Lula critica salários de presidentes da Vale e da Eletrobras

Ex-estatais são alvos frequentes de ataques do governo e aliados

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Itaboraí (RJ)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar Vale e Eletrobras, ex-estatais que se tornaram alvo da terceira gestão do petista, nesta sexta-feira (13). Desta vez, ele questionou os salários pagos aos presidentes das duas companhias.

"O presidente da Eletrobras ganhava R$ 60 mil por mês. Hoje, ganha R$ 360 mil por mês, fora bônus", disse, em inauguração de obra da Petrobras em Itaboraí (RJ). "O CEO da Vale, R$ 55 milhões por ano. Não é R$ 55 mil, não. É R$ 55 milhões".

Ele afirmou que, apesar dos elevados salários, as empresas não dão sua contribuição para o desenvolvimento do país. "Cadê a vontade dessa empresa privatizada? O que é que ela trouxe de verdade e lutou mais?"

Foto mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, homem branco com um uniforme de trabalho laranja, em pé atrás de um púlpito de vidro, gesticulando com a mão levantada. Ao fundo, há uma imagem de uma instalação industrial. Um homem em um terno escuro está ao lado dele, observando
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa durante cerimônia de inauguração do Complexo de Energias Boaventura da Petrobras, antigo Comperj, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro

Segundo levantamento do especialista em governança corporativa Renato Chaves, o presidente da Vale recebeu R$ 52,6 milhões em 2023, valor próximo ao citado pelo presidente. Na Eletrobras, o salário do presidente foi elevado a R$ 300 mil em 2022.

As críticas foram feitas enquanto o presidente elogiava a Petrobras por retomar investimentos paralisados após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Nesta sexta, a empresa inaugurou a primeira obra do empreendimento, uma unidade de tratamento de gás natural. A empresa prevê ainda R$ 13 bilhões para concluir a refinaria do local, cujas obras estão suspensas desde 2015.

Lula e aliados têm criticado Vale e Eletrobras desde o primeiro ano de mandato. No caso da mineradora, reclamam de demora para fechar o acordo para indenização das vítimas da tragédia de Mariana (MG) e querem mais dinheiro para a renovação das concessões ferroviárias da empresa.

O governo tentou intervir na mudança de comando da Vale, que demitiu no início do ano o seu presidente, Eduardo Bartolomeo. Lula tentou emplacar o ex-ministro Guido Mantega, mas a empresa optou pelo seu diretor financeiro, Gustavo Pimenta.

No seu discurso, o presidente admitiu que pediu a Lázaro Brandão, dono do banco Bradesco, a demissão de Roger Agnelli, que presidiu a Vale até 2011 e morreu em 2016. "A gente estava fazendo um esforço imenso para abrir estaleiros no Brasil", contou, "e a Vale comprou três navios na China".

No caso da Eletrobras, o governo briga para ter maior participação na gestão da companhia, privatizada durante o governo Jair Bolsonaro. O caso está sendo mediado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Lula usou os salários dos executivos para criticar também o Banco Central e o mercado financeiro, por alertas contra impactos inflacionários de reajustes no salário mínimo. "O cara ganha R$ 360 mil por mês e não é inflacionário? O outro ganha R$ 55 milhões e não é inflacionário?"

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