do livro do concorrente A ou se do livro do concorrente B. Cada livro terá o valor por ação ofertado pelo candidato a acionista de referência, mas os investidores também poderão sugerir o valor das ações que querem comprar no book de preferência.

De acordo com o governo, haverá também a possibilidade de sinalizar interesse nos dois livros, ainda que a compra só aconteça de fato após a definição de qual acionista de referência venceu a disputa.

Segundo Vitor Sousa, analista de saneamento da Genial Investimentos, como as ofertas dos concorrentes devem ser muito parecidas e similares ao preço atual das ações da Sabesp na B3 (R$ 75), é improvável que os investidores escolham o livro apenas pelo valor da ação. "A tendência é que as ofertas sejam muito similares, porque vai ser um processo bastante concorrido. Então o investidor vai olhar para o melhor acionista de referência e não para a ação com o menor valor", diz.

Essa foi a forma que o Governo de SP encontrou para que o acionista de referência da Sabesp fosse também aceito pelo mercado.

Para definir qual concorrente se tornará acionista de referência, o governo fará uma média ponderada entre o valor da ação ofertado por cada concorrente e o volume de ofertas que os investidores registraram.

Em tese, o concorrente que tiver o livro com maior preço ponderado será o vencedor da disputa. No entanto, o Governo de SP definiu nesta quinta uma condição conhecida pelo nome em inglês "right to match" (algo como "direito de igualar a proposta").

Ou seja, caso o livro que obtiver a maior média ponderada seja do concorrente com menor valor de oferta, este concorrente poderá cobrir a oferta do outro concorrente caso queira virar o acionista de referência da empresa.

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