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Nvidia perde bilhões em valor na Bolsa americana, híbridos ganham força e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Nvidia e big techs derretem

As ações da fabricante de chips Nvidia despencaram. Na terça-feira (3), a queda foi de 9,5%, maior perda de valor da história em um único dia por uma empresa americana. Nesta quarta (4), elas caíram mais 1%.

↳ A desvalorização somada nesses dois dias beirou os US$ 300 bilhões (R$ 1,7 trilhão), mas ela ainda se mantém como terceira empresa mais valiosa do mundo, atrás apenas de Apple e Microsoft.

↳ Ela vale US$ 2,6 trilhões (R$ 14,67 trilhões).

Por que importa: a Nvidia virou um sucesso na Bolsa americana nos últimos meses, batendo recordes devido ao impulso da inteligência artificial, que impulsiona seu faturamento.

Assim, a queda é uma espécie de ajuste depois de tantas altas.

Também é um indicativo de que os investidores estão mais cautelosos com a tecnologia.

↳ A Nvidia fabrica chips ultravelozes usados pelas criadoras de sistemas de IA, como a OpenAI, por trás do ChatGPT.

↳ Na semana passada, dados financeiros informados pela empresa foram positivos, mas ficaram abaixo do esperado por investidores.

Tem mais quedas… O dia foi negativo para várias ações na Bolsa americana.

Outras gigantes com forte relação com a IA, como Intel (também fabricante de chips), Microsoft e Alphabet, sofrem com a volta de um pessimismo sobre o futuro da economia americana.

↳ A Broadcom, outra fabricante beneficiada pelo boom da IA, foi na mesma direção.

Crise à vista? Os juros nos EUA subiram no último ano para combater a inflação, mas podem estar desacelerando demais a economia.

Dados do mercado indicaram isso ontem. Outros são esperados para esta sexta.

Esse cenário mais fraco previsto daqui para frente fez investidores abandonarem as ações de empresas.

Mesmo que essa fraqueza estimule cortes de juros, não compensariam o impacto de uma recessão.

Ainda assim valorizada. Estimativas apontam que as ações da Nvidia agora estão num preço que indica uma alta do lucro de 34 vezes no futuro.

↳ Em junho, o otimismo era tão alto que bateu mais de 40 vezes.

Por aqui. O cenário no Brasil foi oposto. A Bolsa brasileira subiu em repercussão aos mesmos dados que assustam investidores americanos.

Isso porque o Brasil se beneficiaria um pouco de uma desaceleração leve da economia do país e de um corte de juros mais forte por lá.

O resultado do PIB na véspera ainda ajudou a direcionar os negócios para o Brasil, com apenas oito das 83 empresas do Ibovespa no negativo.

↳ As principais altas foram de Pão de Açúcar, Marfrig e Embraer.

↳ Em um mês, a Bolsa brasileira subiu 8,65%.


Híbridos ganham força

Tudo indica que o futuro é mesmo dos carros híbridos. Anúncios feitos pela GM e Volvo nesta quarta (4) reforçaram a aposta no sucesso dos modelos, em vez dos 100% elétricos.

↳ A General Motors vai iniciar a renovação de seus produtos no Brasil, e os modelos híbridos flex serão destaque. Serão R$ 5,5 bilhões investidos em São Paulo.

↳ A ideia é lançar carros de eletrificação leve, que recebem uma ajuda da bateria nas partidas e arrancadas, reduzindo a queima de combustível.

Mais apelo. A montadora americana considera que, por ser de menor custo, essa tecnologia tem potencial para atender a mais consumidores.

Híbridos com uso mais amplo da bateria são mais caros, assim como os 100% elétricos.

Os valores anunciados fazem parte de um pacote de R$ 7 bilhões, já anunciado em janeiro.

Lá fora. No mercado internacional o movimento que chamou atenção foi o da Volvo. A marca sueca e a Tesla eram praticamente as únicas que defendiam um futuro totalmente elétrico.

Sim, mas… A Volvo abandonou a meta de vender apenas carros elétricos até 2030. Ela alega que precisa fazer o ajuste por uma pressão do mercado e dos consumidores. Ainda assim, é mais otimista com esses modelos do que outras marcas.

Entenda: os consumidores têm reduzido o interesse em carros só elétricos devido às preocupações com a infraestrutura de abastecimento. Este levantamento da Folha mostra os modelos com bateria de mais autonomia.

A maioria deseja ter alguma flexibilidade para escolher o combustível mais conveniente, além de pouca disposição em pagar mais caro.

Com a reação, as montadoras detectaram o movimento e estão direcionando os modelos de carros nessa direção.

