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Gilson Finkelsztain

O futuro do agro e o papel da Bolsa

Empresas que estão no índice Iagro têm valor de mercado de R$ 625 bilhões

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Gilson Finkelsztain

CEO da B3

Nos últimos anos, o avanço do mercado de capitais colocou o Brasil em um novo patamar. Em 20 anos, a captação de recursos feita por empresas brasileiras no ambiente de Bolsa chega próxima a R$ 1 trilhão, o que resulta em novos projetos, emprego e renda em setores vitais da economia.

O agronegócio, motor principal do PIB (Produto Interno Bruto), também tem se destacado na B3. Atualmente, as 31 companhias listadas presentes no Iagro (índice que acompanha o desempenho das instituições ligadas ao agro) têm valor de mercado de R$ 625 bilhões.

Com uma produção que abastece mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, o Brasil é um dos poucos países com capacidade de expandir o cultivo para suprir a demanda global por alimentos. Essa condição privilegiada é fruto de décadas de aprimoramento da capacidade produtiva, impulsionada por novas tecnologias e abertura de novos mercados.

Um homem está despejando grãos de uma máquina de colheita em um recipiente. Ele usa uma camiseta preta e um boné. Ao fundo, há um campo verde sob um céu parcialmente nublado.
Colheita de soja em fazenda de Goiás - Sergio Lima/AFP

Para chegarmos até esse ponto, as fontes tradicionais de financiamento têm sido extremamente relevantes. Exemplo disso é o crédito público destinado aos produtores rurais, sintetizado no recém-anunciado Plano Safra 2024/2025 no montante de R$ 400 bilhões. No entanto, é possível ir muito além. Não se trata apenas de financiamento, mas também de gestão de riscos e governança, elementos que elevam a produtividade e o protagonismo do agronegócio brasileiro no cenário global.

A B3 —que pelo sétimo ano seguido foi correalizadora do Congresso Brasileiro do Agronegócio— está em uma posição privilegiada para impulsionar essa transformação. Duas tendências recentes são particularmente promissoras.

Primeiro, a mudança na relação dos brasileiros com as finanças, que resultou em alta exponencial do número de investidores em renda variável: de menos de 1 milhão em 2018 para cerca de 5 milhões atualmente.

Segundo, a proliferação e a popularização de alternativas de investimento destinadas a financiar o agro. Hoje, há na B3 mais de 2,5 milhões de investidores em produtos ligados ao agro, com um volume que ultrapassa R$ 592 bilhões —mais que todo o Plano Safra.


Para os produtores rurais, essas novas fontes de recursos significam oportunidades de investimento e crescimento de seus negócios. Para os investidores, o setor agro oferece um potencial de retorno atraente e resiliência, mesmo em cenários econômicos adversos.

O mercado de capitais está ampliando seu portfólio de alternativas para atrair o agronegócio.

Surgiram mecanismos de governança, como o registro de instrumentos de crédito, a exemplo das CPRs (Cédulas de Produto Rural), e na distribuição de títulos, com destaque para LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), CDCAs (Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio) e Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais).

Essas intersecções propiciam fontes alternativas de crédito e financiamento, ao mesmo tempo em que oferecem segurança e transparência aos investidores.

Ajudam a mapear o volume e a concentração das operações pelo país e o nível de endividamento de cada produtor. Na ponta final, traduz-se em mais facilidade de análise de crédito e redução de custos.

Além disso, com a crescente profissionalização da cadeia produtiva, a necessidade de gerenciar riscos se torna cada vez mais evidente. Opções e contratos futuros oferecem aos produtores e empresários uma ferramenta essencial para se protegerem durante a safra, especialmente nos mercados de milho, café, soja, boi gordo e etanol.

Todos esses instrumentos também desempenham um papel crucial na promoção das práticas ASG (ambiental, social e governança), que estão se tornando cada vez mais integradas aos negócios e fazem parte da agenda positiva de todo o setor agro no Brasil.

Isso se manifesta de várias formas, como nos índices específicos de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) e Carbono Eficiente (ICO2 B3), além do registro de títulos alinhados à sustentabilidade, como a CPR Verde.

Os agentes do agro podem contar com o mercado de capitais como um parceiro estratégico, que caminha lado a lado enfrentando os desafios presentes na agenda do crescimento. Nosso objetivo é aproximar a Bolsa do campo, ajudando esse ecossistema a impulsionar seus negócios e, ao mesmo tempo, recompensando os investidores. Esse desenvolvimento está intrinsecamente ligado ao crescimento do país, e potencializá-lo faz parte do nosso propósito.

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