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A carteira de investimentos dos candidatos, Ackman contra Moraes e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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A carteira de investimentos dos candidatos

Os principais candidatos à prefeitura de São Paulo, maior cidade do país, têm uma coisa em comum: eles preferem investimentos conservadores.

↳ São principalmente imóveis, outros ativos imobiliários, renda fixa tradicional e previdência privada na carteira.

↳ Para especialistas ouvidos pela Folha, os candidatos se destacam positivamente pela diversificação do patrimônio, regra de ouro ao se investir.

Sim, mas… Falta um pouco mais de exposição a investimentos de risco, que tendem a oferecer retornos mais altos.

O maior… A carteira de investimentos do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), 37, é uma exceção entre o perfil de menos risco que domina. Ele é o mais rico na corrida pela prefeitura de São Paulo.

Na declaração do TSE, a maior parte do capital de Marçal se localiza em aplicações financeiras, não detalhadas, que somam R$ 62,6 milhões.

Outros R$ 19,2 milhões estão em LIG (Letra Imobiliária Garantida), instrumento que se assemelha à LCI (Letra de Crédito Imobiliário), mas sem a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e oferecido a investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão).

Um dos analistas de investimentos ouvidos afirma que a carteira de investimentos de Pablo Marçal é "atípica". Há um alerta, porém, para a falta de um plano de previdência.

  • "Ele tem uma carteira mais agressiva, com um perfil bem longe da maioria, que é mais imediatista. Ele é novo e pode correr risco."

As empresas representam outra boa parte do patrimônio declarado por ele, somando outros R$ 80,9 milhões. O influencer tem ainda R$ 5 milhões em imóveis e R$ 706 mil em fundos de Venture Capital, que investem em startups. A modalidade é considerada arriscada, mas de alto potencial de retorno no longo prazo.

↳ Reportagem da Folha, porém, localizou empreendimentos, imóveis e aeronaves em nome do influencer Marçal e de suas pessoas jurídicas que não constam na declaração à Justiça Eleitoral. No total, essa modalidade representa sozinha um patrimônio maior, de até R$ 168 milhões.

↳ O autodenominado ex-coach costuma usar a própria riqueza como chamariz para atrair alunos para seus cursos, em que chega a cobrar até R$ 250 mil.

… e o menor. Com R$ 199,6 mil declarados, Guilherme Boulos (PSOL), 42, tem o patrimônio mais baixo entre os candidatos. A maior parte, 86%, diz respeito à sua casa no bairro Campo Limpo, na qual o político detém 50%.

O seu carro Celta corresponde a 8%. O restante, R$ 11,9 mil, está aplicado em um CDB (certificado de depósito bancário). Na conta-corrente, tem R$ 816.

Segundo os analistas, a estratégia de investimento do candidato está correta, dado o seu nível baixo de capital.

O CDB, neste caso, é uma reserva de emergência que acompanha a taxa Selic (atualmente a 10,5% ao ano) e pode ser acessada a qualquer momento.


Entenda: parte dos investimentos é considerada de pouco risco por alguns motivos. Na renda fixa, eles são "contratados" com regras bem definidas. Em muitos casos, o valor exato pode ser calculado, desde que a modalidade seja do tipo pré-fixada, ou pelo menos estimado.

Os imóveis são outro exemplo de baixíssimo risco porque têm um mercado estável que pouco se altera com as oscilações de curto prazo no mercado.

Já dentre os ativos de risco, até estão alguns tipos de renda fixa, principalmente as debêntures, LCIs e LCAs, mas eles reúnem principalmente a renda variável.

Ela inclui: ações nas Bolsas de Valores, câmbio e principalmente o venture capital de Pablo Marçal.

Tanto as ações quanto as moedas têm seu valor calculado a todo tempo no mercado à vista das Bolsas de Valores. As ações tentam estimar um valor justo para aquele "pedaço" do capital da empresa, considerando o cenário do momento.

Os mais ricos, em ordem de valor do patrimônio:

  • Pablo Marçal, com R$ 169 milhões;
  • Datena, com R$ 38 milhões;
  • Marina Helena, com R$ 9,7 milhões;
  • Ricardo Nunes, com R$ 4,8 milhões;
  • Tabata Amaral, com R$ 807 mil;
  • Guilherme Boulos, com R$ 199,5 mil.