No caso do Brasil, a atratividade do etanol como combustível renovável reforça o apelo do modelo.

↳ Montadoras como Toyota, Honda e a gigante Stellantis apostam em lançamentos em breve.

↳ A Folha mostrou que os modelos híbridos flex são boas opções verdes para substituir os carros movidos a combustível fóssil. Veja as emissões.

Conheça os dois principais tipos de carros híbridos:

  • Híbridos tradicionais (HEV): têm bateria e tanque de combustível. A energia elétrica é gerada com a transformação do movimento das freadas, pois não usam tomadas.

    Bateria e combustível se complementam.
  • Híbridos plug-in (PHEV): podem usar só os combustíveis, só a bateria ou ambos. Precisam ser recarregados com tomadas.

Vizinhos, mas não tão próximos

O comércio entre Brasil e Venezuela desabou nos últimos anos. Agora, a instabilidade econômica em meio à crise gerada pelas eleições no país deve enfraquecer ainda mais a relação entre os vizinhos.

Em duas décadas, a Venezuela caiu do 15º maior destino das exportações brasileiras para o 48º lugar. Veja em gráficos nesta reportagem da Folha.

Em 2023, o saldo da balança comercial até foi positivo para o Brasil, com US$ 740 milhões (R$ 4,17 bilhões), mas menor do que em outros períodos.

↳ Os principais itens exportados: açúcar (15%), produtos comestíveis (15%) e milho (9,3%).

Vendedora conta notas de bolívar em mercado de Caracas, na Venezuela - Federico Parra/AFP


O que explica: o sucateamento da indústria de petróleo, com a escassez na produção de combustível, desacelerou a economia venezuelana e impactou a compra de bens essenciais de outros países como alimentos e medicamentos. Muitos vinham do Brasil.

As eleições sem transparência nos últimos anos também levaram a sanções de países como os Estados Unidos, o que só piorou a situação.

  • "O exportador brasileiro passou a exigir pagamento antecipado para evitar calote, mas hoje o país não tem divisas pela queda drástica da produção de petróleo", explica José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

Desabou. A produção de petróleo bruto da Venezuela caiu para 884 mil barris por dia no primeiro semestre de 2024, bem abaixo dos 3 milhões de barris por dia de 1997.

  • Isso reduziu drasticamente os dólares disponíveis por lá e a receita do governo.

A crise no setor petrolífero está diretamente ligada à escassez de investimentos e à fuga de trabalhadores qualificados, além de erros de gestão.

Daqui para frente. Novas sanções impostas desde a vitória sem provas do ditador Nicolás Maduro nas eleições devem esfriar mais a economia venezuelana, principalmente em caso de vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.

Nem a proximidade entre Maduro e o presidente Lula deverá segurar a relação comercial, que já anda fraca.

↳ A ditadura determinou a prisão do opositor Edmundo González nesta semana. O Brasil endureceu o tom.


Startup da semana: UME

A startup: fundada na região norte, com operações iniciadas em Manaus, a fintech oferece alternativas ao parcelamento via cartão de crédito para comerciantes e consumidores.

↳ A forma de pagamento oferecida é o Pix parcelado (entenda melhor abaixo).

↳ São mais de 2.000 varejistas conectados. Em 2023, o crédito oferecido somou R$ 220 milhões.

Em números: foram captados US$ 15 bilhões (R$ 79 bilhões) em rodada Series A (entenda aqui) na última semana para financiar a expansão pelo país, principalmente no Sudeste.

A fintech também iniciou a captação de mais US$ 20 milhões (R$ 112,7 milhões), via FIDCs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios), que servirão de funding para o crédito.

Quem investiu: a rodada Series A foi coordenada pela PayPal Ventures, com participação da Globo Ventures, NFX, Clocktower Ventures, Big Bets, FJ Labs, Endeavor e Norte Ventures.

Já a emissão dos FIDCs foi em parceria com Verde, Wersten Asset, Itaú, Credit Saison e Milênio.

Que problema resolve: permite fazer compras parceladas via Pix a clientes que não têm ou não desejam usar cartões de crédito, aumentando as opções de pagamento.

A modalidade é vista como um facilitador do consumo para clientes de renda baixa e negativados.

↳ O Pix tem recebido novas funções nos últimos anos. Em 2025, o pagamento por aproximação entrará em vigor.

Por que é destaque: a UME usa inteligência artificial para otimizar as estratégias de oferta de crédito a pessoas com menor risco de inadimplência, além da recuperação de dívidas.

A empresa quer popularizar o Pix parcelado para competir com o uso do cartão de crédito no Brasil, reduzindo os custos para comerciantes e consumidores.

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