CEOs das maiores empresas abertas ganham até R$ 68 milhões por ano; veja lista

Média de remuneração anual dos presidentes das companhias do Ibovespa é de R$ 15,3 milhões, segundo levantamento

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São Paulo

Os presidentes das 83 empresas de capital aberto que integram hoje o Ibovespa –o índice das ações mais negociadas da Bolsa, que reúne as companhias mais importantes do mercado de capitais brasileiro– ganham em média R$ 15,3 milhões ao ano cada um.

Mas existem CEOs que podem receber mais do que quatro vezes essa média, conforme levantamento feito com exclusividade para a Folha pelo consultor em governança corporativa Renato Chaves, com base nas informações que constam nos formulários de referência enviados pelas próprias companhias todos os anos à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que indicam a remuneração anual dos executivos.

Segundo a pesquisa, os CEOs mais bem pagos do Ibovespa pertencem ao Itaú Unibanco (R$ 67,7 milhões de remuneração anual); Hapvida (R$ 67,4 milhões); JBS (R$ 58,1 milhões); Vale (R$ 52,6 milhões); e Prio (ex-Petrorio, R$ 40,6 milhões).

Completam o ranking dos 10 CEOs com a maior remuneração entre as empresas do Ibovespa os dirigentes da Localiza (R$ 38,5 milhões), Cosan (R$ 38,2 milhões), B3 (R$ 37,6 milhões), Suzano (R$ 37,5 milhões) e Natura&Co (R$ 33,5 milhões).


Pela legislação das companhias abertas, as empresas precisam enviar à CVM quais os três patamares de remuneração pagos à diretoria (o maior, o menor e o médio). Devem fornecer as mesmas informações em relação à remuneração do conselho.

"Não é aberto o CPF do detentor de cada salário, a legislação não exige isso", diz Chaves, mestre em contabilidade. "Mas é de praxe que, na estrutura organizacional de uma empresa, a maior remuneração seja a do líder: no caso da diretoria, é a do CEO e, no conselho, a do chairman, o presidente do conselho de administração."

Os CEOs de companhias abertas mais bem pagos do país

Levantamento do consultor Renato Chaves considerou o ganho anual dos executivos que comandam empresas listadas no Ibovespa

  1. Milton Maluhy Filho

    Itaú Unibanco

  2. Jorge Fontoura Pinheiro Koren de Lima

    Hapvida

  3. Gilberto Tomazoni

    JBS

  4. Eduardo Bartolomeo

    Vale

  5. Roberto Monteiro

    Prio

  6. Bruno Lasansky

    Localiza

  7. Nelson Gomes

    Cosan

  8. Gilson Finkelsztain

    B3

  9. Walter Schalka

    Suzano

  10. Fábio Barbosa

    Natura&Co.

Cinco dos CEOs com a maior remuneração entre as empresas do Ibovespa também dirigem companhias que apresentam as maiores disparidades salariais do índice. São elas JBS (o maior salário da empresa é 1.100 vezes superior ao da média salarial do grupo no Brasil); Localiza (559 vezes); Vale (515 vezes); Hapvida (494,4); e Suzano (471). Essas proporções são muito superiores às da média do Ibovespa, onde a relação entre o maior salário e a média paga à equipe está em 184,5 vezes.

Quando se trata de remuneração do alto escalão, são considerados salário fixo, salário variável (bônus e participação nos lucros), plano de ações (stock options) e benefícios pagos no ano. "Em alguns casos, a empresa paga também o 'pós-emprego', uma espécie de quarentena antecipada para que o executivo não vá para a concorrência", diz Renato Chaves.

Um homem está sentado em uma cadeira branca, vestindo uma camisa polo laranja e calça preta. Ele está fazendo um gesto de positivo com a mão direita. O fundo é composto por luzes coloridas em tons de azul e rosa, com um painel que exibe o texto 'web summit'.
CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho. - MAURO PIMENTEL/AFP

Já quando se trata de presidente do conselho de administração, os mais bem remunerados são da Raízen (R$ 57,4 milhões); Rede D'Or (R$ 37,2 milhões); Hapvida (R$ 29,2 milhões); Itaú Unibanco (R$ 18,5 milhões); e Pão de Açúcar (R$ 16,8 milhões). Entre as companhias que integram o Ibovespa, o chairman ganha, em média, R$ 4,4 milhões.

No caso da Rede D'Or, porém, a Folha apurou que o maior salário pertence na verdade a um dos conselheiros, que ganha mais que o chairman e o próprio CEO da companhia.

No geral, o CEO ganha bem mais que o chairman. Considerando as médias das empresas do Ibovespa apontadas na pesquisa, mais do que o triplo: R$ 15,3 milhões do CEO versus R$ 4,4 milhões do presidente do conselho. Mas existem exceções.

Nos casos de BTG, Iguatemi, Renner, MRV, Pão de Açúcar, Raízen e WEG, o chairman tem uma remuneração maior que a do presidente executivo da companhia, diz Chaves. "É algo incomum."

Os bancos estão no topo do ranking das empresas com as diretorias (CEOs e diretores) mais bem remuneradas. São os casos de Bradesco (R$ 732,3 milhões), Itaú Unibanco (R$ 553,9 milhões) e Santander Brasil (R$ 387,2 milhões). Completam o "top 5" a Vale (R$ 168,9 milhões) e a B3 (R$ 118,9 milhões). Na média do Ibovespa, cada diretoria ganha R$ 58,3 milhões ao ano.

Já quanto ao conselho de administração (chairman e conselheiros), os mais bem remunerados pertencem à Raízen (R$ 75,6 milhões), Itaú Unibanco (R$ 69,5 milhões), Hapvida (R$ 67,1 milhões), Bradesco (R$ 60,8 milhões), e Rede D'Or (R$ 40 milhões). Os conselhos das empresas listadas no Ibovespa ganham, em média, R$ 11,4 milhões ao ano.

É preciso ressaltar, porém, que no Ibovespa estão empresas de diferentes portes, que, por consequência, oferecem patamares distintos de remuneração.

O Itaú Unibanco, por exemplo, o maior banco privado do país, faturou só com receitas de serviços e seguros R$ 51,2 bilhões no ano passado. Já a varejista de produtos para animais de estimação Petz registrou receita líquida de R$ 3,1 bilhões em 2023.

Por isso, segundo Renato Chaves, a razão entre a maior remuneração paga pela companhia e a média que os seus colabores recebem é um importante indicador de governança corporativa, ao apontar o quanto a empresa está preocupada com uma gestão igualitária, capaz de remunerar suas equipes de maneira justa.

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