Metodologia. O levantamento considerou os candidatos com as maiores intenções de voto, segundo o último Datafolha: Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB); Ricardo Nunes (MDB), Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo). Os dados são públicos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Não foi possível incluir Tabata Amaral (PSB) porque a deputada não especificou em sua declaração quais investimentos possui. Tabata apenas revelou que tem R$ 799 mil investidos e R$ 8.508 em conta.

A corrida eleitoral. Marçal foi o principal alvo dos demais candidatos no debate promovido por Gazeta e MyNews neste domingo (1º). Ele teve embates diretos com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB). Mesmo quando não estava na condição de perguntar ou responder, o candidato foi assunto –Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) também o miraram.

Datena chegou a levar uma advertência por deixar seu púlpito e ir em direção a Marçal quando o influenciador o provocou. Nesse bate-boca, Marçal havia dito que Datena era "playboy" e "multimilionário".

↳ A confusão continuou após o debate com empurra-empurra e xingamentos entre as equipes.

↳ As intenções de voto na capital paulista mostram um empate técnico entre Marçal, Boulos e Nunes (MDB). Cada um com cerca de 20%.


Bill Ackman contra Moraes

O megainvestidor norte-americano Bill Ackman criticou a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil, afirmando que a medida pode prejudicar o ambiente de negócios no país. Ackman, que é investidor minoritário na empresa, comparou a situação com ações semelhantes na China que resultaram em fuga de recursos.

  • "A suspensão ilegal do X e o congelamento das contas da Starlink colocam o Brasil em um rápido caminho de se tornar um mercado impossível de investir," escreveu Ackman em sua conta no X, no sábado (31).
  • Devido ao bloqueio, a publicação foi enviada à repórter Julia Moura por Fernanda Perrin, correspondente da Folha em Washington.

Quem é. Conhecido por suas opiniões controversas e apoio a Donald Trump, Ackman ganhou destaque no mercado financeiro com investimentos de risco, acumulando uma fortuna entre US$ 2,5 bilhões (R$ 14 bilhões) e US$ 4 bilhões(R$ 22,4 bilhões).

↳ Ele é fundador da Pershing Square, que administra US$ 18 bilhões (R$ 100,98 bilhões) em ativos.

↳ Os principais investimentos da gestora são:

  • Hilton, rede de hotéis;
  • Chipotle Mexican Grill, rede de restaurantes;
  • Restaurant Brands International, rede de restaurantes dona do Burger King;
  • Alphabet, holding que controla o Google;
  • Canadian Pacific Railway, empresa de transporte ferroviário.

Impactos financeiros. Desde a aquisição do X por Elon Musk por US$ 44 bilhões (R$ 246,85 bilhões) em 2022, a empresa tem sofrido desvalorização.

O bloqueio no Brasil, um dos maiores mercados da rede, joga contra suas finanças, que dependem de receita publicitária, como destaquei na newsletter de sexta-feira.

↳ O valor teria caído 72% desde então, segundo a agência Bloomberg.

Entenda o caso. A rede social de Elon Musk foi suspensa na sexta-feira (30) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, após a empresa não nomear um representante legal no Brasil. Apesar do bloqueio, alguns usuários ainda acessam a plataforma via VPN.

A rixa entre o bilionário e a Justiça brasileira começou com o caso "Twitter Files Brazil", que revelou e-mails trocados por funcionários do site criticando decisões da Justiça brasileira sobre a propagação de notícias falsas na rede social.

A postagem de Ackman de ontem foi em resposta ao próprio Elon Musk, que escreveu sobre a criação do perfil "Alexandre Files" para divulgar decisões sigilosas do ministro.

Volta ou não? O ministro Alexandre de Moraes convocou a primeira turma do STF (Supremo Tribunal Federal) para analisar nesta segunda-feira (2) sua decisão. O grupo conta com a participação de Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Um ministro ouvido pela Folha disse acreditar que a maioria da corte concorda com a suspensão do X, por isso ela deverá ser confirmada.

A hora do 'Bluesky'. Com o bloqueio do X, usuários brasileiros migraram para plataformas alternativas como Threads, Bluesky e Mastodon.

O Bluesky, fundado pelo mesmo criador do Twitter, registrou 2,07 milhões de postagens na quarta-feira (28), com o português superando o inglês como a língua mais utilizada.

↳ Nos últimos dois dias, 880 mil brasileiros aderiram ao site, elevando o número total de usuários ativos para 7 milhões.


A IA chega ao Tinder, Bumble e Grindr

Os principais aplicativos de relacionamento, como Tinder, Bumble e Grindr, estão testando assistentes de inteligência artificial para ajudar usuários, principalmente da Geração Z, a criar cantadas melhores e fazer os relacionamentos prosperarem.

As ferramentas receberam os apelidos de "wingmen", expressão que se dá a conselheiros amorosos. São projetadas para "quebrar o gelo", editar os perfis e dar feedback sobre as interações.

  • "A IA vai ajudar as pessoas a fazerem melhores conexões," afirmou AJ Balance, diretor de produto do Grindr, em reportagem do Financial Times. Ele comparou o assistente a um amigo no bar que auxilia na paquera, mas no ambiente virtual.

A tendência na indústria surge em resposta à queda no interesse pelos aplicativos de namoro, que afeta especialmente os mais jovens e mulheres. Empresas como Tinder e Bumble estão apostando que um feedback personalizado e conselhos automatizados podem reconquistar as pessoas.

"Trabalho árduo". O aplicativo gay Grindr está desenvolvendo o assistente Grindr Wingman, chatbot que visa combater a falta de assunto numa conversa, gerando sugestões de conversa personalizados e reduzindo o que chamam de "trabalho árduo" da conquista.

A empresa afirma que vê com bons olhos a ideia de um "wingman" de alguém conversando com o "wingman"de outra pessoa.

E o Tinder? Pioneiro nas funções de "deslizar para a direita/esquerda", o aplicativo também introduzir novas atualizações nos próximos 12 meses. Uma das ferramentas em teste é um assistente que seleciona automaticamente as melhores fotos de perfil, semelhante ao que o Bumble está desenvolvendo.

Falando em Bumble... as ações da empresa, avaliada em US$ 830 milhões (R$ 4,66 bilhões), caíram mais de 25% em agosto depois dos executivos reduzirem suas projeções de receita e admitirem que a reformulação da marca não impulsionou o crescimento de usuários. Um terço dos funcionários foram demitidos.

O Match Group, dono do Tinder, que vale US$ 9,6 bilhões (cerca de R$ 53,85 bilhões), também enfrenta pressão para revitalizar o aplicativo, que teve o sétimo trimestre consecutivo de queda no número de assinantes pagantes.

O Hinge, outro app do grupo, continua crescendo e planeja lançar um chatbot que oferece feedback sobre as respostas dos usuários.


De olho na Bolsa

Azul, cujas ações despencaram 29% na última semana

Há espaço para mais quedas nas ações da Azul? Essa é a grande dúvida entre os investidores no pregão de hoje.

↳ Os papéis da empresa desvalorizaram 29,08% na semana passada, fechando a R$ 5,39.

↳ O sentido foi o oposto do registrado pelo índice Ibovespa, que reúne as 83 maiores empresas do mercado brasileiro, com alta de 0,29% na semana.

O motivo: a desconfiança começou após uma reportagem da Bloomberg, na última quinta-feira (29), apontar que a Azul considera uma oferta de ações para levantar capital ou pedir recuperação judicial nos Estados Unidos pelo processo conhecido como "Chapter 11".

Até agora, a Azul foi a única entre as três grandes aéreas brasileiras a evitar a recuperação judicial desde a pandemia, optando por renegociações.

↳ A recente alta do dólar, porém, agrava ainda mais a situação financeira da empresa.

↳ A Latam entrou em recuperação em 2020 e saiu em 2022. A Gol, por sua vez, iniciou seu processo no começo deste ano.

Relembre: a pandemia da covid-19 impactou profundamente o setor aéreo, com a redução drástica na venda de passagens, atingindo companhias em todo o mundo.

O que esperar? Analistas do Goldman Sachs e do Bradesco BBI reforçaram a recomendação de compra das ações da Azul, afirmando que o cenário não é tão negativo quanto parece. O Bradesco prevê as ações com preço de R$ 20, por exemplo.

Eles destacaram as renegociações bem-sucedidas com credores que a empresa tem feito. O socorro do BNDES ao setor também conta.

Genial Investimentos e BTG Pactual preferiram manter uma posição neutra, aguardando os próximos movimentos.

Mercado ressabiado. Mesmo após esclarecimento do CEO da Azul, John Rodgerson, no qual garantiu a saúde financeira da empresa e negou a intenção de recorrer ao "Chapter 11", as ações continuaram em queda na sexta-feira.

Rodgerson afirmou que estão sendo feitos ajustes nas finanças.

Reportagens com informações de bastidores apontam uma fusão com a concorrente Gol como opção.

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